Alexandre Robazza, gerente de relacionamento do Sebrae-SP (Divulgação)

Diante de tantas incertezas com relação ao futuro econômico e sanitário em meio à pandemia de coronavírus, algumas coisas são certas: crise pode ser sinônimo de oportunidade e comunicação é fundamental para passar por esse momento fortalecido.

As observações são de Alexandre Robazza, gerente de relacionamento do Sebrae-SP, que defende que agências, produtoras e demais empresas precisam encarar este momento como “a hora da verdade do ponto de vista da relação com seus clientes”.

“Se ele compreender que este é um momento de crise, vai ter problemas. Mas se ele entender que é um momento de oportunidades, de estreitar relacionamento, de aprofundar o seu propósito de empresa e de apoio aos seus clientes, ele vai certamente mudar os aspectos da relação e oferecer ao cliente uma série de alternativas”, diz.

Para Robazza, que comanda uma equipe de 15 pessoas e diz estar se adaptando ao home office melhor do que imaginava, as empresas de comunicação têm de olhar mais para o negócio dos clientes que atende e se antecipar para oferecer alternativas de ampliação da exposição desses negócios. 

“Muitos deles, de fato, vão estar paralisados por conta da quarentena, muitos vão ter que implantar ou ampliar a sua presença digital, alguns vão ter de trabalhar em tempos futuros, tentando estimular a compra futura”, aponta. 

Alternativas

Robazza mostra ainda, alguns caminhos que podem ser tomados em parceria entre anunciantes e agências. “Se seu cliente é um restaurante, obviamente você vai ter que ajudar esse empresário a pensar nas questões do delivery, a melhorar posicionamento dele nessas plataformas. Você pode inclusive ampliar o investimento e posicionamento em mídias digitais, com impulsionamento”, diz.

Para o especialista, essas são atividades que as agências vão ter de tomar neste momento. “Suporte. Elas têm de ser companheiras dos seus clientes mais do que nunca. Entender a situação e propor alternativas de forma criativa. Os empresários, especialmente pequenos, estão extremamente perdidos e assustados não sabem exatamente como caminhar, tem muitas opções e, às vezes, estão dando um passo atrás desnecessário ao invés de pensar positivamente e investir em possibilidades  de ampliação de exposição, de e-commerce, delivery e ai cada segmento vai ter um formato”, relata. 

As agências, afirma, terão de estreitar esse relacionamento e pensar “muito mais nos resultados dos seus clientes do que em seus próprios resultados.” 

O foco, explica, é em apoiar os empresários e oferecer soluções positivas e não de retrocesso. “Trabalhar toda a exposição da empresa nesse momento porque pode ser que elas tenham que interromper as atividades, mas  você tem de continuar conversando com os clientes para não desaquecer o seu relacionamento e isso tudo tem que ser apresentado e ai é o profissional de comunicação que tem de levar, pensar e desenhar isso para o cliente.” 

Robazza diz que é hora das agências, principalmente as menores, serem ainda mais proativas. “Ao invés de ser acionado pelo briefing, ele vai ter que propor as ações. Muitas empresas já atuam dessa forma, mas muitas ainda não”.

Outra saída é revisar os planos diariamente. “Precisa montar um bunker de guerra e todo dia olhar, reavaliar o que foi feito, verificar o que está acontecendo no cenário, identificar oportunidades relatando tudo o que está acontecendo no segmento dele e ser um  grande instrumento de informação para o cliente tomar decisão nessa hora”.

Futuro 

Após a crise, as empresas vão, de acordo com o especialista, entender que há diversas oportunidades, principalmente nos ambientes digitais.

“O que vai ficar é uma aceleração forçada da digitalização dos negócios. Muita gente, na marra, vai aprender a vender pela internet ou por um marketplace. Quem é de varejo vai ter de cuidar das questões de logística e de estar num aplicativo. Pessoal de alimentação, que não está no delivery, vai ter de estar”, avalia.

Para Robazza, as mudanças precisam ser culturais. “Estamos há mais de uma semana trabalhando de casa e já percebemos o quanto trabalhar em casa te torna mais eficiente, mais produtivo, com qualidade de vida e você tem diferentes vantagens. Isso vai desmistificando também para as empresas a possibilidade de adotar esses modelos de operação”, diz.

Para ele, é preciso tentar sair dessa situação limite sem traumas. “E também sem dúvidas de que esses modelos de relação trabalhistas podem e devem ser implementados. Isso ajuda muito em vários aspectos.” 

Papel do Sebrae

O Sebrae está com uma série de ações e atividades para auxiliar os pequenos e médios negócios.

“Temos uma série de lives diárias por segmento, por temáticas, muito material com dicas feitas agora prontamente para este período. Aqui em São Paulo, por exemplo, fazemos uma live diária, às 17h no Facebook e no Youtube para esclarecer dúvidas. Temos às 10h da manhã o Sebrae Responde, nas redes sociais, que a pessoa entra e pergunta e nossos consultores respondem. Temos vários ebooks e paralelamente estamos organizando toda a rede de suporte com empresas, que possam ofertar crédito de forma orientada. Ao mesmo tempo, em políticas públicas, estamos acionando representantes em prol dessas questões tributárias, da redação do tributo, ampliação da oferta de crédito, banco públicos e atuando no ambiente empresarial”.