Eu sempre trabalhei em agências grandes. Algumas, gigantes. Multinacionais com 300 e tantos funcionários, onde sempre encontrava nos elevadores algum colega de trabalho que eu ainda não conhecia. Isso fazia parte do glamour da profissão, ter o cartão de visitas de uma agência que, muitas vezes, era mais famosa do que os clientes que atendia. Eu, redator júnior, levava na carteira dezenas de cartões, que provavelmente não ia entregar pra ninguém, mas que impressionavam meus amigos que era uma beleza, cheio de consoantes e “&s” comerciais.

Essas grandes corporações, que no mundo têm milhares e milhares de funcionários e centenas e centenas de clientes, têm todo valor como grandes celeiros de ideias e talentos, mas acabam perdendo em agilidade, tão necessária num mundo onde tudo se acelerou e a velocidade do digital e das redes sociais fez as decisões tomadas em pé, no corredor, serem tão importantes quanto as tomadas nas salas imponentes das reuniões de board e C-level. A hierarquia acaba puxando o freio de mão de ideias que têm de acontecer já, serem colocadas em prática já. Não podem esperar. Esperou, o concorrente fez.

Certa vez, trabalhando numa dessas multinacionais, eu tive de esperar um bom tempo pra trocar minha cadeira, que tinha perdido uma das rodas e entortado, já que a autorização precisava atravessar o Atlântico, provavelmente a barco, e retornar com o chamegão do financeiro gringo. Aquele tempo na cadeira bamba foi torturante, mas me deu, pelo menos, a oportunidade de apurar meu dom de equilibrista.

Brincadeiras à parte, devo muito a todas essas empresas gigantes em que trabalhei. Foi nelas que, em cadeiras com todas as quatro rodinhas em perfeito estado, construí minha carreira, de estagiário a vice-presidente de criação, criando para marcas internacionais e “batendo bola” com alguns dos criativos mais premiados do mundo. Foi bom. Mas tudo mudou. O mundo mudou. O tempo das coisas mudou.

Hoje, temos a Moma. No nosso escritório, todo mundo esbarra toda hora em mim e no Fico Meirelles, meu sócio, mesmo que não queira. Todos estão perto, o que facilita as reuniões relâmpago, para as decisões que são pra já. Aqui, retomei minha paixão cega por criar. Criar mesmo, como redator, pegando o job do zero e indo até o produto final. Nas agências maiores eu acabava não tendo tempo para isso, já que tinha de aprovar o trabalho de dezenas de pessoas. Ou seja, meus clientes tinham o meu critério, mas não a minha caneta. Na Moma, se você contrata o Rodolfo e o Fico, você terá o Rodolfo e o Fico full time.

Na nossa agência independente, ninguém liga cobrando faturamento, receita, ebtida. Se queremos investir em alguma coisa importante, decidimos em pé, no café. Lembro que uma vez, num ano muito bom, em que todos trabalharam pesado e os resultados para nós e para os clientes apareceram, decidimos durante a festinha de fim de ano dar um décimo-quarto salário pra todo mundo. Fomos lá na frente, pedimos a palavra e pronto, anunciamos. Isso deixaria careca muito CFO por aí.

Numa agência menor e mais ágil, conseguimos desenhar uma solução feita especificamente para o problema, o prazo e o bolso de cada cliente. Nada de solução de prateleira, esperando o problema chegar. Cada caso é um caso. Primeiro analisamos a dor, para depois receitar o remédio. Sem panaceias. E nenhuma dor é pequena demais que não mereça a atenção de quem a agência tem de melhor para resolvê-la.

Essas são algumas das vantagens de ser pequeno. Ah, as rodinhas das nossas cadeiras também quebram de vez em quando. Mas a gente conserta rapidinho.

Rodolfo Sampaio é sócio e CCO da Moma (rodolfo@momapro.com.br)