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Em 2008, quando Tatiana Oliva lançava a agência Cross Networking com a proposta de aproximar empresas para parcerias estratégicas, o desafio não era exatamente o de empreender. Instruir as marcas sobre seu modelo de trabalho, focado em entender como as fortalezas de cada uma poderiam contribuir para o sucesso coletivo, foi um trabalho quase de catequese para a empresária. “As parcerias que propomos são completamente diferentes. Não se trata de venda de cota de patrocínio ou permuta. É entender o outro lado e fazer o que é bom para todos. E isso o mercado ainda precisa entender melhor. É como em uma sociedade, é um ganha-ganha para as marcas envolvidas”, explica.

Responsável por unir forças de marcas trazendo o cobranding entre OMO + Hering Kids; Maisena + Tok Stok; Downy + Circuito Track & Field, além de seu carro-chefe, o casamento do Camarote N1 com Kibon, Dior e Havaianas, entre outras, a agência faz parte da Holding Clube, grupo de live marketing que em 2018 completa 30 anos no mercado brasileiro.

Compartilhamento
Uma das operações mais recentes do grupo, a Cross quer contribuir para a profissionalização do mercado. Como forma de garantir que as próximas gerações de profissionais estejam mais familiarizadas com a proposta de trabalho colaborativo, Tatiana tem apostado na aproximação com o ambiente acadêmico e na relação com jovens estudantes. A empresária fala que a economia do compartilhamento já é realidade no país, não à toa, o modelo de coworking, das caronas e até mesmo das moradias colaborativas está cada vez mais em discussão. É a vez agora de os negócios se apropriarem desse território.

Como corresponsável por esse movimento, a contribuição da executiva com esse cenário de colaboração é compartilhar conhecimento e experiência de negócios com o mercado. Essa foi a maneira escolhida para marcar os 10 anos da Cross. Nesta segunda-feira (1), Tati prepara o lançamento do livro Um mais um é maior que dois, na Livraria Cultura, em São Paulo.

A publicação conta a história de como a agência surgiu, além de depoimentos de executivos do mercado de marketing, propaganda e negócios, como Luiza Helena Trajano, fundadora da rede Magazine Luiza, com dicas e informações para quem deseja empreender na área. “Quero cada vez mais falar com estudantes e estar em universidades. Desenvolver esse conceito de parcerias desde a base para que quando esses jovens saírem para o mercado, eles entendam o valor de um projeto desses”, explica a executiva. “O smartwatch da Nike e Apple só deu certo porque juntos eles são melhores. Muitas marcas ainda perdem oportunidades hoje porque se limitam a uma necessidade pontual. Parcerias podem ser muito mais expressivas e duradouras”, avalia.

Concorrência
Primeira agência dedicada a parcerias entre marcas no Brasil, a Cross Networking conta com a vantagem de ter contribuído para instaurar o conceito no mercado, mas também tem seus desafios. Na opinião de Tati, seu principal concorrente é o próprio cliente, que ainda não percebeu real valor dessa troca de atributos com outras marcas. “A gente foi acostumado no Brasil a ter sempre um pé atrás, a ter receio de outra pessoa tirar vantagem da gente, e isso afeta na confiança. Observamos a mesma coisa nos negócios”. Segundo a executiva, o desafio é convencer as marcas a irem de coração aberto e acreditar no negócio. “É uma realidade essa ideia de compartilhamento. E nessa soma, confiança é o x da questão. É acreditar que os resultados vão vir”. Como exemplo, Tati destaca o trabalho feito com Maisena e Tok & Stock. A marca de amido já é a mais vendida e top of mind na sua categoria, mas criar uma linha de licenciamento vendida na loja de artigos para casa e decoração trouxe novos públicos, além de rejuvenescer a marca. “Essa é a essência das parcerias. Todos ganham”.