Flavio Lara Resende também falou sobre a reinvenção do meio pelo avanço da tecnologia
Pelo censo da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) estão outorgadas 10.654 emissoras de rádio no Brasil. Desse universo, 4.331 são FM e 954, AM. A Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) possui, como esclarece o presidente da entidade, Flavio Lara Resende, 2.953 emissoras com o cadastro de filiação ativo.
Nesta entrevista, o executivo fala sobre o avanço dos canais digitais, da faixa estendida de AM para o FM e como a tecnologia está contribuindo para o meio se reinventar, mesmo com a concorrência de outros canais que buscam comprar o tempo do consumidor. Entre as contribuições, ele ressalta a “presença do chip FM nos aparelhos celulares”.
Desafios
Acabar com a assimetria regulatória entre os veículos de comunicação – dentre eles, o rádio – e as plataformas digitais talvez seja, hoje, o maior desafio.
A falta de regulamentação na esfera da publicidade e da comunicação digital traz prejuízos incalculáveis para o setor de radiodifusão. Quem compete no mercado de comunicação deve fazê-lo com liberdade, mas também com responsabilidade, submetendo-se às mesmas regras, e isso inclui a aplicação da lei para todos, inclusive às plataformas digitais. As empresas de tecnologia e as plataformas digitais são bem-vindas ao ambiente da comunicação brasileiro, mas temos de avançar na criação de uma regulação mais competitiva, igualitária e responsiva, que gere um ambiente com maior liberdade de atuação para os veículos de comunicação social. O tratamento desigual e discriminatório tem um forte impacto negativo sobre o setor de mídia, colocando em risco a sua sustentabilidade, o nível de emprego e a criação intelectual.
Crescimento
Apesar da ascensão do streaming e da concorrência com outras mídias, o rádio continua mostrando sua força globalmente, ampliando a audiência e popularidade. De acordo com a pesquisa “Inside Radio 2022”, lançada pela Kantar Ibope Media e realizada em 13 regiões metropolitanas brasileiras, o veículo é ouvido por 83% da população, o que representa um aumento de 3% em comparação a 2021. Em média, cada ouvinte gasta 3h58 com o rádio por dia. Os dados apontam que 80% ouvem pelo rádio comum, 26% pelo celular, 4% em outros equipamentos e 3% pelo computador. A aferição da credibilidade é outro destaque: 56% dos entrevistados dizem que confiam no veículo para se manterem informados. Em relação aos anunciantes e à aceitação do público, os números também chamam a atenção: 82% dos ouvintes se lembram de ter ouvido propagandas no rádio e quase 40% já converteram o anúncio escutado em compras ou pesquisas.
Métrica
Pesquisa recente do Cenp-Meios indica que os investimentos publicitários em mídia tiveram crescimento de 7,7% no primeiro trimestre de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo o levantamento, os investimentos em compra de mídia no Brasil alcançaram o volume de R$ 3,7 bilhões nos primeiros três meses de 2023. Em relação à participação dos meios no bolo publicitário, o rádio aparece com 3,9% (R$ 145 milhões), um aumento de 0,03% em relação a 2022.
Alcance
Os dados indicam que as agências e anunciantes acreditam no produto oferecido pelo rádio e, se investem, é porque existe alcance e público consumidor.
Audiência
Do tradicional aparelho de rádio à totalidade da frota nacional de carros ou pela internet. A forma como o ouvinte consome pode ter mudado, mas o rádio está sempre presente e continua sendo consumido pelas mais variadas faixas etárias. O rádio não depende de internet e nem de energia elétrica. A informação transmitida pelo meio não tem hora nem lugar para acontecer. Como exemplo, temos os desastres naturais e catástrofes que atingem determinada população ou país. O rádio está sempre no ar, com informações importantes e prestação de serviço ao ouvinte. Se algum fato relevante acontece de madrugada, por exemplo, a informação chega naquele exato momento. Rádio, é só ligar. Pesquisa da Kantar Ibope Media, divulgada em agosto de 2022, aponta que o rádio é ouvido por 83% da população nas 13 regiões metropolitanas pesquisadas. Segundo o estudo, cada ouvinte passa em média 3h58 escutando rádio por dia.
Web
A internet é mais uma tecnologia aliada do meio e, pelo streaming, o ouvinte tem acesso à programação de sua rádio favorita quando quiser e onde estiver. Mas o rádio independe de internet. A informação chega pelo ar.
Paradigma
Com o advento da internet e da telefonia celular, esta última com maior intensidade, o rádio ficou mais ao alcance do indivíduo do que da família, já que muitos modelos de aparelhos de telefonia celular – cerca de 78% – possuem um receptor de rádio integrado.
Legal
Em 2021, a Anatel publicou um ato que obriga todos os fabricantes de celulares a habilitar funções de recepção de rádio FM nos aparelhos comercializados no mercado brasileiro. Por outro lado, complementarmente, a internet trouxe também ao indivíduo o rádio via web, o chamado simulcasting, uma realidade que se consolida cada vez mais, ou seja, a mesma programação transmitida pela radiodifusora é também disponibilizada na internet. O levantamento feito pela Kantar revela que, entre os ouvintes, 29% consideram que a possibilidade de escutar rádio online mudou a forma que consomem o meio. O estudo aponta que o tempo médio diário dedicado é de 2h45 entre os ouvintes de rádio na web.
Instantaneidade
É uma característica inerente do rádio e importante, que fortalece o meio, sobretudo porque há momentos que exigem velocidade conjugada com informação confiável, certificada.
Inovação
O rádio mostra sua força como veículo de comunicação de massa que evolui e acompanha as novas tendências e tecnologias. Hoje, o rádio está não apenas nos aparelhos tradicionais ou na frota de carros, mas também nas mais variadas plataformas, exercendo sua missão de levar à população informação, serviços e entretenimento gratuitos, com eficiência e rapidez. O rádio continua presente em todos os momentos e vê a tecnologia como grande aliada na transformação que aconteceu e continua acontecendo ao longo das décadas.
Contribuição
Entre as missões da Abert está a defesa e o apoio ao setor de radiodifusão. De modo estratégico e por meio de nossas diretorias, a Abert atua e acompanha temas regulatórios, identifica as oportunidades oferecidas pelos avanços tecnológicos para que tanto o rádio como a TV alcancem modelos mais eficientes e inovadores, fortalecendo o meio e fornecendo conteúdo e serviços de alta qualidade e relevância.