Dizer que 2016 foi um dos mais desafiadores dos últimos anos não é surpresa, principalmente diante de todas as situações atípicas vividas pelo País nos âmbitos político e social. Todas essas instabilidades, adicionadas ao cenário econômico, forçaram empresas e instituições a repensar o que fazer e o modo de fazer.
Já vivemos em um tempo, tecnológico e globalizado, em que a inovação é pré-requisito para a sobrevivência no mercado. Estar conectado, não só no sentido técnico do termo, mas também no contato próximo com as pessoas, para entender seus desejos e valores, é uma necessidade cada vez mais forte para as marcas em todos os lugares.
Se essa necessidade já era latente, os desafios adicionados à economia brasileira, tornaram-na ainda mais evidente. Para pensar inovação e entender como ela pode estar no DNA das instituições, estive recentemente em um dos lugares reconhecidos por como berço de importantes companhias como Apple, Google, Facebook, Netflix, Yahoo, Uber e Airbnb: o Vale do Silício.
Lá pude conhecer e interagir com os profissionais de algumas dessas companhias, participar de palestras e visitar empresas de tecnologia e startups. Também imergi na cultura de empresas que promovem a disrupção na educação, como a faculdade Minerva, que oferece cursos universitários em que os alunos estudam cada semestre em um continente diferente. A Singularity University, organização que ensina como utilizar tecnologias de ponta para impactar milhares de pessoas, encerrou o roteiro.
Nessa imersão, a principal conclusão é que o fator que torna esse ecossistema desbravador não é a tecnologia que as marcas possuem ou são capazes de desenvolver, mas a cultura que permeia o dia a dia. É a cultura da inovação que faz a diferença. Essas instituições tem esse valor incorporado a sua atuação de ponta e ponta, o que torna possível criar novas formas de oferecer produtos e serviços e se reinventar antes de que seja necessário.
Voltando para a realidade brasileira, em especial nesse momento, precisamos trazer a inovação para a realidade das empresas, de modo que seja parte integrante das práticas diárias. Para guiar essa mudança, observei que essa cultura é sustentada pelo propósito que essas pessoas e companhias colocam a sua frente para apoiar as missões e visões dos projetos.
Com isso, entendemos que a empresa deve ter, além da missão e visão, um propósito e uma causa a apoiar. Se em suas vidas pessoais, buscamos projetos que favoreçam causas que nos identificamos, dá mesma forma, no trabalho, se estivermos engajados com os propósitos da organização seremos mais produtivos. Se a companhia conseguir reunir esses talentos, entregará excelentes resultados.
E para que a companhia possa perceber a importância de engajar seus funcionários, é fundamental que os líderes compreendam que a tecnologia é o meio, e não o fim. Seja qual for a solução, a tecnologia sempre será o meio capaz de impulsionar a inovação e a melhoria dos processos, produtos e serviços. Sendo assim, precisamos de pessoas, mais preparadas, adaptadas e que pensem cada vez mais longe.
Somente profissionais com esse perfil serão capazes de se adaptar a velocidade da inovação, que deixou de ser linear e passou a ser exponencial. Isso já acontece e será possível observar em todos os setores da economia como uma constante. As empresas que adotam essa prática, lançam seus produtos e serviços em suas versões iniciar, pois sabem que quando estiverem perfeitos já não serão uma novidade. Com o produto no mercado, o feedback contínuo do usuário é usado para melhorias. Planejar demais no mundo como hoje é perigoso.
Diante de todas essas percepções, o head de Marketing ganha uma nova responsabilidade: fazer apenas marketing não basta. O profissional deve ser aquele que endereça a empresa em busca de novas receitas e que enxerga e apresenta as tendências, além de antecipar os cenários. E, ainda mais importante do que prever o futuro, é implementar as inovações rapidamente.
Nesse momento, ter todas as respostas é impossível, mas é importante continuar questionando. Conviver e desbravar as incertezas será o principal diferencial do profissional que deseja fazer parte do futuro.
Wilson Diniz, Diretor de Marketing e Comercial da Cruzeiro do Sul Educacional