2020 ficará marcado pela Covid-19. Mas não foi apenas a pandemia que deu o que falar no ano que está terminando. As mais lidas no site do PROPMARK compõem um belo termômetro do que aconteceu nos últimos 365 dias.
A começar por janeiro, quando tudo ainda estava tranquilo e o coronavírus parecia algo distante. Naquele mês, o brasileiro riu de uma notícia envolvendo a 99. A empresa comemorou o número de um bilhão de corridas feitas no app e descobriu que mais de 50 mil foram feitas para o prédio da Uber. A empresa colocou um painel num veículo para agradecer a todos que foram até o local utilizando o app. “Super-hiper-über-obrigada a todos os que economizaram mais de 53.269 vezes para ir de 99 ao prédio da concorrência”, dizia o texto. A piada foi válida, mas cabe ressaltar que há outras dezenas de empresas no mesmo endereço da Faria Lima.
Já em fevereiro, o que muitos consideram como case do ano foi ao ar: o Whopper Mofado. Assinada por três agências (Ingo, David e Publicis), a campanha destacava o compromisso da rede de fast-food de eliminar todos os conservantes artificiais dos sanduíches. No vídeo e peças, a empresa mostrou um Whopper apodrecendo ao longo de 34 dias.
Em março, a pandemia se agravou. A Covid-19 chegou de vez ao Brasil, o que refletiu nas notícias mais lidas daquele mês. A primeira tratava do cancelamento do Lollapalooza Brasil 2020, o primeiro grande evento no país a ser afetado diretamente pela expansão do novo coronavírus. A segunda, curiosamente, trazia o número da CNN Brasil nas operadoras. Ou seja, enquanto o vírus avançava, as pessoas buscavam informações e, consequentemente, procuravam o número das redes de notícia no Google.
Abril continuou demonstrando os efeitos da Covid entre as notícias mais lidas do PROPMARK. Uma delas trazia Casas Bahia migrando o atendimento dos clientes para o WhatsApp. A outra tratava da representação do Conar contra a live do cantor sertanejo Gusttavo Lima, patrocinada pela Ambev. Segundo a entidade, a representação foi aberta a partir de denúncias recebidas pelos consumidores, que consideraram que as ações publicitárias carecem de cuidados recomendados pelo Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária para a publicidade de bebidas alcoólicas. A denúncia citou a falta de mecanismo de restrição de acesso ao conteúdo das lives a menores de idade e a repetida apresentação de ingestão de cerveja, em potencial estímulo ao consumo irresponsável do produto. A apresentação marcou uma mudança nas lives do período. As bebedeiras dos cantores diminuíram (pelo menos explicitamente).
Com o número de casos e mortes subindo no Brasil, o brasileiro também sofreu com o isolamento social. A Magalu reforçou a existência de um botão para denunciar violência doméstica no app. O crescimento do número de denúncias foi de quase 400% em maio de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Já a influencer Gabriela Pugliese resolveu promover uma festinha com amigos em plena quarentena. Sua atitude causou perda de patrocinadores, além de um post da cerveja Rio Carioca que viralizou.
Em junho, a Avon demitiu a executiva Mariah Corazza Üstündag após a profissional ser denunciada por violação de direitos humanos. No mesmo mês, Jean-Francois Van Boxmeer deixou a cervejaria Heineken. O executivo passou o bastão de CEO para Dolf van den Brink. A sua despedida
viralizou entre os profissionais de marketing, já que a marca preparou um vídeo com forte storytelling para anunciar o adeus.
Julho começou com a polêmica envolvendo uma funcionária da Taesa que, ao ser indagada por participar de aglomeração num bar no Rio de Janeiro, disse o seguinte a um agente da Vigilância sobre o marido: “Cidadão não. Engenheiro Civil, formado, melhor do que você”. Resultado: demissão.
No mesmo mês, o Burger King percebeu que havia algo errado com 2020 e decidiu antecipar o Natal. “2020 não está fácil para ninguém. Isso sem falar que está todo mundo exausto como se fosse fim de ano. Então pensamos: por que já não antecipamos o Natal e atendemos ao desejo de muitas pessoas? E se puder ser com bom humor e ao lado do BK, melhor ainda”, disse Rafael Donato, VP de criação da David São Paulo, à época de lançamento.
Agosto também teve polêmica e a notícia mais lida de 2020 no site do PROPMARK: a repercussão de um caso de racismo envolvendo um entregador. A notícia trouxe o posicionamento de iFood, Uber Eats e Rappi sobre a polêmica. Matheus Pires foi chamado de “semianalfabeto” por um cliente. Ainda nas imagens gravadas por um vizinho, o consumidor disse que Pires tinha “inveja disso aqui”, apontando para a própria pele. O caso foi refutado publicamente por empresas e celebridades.
Ainda em agosto, Felipe Neto criou o mundo PicPay no Minecraft e demonstrou, mais uma vez, o poder dos games em 2020.
A trajetória de Rachel Maia também chamou a atenção dos leitores do PROPMARK. Em setembro, a profissional deixou a presidência da Lacoste para se dedicar à consultoria RM Consulting.
Outubro foi marcado pela resposta do Facebook ao polêmico documentário O dilema das redes, da Netflix. Segundo a empresa, o longa limita a discussão sobre redes sociais ao sensacionalismo. “Em vez de oferecer uma visão diferenciada da tecnologia, traz uma visão distorcida de como as plataformas de redes sociais funcionam para criar um bode expiatório conveniente para problemas que são difíceis e complexos”, disse a empresa.
Já a Mondelez “deslançou” o Tris, substituto do Bis, em ação curiosa assinada pela David.
Novembro foi o mês de uma das grandes polêmicas do ano: o assassinato ocorrido nas dependências do Carrefour. Na véspera do Dia da Consciência Negra, a morte de um homem negro causou comoção no país e a marca luta para recuperar sua imagem. A rede anunciou um comitê de diversidade e inclusão, além de outras oito iniciativas antirracistas. “O Carrefour atuará firmemente para que o trágico episódio do sr. João Alberto não seja esquecido e para que esta dura realidade seja transformada. O Brasil é um país onde 56% da população se autodeclara negra e é fundamental que estas pessoas ocupem seus espaços na sociedade e, de uma vez por todas, deixem de ser minorizadas”.
Dezembro trouxe o lançamento da Adventures, de Rapha Avellar e Ricardo Dias. A empresa – que não se intitula como agência – defende uma remuneração sem BV. “Nossa receita será altamente atrelada à valorização dos negócios que atendemos. O que mais interessa para a gente é fazer o negócio do cliente valer mais. Só ganhamos se eles ganharem”, explicaram Avellar e Dias.
No mesmo mês, Maisa Silva lançou sua agência de marketing de influência e roubou os holofotes. “Pretendo usar minha experiência como influenciadora e artista 100% nesse trabalho. Além de conhecer o lado da criação de conteúdo, sei bem o que as marcas costumam buscar”, disse a apresentadora.