O primeiro dia do festival teve apresentações de David Lee, da Squarespace, e Lori Meakin, do WACL (Women in Advertising & Comms Leadership)

Inteligência artificial é o assunto que todos querem saber mais a respeito na indústria criativa, mas não foi o tema dominante nas palestras do primeiro dia do D&AD 2023, que está sendo realizado no The Old Truman Brewery, em Londres. Em outras palavras, todos os palestrantes citaram de alguma forma o impacto da IA sobre o mercado, mas as questões mais relevantes levantadas foram: inclusão, representatividade feminina e a criatividade como ponto de partida para a transformação da indústria.

Sessão de insights que reuniu jurados de Design do festival/Divulgação

A sessão de insights do júri de Designing Digital Spaces abriu as conferências do festival nesta terça-feira (9). Um dos pontos destacados pelo júri da categoria foi a riqueza dos debates em razão da presença de profissionais de várias partes do mundo, que levaram a reflexões mais inspiradoras sobre o futuro do design.  “Depois da pandemia, muitos conflitos políticos surgiram, como na Ucrânia, e precisamos pensar em como a tecnologia e o design podem empoderar as comunidades. No futuro, seremos mais inovadores em design”, disse Wayne Deakin, da Wolff Olins.

Já Reginé Gilbert, da NYT Tandon School of Engenieering, chamou a atenção para o papel do design para promover a inclusão. “Não pensem em você e na sua equipe, mas sim em desenvolver trabalhos inclusivos. Pensem em pessoas menos favorecidas, que falam línguas diferentes e com habilidades limitadas”, respondeu ela quando questionada sobre quais os critérios para uma campanha ser premiada.

“Inclusão é o ponto de partida. A mistura entre o futuro virtual e o físico, entre humanos e máquinas com empatia é muito importante”, completou Deakin, afirmando que o futuro vai se tornar mais crítico em termos de interação entre homens e máquinas.

Criatividade

Sob o intrigante tema “Why Creativity needs a seat at the adults table”, David Lee, CCO da Squarespace, sentenciou que talvez a inteligência artificial torne as profissões obsoletas, mas a boa notícia é que imaginação é difícil de replicar. “Criatividade precisa de sensibilidade humana”, destacou.

David Lee, CCO da Squarespace, falou que criatividade não é fácil de ser replicada/Divulgação

O criativo também aposta que o craft será o novo luxo do futuro e o pensamento o principal skill. Para ele, a criatividade é um trabalho para todo mundo. “Estamos entrando na próxima era de ouro da humanidade, em que o design importa muito”, ressaltou Lee. Para concluir, o CCO da Squarespace aconselhou a audiência a encontrar um lugar que celebre a criatividade. “Criatividade vai abastecer o futuro. Esse é o nosso tempo de brilhar.”

Mulheres

Lori Meakin, autora de “No more menemies”, que trata sobre a construção de mais equidade de gênero em um mundo onde os homens não sejam inimigos, falou sobre o papel da propaganda para que as mulheres se sintam mais representadas.

Lori Meakin, do WACL, compartilhou depoimentos de mulheres que não se sentem representadas/Divulgação

Membro executiva do WACL (Women in Advertising & Comms Leadership), Lori salientou que as mulheres querem que o mercado mostre a realidade feminina, sem estereótipos. Ela compartilhou depoimentos recebidos pelo WACL. “As mulheres não devem pensar como os homens e eu concordo com isso”. Segundo a executiva, as mulheres não pedem que o mercado reconheça a sua autoestima, mas mostre como elas são.

“Parem de tornar a nossa vida mais difícil, de nos envergonhar, em vez de mostrar as coisas que fazemos bem. Muitas vezes as campanhas fazem as mulheres se sentirem piores. Elas não pedem que sejam empoderadas, mas que parem de tentar destruir a capacidade feminina. Eu acho que isso é muito importante para se pensar a respeito”.

Audiência presente em conferência do primeiro dia do D&AD/Foto: Christopher Bethell