Maior conscientização do consumidor leva cada vez mais empresas a patrocinar atletas e competições de comunidades carentes

Nos últimos anos, investir em projetos sociais tornou-se um diferencial competitivo de mercado, por ser uma maneira efetiva de impactar positivamente o consumidor cada vez mais atento ao posicionamento social das empresas e marcas. Hoje, esse consumidor valoriza e compra produtos ou serviços de quem adota políticas de inclusão social. Entre as várias frentes que vêm ganhando cada vez mais visibilidade, está o apoio do esporte a jovens atletas de comunidades carentes. Já é grande o número de empresas que patrocinam projetos esportivos no Brasil.

Para Ivan Martinho, professor do curso de gestão de marketing esportivo da ESPM, o mercado tem consciência da dimensão do papel social exigido pela sociedade. “Se por um lado o patrocínio a esportes de alto rendimento, que têm visibilidade garantida, confere reconhecimento de marca, oportunidade de relacionamento com clientes e engajamento de fãs, por outro, o apoio a projetos esportivos e a atletas de comunidades carentes, mesmo que tenham menor projeção na mídia, confere prestígio e desempenha o papel social que hoje todas as empresas buscam ter. Tais investimentos, quando feitos de maneira contínua, possibilitam a transformação de cidadãos e cidadãs e ainda podem trazer conquistas internacionais para o país, como é o caso da judoca Rafaela Silva, campeã olímpica e mundial, que iniciou sua trajetória no esporte dentro do Instituto Reação”.

Meninas em Campo
Marcas esportivas, como Adidas, Puma, Vulcabras – maior produtora de calçados esportivos do país (possui as marcas Olympikus, Under Armour e Mizuno) – e a rede de lojas Centauro, estão à frente desses projetos, afinal, o esporte é o core business delas. Porém, cresce o número de empresas de outros setores que também passaram a vestir a camisa do patrocínio ao esporte. Como a Ambev, maior fabricante de bebidas do Brasil. Desde 2021, a marca Guaraná Antarctica apoia a ONG Meninas em Campo. Do ano passado para cá, 52 meninas formadas pelo projeto foram encaminhadas para clubes profissionais como Flamengo, Corinthians, São Paulo e Santos, e outras 12 meninas chegaram à seleção brasileira Sub-17. “O projeto cumpre um papel importante quando falamos da formação de jovens talentos no futebol feminino, um papel que muitos clubes ainda não estão dispostos a fazer. Laura Valverde, por exemplo, é uma das atletas que passaram pelo projeto Meninas em Campo e hoje é embaixadora da iniciativa. Ela integra hoje a equipe profissional do Santos e já atuou pela seleção brasileira Sub-20”, diz Juliana Grinberg, diretora de Refrigerantes Ambev.

Ela explica que o relacionamento de Guaraná Antarctica com o futebol vem de anos e, nesse processo, desenvolveu com o futebol feminino a intenção de provocar mudanças e potencializar a visibilidade crescente da modalidade. “Começamos nossa relação em 2021, com a ONG Meninas em Campo, a qual democratiza o acesso ao futebol feminino e é o primeiro projeto de futebol feminino de base no Brasil, independentemente de qualquer clube de futebol, a ser reconhecido pelas Nações Unidas na plataforma #FootballForTheGoals.

Juliana ressalta que a proposta da Ambev é ter ações atreladas às campanhas que trazem visibilidade ao esporte e estimulam a sociedade a se conectar cada vez mais com o futebol feminino. Um exemplo, diz ela, foi a iniciativa #Presanos80, em 2021, “onde trouxemos a reflexão de que o investimento no futebol feminino ficou parado no tempo e relançamos a garrafa de guaraná dos anos 1980, com lucro revertido para o projeto. Tivemos também a ação “Valeu aí, Haters!”, onde reunimos tweets ofensivos sobre futebol feminino, que se transformaram em papel semente para um novo campo de futebol, na sede do Meninas em Campo, entre outras iniciativas”.

Jornada
A Copa do Mundo de futebol realizada no Catar, no ano passado, levou a Adidas a apoiar uma inciativa social junto com a Cufa (Central Única das Favelas). Juntas, elas realizaram o torneio de futebol “Jornada Al Rihla”, nome da bola oficial da competição, que juntou times masculinos e femininos, e cujos vencedores foram assistir a competição da Fifa no país árabe.

Seguindo também com a proposta de ser um campeonato de futebol inclusivo, todas as etapas contavam com vagas exclusivas para equipes das comunidades atendidas pela Cufa, totalizando 134 times que fizeram parte da trajetória do torneio. “Para a gente, é uma enorme felicidade promover este tipo de evento esportivo, e é sensacional saber que esses jovens vão assistir à Copa do Mundo ao vivo, graças às nossas ações”, disse, no jogo final do torneio, Marcivan Barreto, presidente da Cufa São Paulo.

Com o objetivo de fomentar o esporte e o desenvolvimento dos jovens, como também dos moradores de cada região, com a cooperação e o auxílio da Cufa, a Adidas procurou quadras dentro das comunidades para sediarem os jogos. Antes das partidas, os locais recebiam uma revitalização completa e 5 quadras e 1 campo passaram por essa repaginação.

Na final feminina, o time de Goiânia, As Carioquinhas, com as jogadoras Sarah Jessica, Amanda Gomes e Amanda Ferreira, triunfou. Com um placar de 9 a 6, entre jogadas e passes brilhantes, a equipe goiana garantiu sua vitória contra o time amazonense, As Palestinas.

“Nunca viajamos para outro país. Na verdade, esse ano que começamos a viajar de avião. Nunca imaginamos assistir um jogo de Copa em outro país e a Adidas está proporcionando isso. É o começo de um sonho”, comentou Amanda Gomes, jogadora das Carioquinhas.

Já no masculino, a equipe Sociedade Esporte Clube, com o trio Cristian Magno, Luiz Eduardo Lopes e Wladiêr Caique Mendonça Lima, foi a grande campeã. Na disputa final, os manauaras garantiram o seu passaporte para o Catar com um placar de 7 a 2 contra o time dos Falcões, do Rio Grande do Sul. “Por meio do futebol eu pude me formar e eu vou ganhar uma viagem para o Catar. Sonho é para ser sonhado e quando a gente consegue sonhar, se a gente trabalhar um pouquinho, a gente realiza”, celebra Luiz Eduardo Lopes, do  Sociedade Esporte Clube.

Além do público animado que preencheu as arquibancadas da arena, o campeonato contou com a presença ilustre de grandes nomes do futebol masculino e feminino, como Adriano Imperador, Zé Roberto, Dunga, Cristiane, Formiga e Caio Ribeiro, entre outros. Assim como os embaixadores da marca, Luva de Pedreiro, Futblack, Jukanalha, Negrete e Nat Guitler, entre outros, responsáveis por participar de desafios de habilidades e interagir com o público na arena, com direito a sessão de fotos.

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