Suarez: repercussão após mordida e problemas com patrocinadores

 

A Copa do Mundo de 2014 sequer chegou às quartas de final e já é um dos maiores eventos de todos os tempos em termos de repercussão. Além dos esperados estádios e Fan Fests lotadas, a audiência digital e a interação com o Mundial da Fifa já vencem marcas históricas. Impulsionado pelo aumento global no interesse por futebol, até os Estados Unidos se renderam ao esporte. Isso é comprovado empiricamente na Copa do Mundo e pelo avanço da tecnologia, que agora permite comentários online de qualquer lugar por meio de um smartphone, a velocidade e volume de dados gerados pela Copa cresceu vertiginosamente.

O Google registrava até a última sexta-feira (27) cerca de 1,2 bilhão de buscas relacionadas à Copa. Segundo o Twitter, foram mais de 300 milhões de tweets comentando a respeito do Mundial nas primeiras duas semanas de competição, um volume duas vezes maior do que o último grande evento esportivo, os Jogos Olímpicos de Londres 2012. O Facebook anunciou ainda na semana passada que a Copa já é o evento mais popular da história, superando também incidentes como o Oscar e o Super Bowl, com engajamento de 141 milhões de usuários e aproximadamente 459 milhões de interações entre likes, comentários, compartilhamentos e postagens.

Até mesmo as redes sociais usadas para marcar encontros românticos tiveram um incremento considerável em seu volume de uso. O Tinder, aplicativo que encontra pares por geolocalização, registrou aumento de 50% durante a primeira fase da Copa, e o Grindr, app voltado ao público gay, também teve incremento de 30% de uso. Essa alta na busca por novos “paqueras” em grandes eventos vem se tornando uma tradição – nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2013, o Tinder registrou crescimento de 400% em Sochi, na Rússia.

Com perfil cada vez mais ativo e veloz nas redes sociais, as marcas – patrocinadoras ou não da Fifa – aproveitam cada instante da Copa do Mundo. Agências e grandes anunciantes já mostraram que ação e mensuração em real time já não são mais problemas com as “War Rooms”, feitas especialmente para o monitoramento e criação instantânea ligadas a um evento em tempo real.

Vampiro

Um dos casos mais polêmicos na semana passada gerou grande repercussão na web: durante o jogo entre Uruguai e Itália, que valia a classificação no Grupo D, o atacante uruguaio Luis Suárez mordeu o zagueiro italiano Giorgio Chiellini em uma disputa de bola. Dois dias depois, a Fifa anunciou punição de nove jogos internacionais e quatro meses de afastamento do futebol para Suárez. A conta chegou também ao bolso do uruguaio, com multa de R$ 271 mil e rejeição imediata de dois de seus patrocinadores. A Adidas anunciou que retirará o atacante de todas as suas campanhas e não deve renovar o contrato com o atleta, enquanto a 888 Poker também deu sinais de rescisão ao afirmar que iria “rever a relação” com o astro, que teve até seu perfil na Wikipedia alterado para “vampiro”.

Enquanto o assunto “bombava” entre os usuários comuns, com até 19 mil tweets por minuto e presença garantida nos trending topics mundiais, bem como enorme repercussão no Facebook e um aumento vertiginoso no número de buscas por termos relacionados ao caso – foram mais de 20 mil buscas só na última sexta-feira (27), as marcas também tiraram sua casquinha. Como uma dentada remete imediatamente ao ato de comer, as empresas de alimentos foram as que mais aproveitaram: McDonald’s, Cinnamon Toast, Snickers, Barilla e Bud Light fizeram brincadeiras a respeito, e a febre atingiu até a MLB (Major League Baseball) e a casa de apostas Paddy Power (inclusive um norueguês ganhou 175 vezes o que investiu ao apostar que o avante morderia alguém no Mundial).

Técnicos

Conta o velho ditado que o Brasil tem 190 milhões de técnicos. E de acordo com o volume de pitacos, mensagens de apoio e outras postagens nas redes sociais, esse número está mais do que comprovado – e ultrapassa as fronteiras geográficas do país, tanto por ser sede do Mundial 2014 quanto por ter uma seleção extremamente popular globalmente.

Na primeira fase, o Brasil enfrentou Croácia (3 a 1), México (0 a 0) e Camarões (4 a 1) para se classificar no Grupo A. De acordo com o Twitter, a partida mais movimentada de toda a Copa foi contra a Croácia, logo na estreia, com 12,2 milhões de tweets destinados a comentar a partida. O lance de Marcelo, que fez um gol contra ainda no 1º tempo, foi disparado o mais mencionado, com 378 mil tweets por minuto. O gol salvador de Neymar veio em seguida, com 280 mil tweets/minuto. No Facebook, a estreia brasileira também foi arrebatadora: foram 58 milhões de “comentaristas” globais (16 milhões no Brasil) e 140 milhões de interações mencionando o jogo – e uma em cada três pessoas ativas no momento falava a respeito da partida. Outra curiosidade é o perfil demográfico dos usuários – a maioria é mulher, entrando em contrassenso com um perfil tradicionalmente masculino dos “boleiros”.

Mais um recorde

No último final de semana, a Copa do Mundo voltou a bater recordes sociais e amplificar ainda mais a sua repercussão. O jogo entre Brasil e Chile, válido pelas oitavas de final, superou as marcas individuais de todas as partidas anteriores do Mundial.

De acordo com o Facebook, o duelo movimentou aproximadamente 31 milhões de pessoas, sendo 11 milhões de brasileiros, com um total de 75 milhões de interações. A rede social divulgou que o momento mais interativo foi justamente o último pênalti, desperdiçado pelo chileno Gonzalo Jara.

Segundo o Twitter, a partida gerou 16,4 milhões de tweets, com pico de 388,9 mil tweets por minuto, também no momento onde o Brasil finalmente consagrou a classificação para as quartas de final. Este pico foi o maior de todos os tempos no Twitter, superando até o SuperBowl (381,6 mil tweets por minuto). O jogo ainda emplacou diversos termos nos trending topics, tais como “#EuAcredito”, “C’mon BRA” e “Obg Deus”.