Recentemente, a Embratur e o Ministério do Turismo realizaram uma pesquisa no exterior para avaliar o status das 12 cidades que serão sedes da Copa do Mundo de 2014 – Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA). Um dos quesitos perguntava ao turista qual dessas cidades ele gostaria de visitar. Em primeiro lugar, ficou o Rio de Janeiro, obviamente. E nas duas últimas posições, Cuiabá e Manaus.
Porém, quando mostrado o potencial turístico de cada sede, Cuiabá pulou da penúltima para a segunda posição, somente atrás da capital carioca. “Bastou mostrar que estamos a 100 quilômetros do Pantanal, ligados por uma rodovia 100% asfaltada e de boa dirigibilidade, e com hotéis estruturados, para animar os turistas”, afirma Marcus Fabricio, secretário municipal de turismo da capital mato-grossense.
Para o executivo, a Copa do Mundo está sendo uma grande oportunidade de mudar a cara de Cuiabá em relação ao turismo. A começar pelo Pantanal. “Nosso Estado vizinho, o Mato Grosso do Sul, sempre soube vender a região, tanto com os pontos turísticos pantaneiros como com outros, caso de Bonito. Nós temos uma cidade chamada Nobres, que não deve nada para Bonito e que está a menos de 150 quilômetros da capital”, afirma. A campanha publicitária da cidade, por sinal, traz o conceito “É mais que bonito, é lindo”.
Dados afirmam que 98% dos turistas que vão a Cuiabá hoje o fazem devido às diversas feiras e eventos que ocorrem na cidade durante o ano, principalmente relacionados ao agronegócio. Isso dá uma taxa de ocupação mensal média de 65% na rede hoteleira. “O problema é que, entre dezembro e fevereiro, essa taxa cai consideravelmente. Temos apenas 2% de turistas de lazer, que nesses meses vão a outros locais do Brasil. E são eles que queremos aqui de agora em diante”, diz Fabricio, ressaltando que, devido à Copa, Cuiabá deve ganhar 14 mil leitos. “Porém, somando as cidades em torno da capital, serão mais de 20 mil. E estamos também investindo pesado no transporte público, já que em alguns meses iremos inaugurar o primeiro VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) da América Latina”.
Estádio
Em janeiro de 2014, o Governo do Estado de Mato Grosso inaugura a Arena Pantanal, com capacidade para quase 43 mil pessoas e que irá abrigar quatro partidas da primeira fase da Copa do Mundo. “Por regulamentação da Fifa, teremos que fazer três grandes eventos antes da Copa, seja jogo da seleção, de grandes equipes do futebol brasileiro ou até mesmo shows”, relata Fabricio.
A realização de shows, aliás, é um dos pilares para que a Arena Pantanal não corra o risco de virar um elefante branco após a Copa do Mundo. “O Ministério do Turismo, hoje, fornece toda a estrutura básica para a realização de shows, nacionais e internacionais, como som, palco, iluminação e outros quesitos básicos. Só não banca o artista e sua estrutura particular”, explica o secretário, lembrando que os inúmeros eventos que ocorrem anualmente em Cuiabá também poderão utilizar o estádio como sede. “Nem em locais onde há times de grande expressão nacional as arenas serão pagas só com o futebol”, acrescenta.
Além do estádio, o rio Cuiabá também está sendo preparado para virar um local de grande atração turística com a requalificação urbana do Porto Cuiabá, hoje totalmente abandonado. Serão construídos espaços culturais, quiosques, bares e restaurantes – estes, por meio de licitação e com direito de exploração por 30 anos. O rio também estará disponível para esportes e será usado para levar os turistas e cuiabanos para outras cidades que se ligam por meio dele. “A 10 quilômetros de Cuiabá fica São Gonçalo Beira Rio, que tem mais de 20 restaurantes às margens do rio. Também estamos a 25 quilômetros de Santo Antônio do Leverger e a 75 de Barão do Melgaço, já na área do Pantanal. Descendo um pouco mais, estamos a 110 km de Poconé, outra cidade pantaneira. E teremos essa estrutura antes da Copa, prontos para receber cerca de 80 mil turistas que vêm para cá na época do mundial”, diz Fabricio.
O projeto foi inspirado em outras cidades que aproveitam suas vias fluviais para incrementar o turismo, caso de Buenos Aires, com o Puerto Madero, e Paris, com o Sena, entre outras. “E fizemos tudo, desde o início do planejamento, junto com a Marinha do Brasil e o Ministério Público, de modo que todos os pontos já estão aprovados”.
O projeto do Porto Cuiabá está orçado em R$ 28 milhões, sendo que boa parte já está garantido com os R$ 10 milhões da parceria com o Governo do Estado; R$ 5,5 milhões da iniciativa privada – já fechada com a rede de varejo Atacadão; R$ 2,5 milhões via emenda federal; e mais R$ 6 milhões que vêm da própria prefeitura.