Na contramão da crise, o consumo de cachaça parece estar aumentando no Brasil. Apesar da Lei Seca (promulgada em 2008) e do crescimento de cerca de 5% dos preços das chamadas bebidas quentes – vodca, cachaça e vinho – devido ao aumento de 30% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o mercado dá sinais de ascensão. Segundo César Rosa, presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) e da IRB Tatuzinho 3 Fazendas (dona da marca Velho Barreiro), o setor tem registrado aumento de 3% ao ano nas vendas da bebida. “Já as cachaças mais caras têm apresentado 7% de crescimento”, afirmou Rosa.

Entre os meses de janeiro e fevereiro, a aguardente Velho Barreiro cresceu (em comparação ao mesmo período de 2008) 10% em vendas. O motivo, de acordo com Rosa, está no trabalho de reposicionamento da marca, que tem sido feito há nove anos, além de ações em PDVs e estrutura da logística da empresa. “Para 2009, a nossa expectativa é de crescer 6% em volume de caixa”, disse. Em 2008, o faturamento da empresa foi de R$ 100 milhões.
Já o Grupo Ypióca disse não ter verificado, até o momento, crescimento de vendas neste início de ano. “Com o aumento do IPI, nosso começo de ano foi bastante atípico. Não caímos, porém, continuamos estáveis em relação a 2008. Com os diversos lançamentos do Carnaval, esperamos que março seja um mês bem mais aquecido”, afirmou Aline Telles, diretora de marketing do Grupo Ypióca.

Segundo a executiva, a empresa fechou 2008 com 12% de crescimento em relação ao ano anterior. E, para 2009, Aline disse que a empresa está em fase de planejamento de campanha nacional para a marca.

Outro fator que justifica a ascensão do mercado de cachaça é, segundo Aline, o forte consumo das classes A e B da bebida. “Isso acelerou a criação de produtos premiuns. As classes mais populares sempre se identificaram com a bebida. Porém, havia certo preconceito de classes mais altas. Atualmente, o cenário é outro”, argumentou Aline.

Desta forma, para esse público, a empresa tem em seu portfólio produtos como Ypióca 160, Ypióca 150 e Cachaça RIO (especialmente concebida para o mercado internacional).
De acordo com Flavio Stadnik, diretor de marketing da Sagatiba, a marca é a primeira do segmento de cachaça premium. Segundo ele, ao ser criada em 2004, o produto revolucionou o mercado de cachaças no Brasil e no mundo com o lançamento da categoria em um setor acostumado a trabalhar com padrões tradicionais.

Apesar de não revelar números – a empresa diz considerá-los estratégicos – o executivo diz que há crescimento do consumo. “Segundo pesquisa elaborada pela Nielsen, a Sagatiba apresentou um aumento de vendas e faturamento muito significativo nos canais de serviços do País. Com o surgimento da crise mundial e, ainda, a Lei Seca, a companhia se superou, ficando em terceiro lugar na Grande São Paulo, quarto lugar no interior de São Paulo e em quinto no Rio de Janeiro”, afirmou Stadnik.

por Juliana Welling