Aconteceu na manhã desta segunda-feira (2), em São Paulo, um encontro entre empresários e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Promovido pela CorporaBR, o evento tem como objetivo discutir as perspectivas do Brasil para os próximos 10 anos. A mesa principal de discussões foi formada pelos sócios da CorporaBR – Luiz Lara, Dalton Pastore e José Victor Oliva –, juntamente com Mantega, Francisco Mesquita Neto (Grupo Estado), Antônio Jorge Kropf (Amil), Guilherme Loureiro (Walmart) e Rubens Neto (Cosan).
O ministro Mantega iniciou sua apresentação dizendo que não tem costume de fazer projeções sobre o futuro, mas, apresentou dados do governo e de estudos internacionais com perspectivas positivas para os próximos dez anos da economia brasileira. Ele revelou que o aumento do PIB do terceiro trimestre de 2013 é de 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado. O anúncio oficial sobre o aumento do PIB será feito nesta terça (3).
Mantega afirmou que a alta mostra que o Brasil “está saindo do fundo do poço” que foi 2012, quando o PIB nacional cresceu somente 0,9%. Mantega comparou o país a outras economias mundiais para dizer que ele não destoa do cenário global, que é de baixo crescimento. Números do FMI (Fundo Monetário Internacional) citados por ele apontam que o PIB do México deve ter alta de apenas 1,2% em 2013 e o da Rússia pode subir 1,5%, enquanto a projeção para a Zona do Euro como um todo é de retração de 0,4%.
A economia com desempenho melhor neste ano é a China, cuja evolução estimada é de 7,6%. Ainda assim, a elevação é metade do verificado em 2007, quando ela cresceu 14,2%. Na próxima década, o governo estima que o PIB brasileiro suba a uma média de 4% ao ano. “De 2,5% para 4% não é grande salto, é modesto, mas é um crescimento possível”, assinalou o ministro.
As “forças dinâmicas de crescimento” serão a correção de gargalos na infraestrutura (o Ministério da Fazenda estima investimento de R$ 1 trilhão de esferas pública e privada em projetos de estrutura nos próximos anos), a aposta em setores considerados estratégicos, como petróleo e gás, e investimento em capital humano. “Ficamos muito atrás na preparação de talentos durante os últimos 50 anos e precisamos recuperar essa diferença”, disse. Outra força de desenvolvimento é o mercado interno. A expectativa é o que o Brasil em 2020 se torne o quinto maior mercado consumidor do mundo e que o consumo atinja R$ 3,5 trilhões.
Do lado dos empresários, o governo recebeu críticas pelas “medidas intervencionistas” para conter a inflação. A principal delas foi a política de segurar o preço da gasolina nos últimos anos, interferindo diretamente na Petrobras, o que desgastou o valor de mercado da companhia. “A inflação tem que ser levada a sério, mas há várias formas para isso. A intervenção não é o caminho. Isso é maléfico para a Petrobras, uma empresa sadia que está tendo seu faturamento corroído. Essa é uma política energética de subsídios e preços falsos”, argumentou Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan.
O evento reuniu cerca de 250 empresários na manhã desta segunda-feira (2) e as projeções foram, em geral, positivas. A organização do encontrou disse que a reunião de tomadores de decisão “gera um debate aberto bom” para o país. “Apesar de momento difícil, o empresariado brasileiro está otimista”, apontou Dalton Pastore, sócio da CorporaBR.
Atualizada às 14h07