Mais uma vez a imprensa é atacada. E, agora, não só a nacional, mas a internacional também. Tanto a esquerda quanto a direita atacam a imprensa. E ambos os lados esquecem que um país democrático tem imprensa livre. Mas, o que mais deveria intrigar a sociedade é dizer que a imprensa mente, com tantos dados que provam o contrário.
Afinal, ver a mata pegando fogo em vários pontos do país não chega a ser algo que se possa inventar e, pior, convencer a maioria que os fatos não são reais. Triste ouvir ainda que o mercado brasileiro tem parte da mídia golpista ou vendida.
A liberdade de expressão, desde que seja verdade, doa a quem doer, deve ser uma luta constante, ainda mais em um país que já viveu sob uma ditadura, cujo livre pensamento foi proibido e muitos morreram por isso.
Muitos presidentes da República ganhariam simpatia se reconhecessem, lutassem e defendessem também a liberdade de expressão, pois até agora não inventaram nada melhor do que isso. Toda semana alguém fala disso. No entanto, alguns parecem cegos, surdos e mudos. Tocam a vida como se não houvesse ninguém acima, abaixo ou nos lados.
É incrível que ainda nos dias de hoje alguém possa querer tolher a liberdade do outro. Impedir que ele, no caso ela, fale ou mostre a verdade dos fatos.
A culpa é da mídia. Ouvimos isso constantemente e nem nos damos conta de que a mídia retrata os fatos, reporta o que acontece. Às vezes, exagera, sim, mas a grande maioria não. Conta o que vê, o que ouve. E, quando se excede ou erra, existe uma lei à disposição de qualquer cidadão que se sinta ofendido.
Em plena semana – passada – em que fez 30 anos da estreia da coluna do primeiro ombudsman, da Folha de S.Paulo, que tem a função de criticar reportagens, inclusive do próprio veículo, não se pode negar que a imprensa tenta melhorar, tenta refazer seu caminho. Sem fake news!
Ninguém quer ser alarmista, porém é assustador como caminha a humanidade, a sociedade, que elege seus governantes democraticamente e, depois, quer ignorar a democracia. Não faz sentido.
Também é assustador o silêncio, especialmente das principais entidades que representam importantes segmentos da sociedade economicamente ativa. Semana passada, por exemplo, não vimos – ao menos até o fechamento desta coluna – nenhuma nota de desagravo.
Nas últimas semanas não sai da minha cabeça um trecho do poema No caminho, com Maiakóvski, de Eduardo Alves da Costa, que diz:
“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada”.