Executivo fala sobre legado, sonhos para o futuro e perenidade por meio da excelência acadêmica
Publicitário apaixonado por propaganda, Dalton Pastore começou sua trajetória na criação. Presidiu a agência Standard (Ogilvy), onde ficou por mais de 15 anos, e trabalhou também no Grupo Abril. Fundou a própria agência e, mais tarde, decidiu se aposentar nos Estados Unidos.
Mas a ‘calmaria’ não durou muito.
Convidado por Armando Ferrentini e outros conselheiros, assumiu a presidência da ESPM, onde encontrou sua quarta missão profissional. De redator e executivo de agência a líder empresarial, Pastore hoje está à frente de uma das universidades mais renomadas do mercado publicitário, que se reinventa e se adequa às mudanças impostas pela indústria da comunicação.
Na entrevista a seguir, ele fala sobre legado, sonhos para o futuro e perenidade por meio da excelência acadêmica.
Você sempre quis trabalhar com publicidade?
Sempre soube que queria publicidade. Desde menino recortava anúncios de jornal e revista, decorava jingles e sabia todos os comerciais de TV. Não tinha dúvida do caminho. Entrei em uma agência com 18 ou 19 anos, fui para a criação e trabalhei como redator em três ou quatro casas diferentes.
Como a experiência em agência pequena influenciou sua carreira?
Foi fundamental. Como não havia uma grande estrutura, precisei apresentar campanhas, conversar com clientes e acompanhar negócios. Acabei atuando em criação, atendimento e planejamento, aprendendo um pouco de tudo. Esse contato direto me deu uma visão completa do mercado.
Qual é a importância da Standard, hoje Ogilvy, na sua vida profissional?
Ali fiz minha carreira de publicitário. Fui presidente, passei 15 ou 16 anos e vivi um período de enorme aprendizado. Era apaixonado pela Standard. Foi onde consolidei minha trajetória, construí relações e me aprofundei em todos os aspectos da publicidade.
E como foi a passagem pelo Grupo Abril?
Depois da Standard, fui para o Grupo Abril. Foram quatro anos muito intensos, envolvido com grandes projetos e o universo editorial. Só saí para abrir minha agência, a Carillo Pastore Euro RSCG, que depois vendi para o grupo francês Havas.
Por que decidiu se aposentar nos Estados Unidos?
Achei que já tinha feito bastante. Vendi minha parte da agência e mudei para os Estados Unidos. Mas não gostei. Minha rotina era levar a filha para a escola de manhã, ler jornal, jogar golfe… e esperar até o fim do dia. O tempo não passava. Não me adaptei.
E hoje, te falta tempo?
Não. Dá para fazer tudo. Não falta tempo, ânimo, vontade nem condição. Está tudo lindo.
E como a presidência da ESPM surgiu nesse contexto?
Eu já era conselheiro da escola. Armando Ferrentini e outros conselheiros me pediram para assumir a presidência. Como não gostei da aposentadoria, voltei para o Brasil. Estou aqui a partir daí, e essa é a minha quarta grande missão profissional.
Você citou Armando Ferrentini. Qual a importância dele para sua trajetória e para a ESPM?
Conheci o Armando no início da carreira, quando ele já era o jornalista mais importante da propaganda brasileira. Tornamo-nos amigos e ele foi quem me trouxe para o conselho da ESPM, além de me influenciar a assumir a presidência. Armando sempre defendeu a publicidade brasileira incondicionalmente. A ESPM não seria a mesma sem ele. Ele é um apaixonado pela escola e pelo setor, um verdadeiro irmão mais velho para mim.

O que aprendeu ao longo da carreira e leva para a ESPM?
Aprendi muita coisa, mas destaco duas. Primeiro: humildade. Se não for por virtude, que seja por inteligência. Segundo: a capacidade de se comunicar. Comunicar-se bem abre portas em qualquer profissão.
E de onde vem a motivação para liderar a ESPM?
Da paixão. Agências, Abril, minha agência e a ESPM: em todas mergulhei de corpo e alma. Aqui, conviver com jovens cheios de esperança de construir o futuro é transformador. A ESPM não é um trabalho, é uma missão.
Você tem contato direto com os alunos?
Tenho, mas com equilíbrio. Se fico muito disponível, quebro a cadeia de convívio e gestão. Mas converso quando me chamam, participo de eventos, circulo pela escola. Preciso preservar a estrutura, mas gosto desse contato.
A ESPM é reconhecida por unir teoria e prática. Como isso começou?
Desde 1951, quando foi criada. Publicitários brasileiros perceberam que agências internacionais instaladas aqui não encontravam mão de obra. Eles decidiram fundar uma escola para ensinar. Contaram com apoio de Pietro Maria Bardi, então diretor do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), que cedeu uma sala; e de Assis Chateaubriand, que financiou carteiras e professores. Assim nasceu a ESPM, no próprio Masp, trazendo o mercado para dentro da sala de aula.
Leia a entrevista completa na edição do propmark de 06 de outubro de 2025