Há pouco mais de cinco anos, solicitar a entrega de uma pizza ou um combinado de comida japonesa sem realizar uma ligação telefônica era algo praticamente impensável. Na época, poucos restaurantes contavam com plataformas digitais próprias para receber os pedidos e os apps de delivery ainda davam seus primeiros passos no Brasil. Com o constante crescimento da penetração dos smartphones entre os brasileiros, esse cenário foi se modificando ao longo do tempo. Hoje, segundo pesquisa elaborada pelo Ibope, 38% dos pedidos já são efetuados de forma on-line, seja por meio de aplicativos ou navegação pela web.
A consulta ágil ao cardápio, a comodidade de resolver tudo com apenas alguns cliques e a praticidade de, muitas vezes, já poder resolver a questão do pagamento no próprio app, foram fatores fundamentais para a transformação do perfil de consumo das pessoas no setor. Para atender o crescimento dessa demanda, boa parte dos restaurantes acompanharam a tendência do mercado e inseriram sua marca em marketplaces especializados.
Mas, ao enxergar essa mudança, muitos executivos se questionam sobre a necessidade de investir em suas próprias plataformas ou apostar em um marketplace. A verdade é que esse modelo ganha força ao oferecer uma facilidade ainda maior para um consumidor que, cada vez mais, valoriza a liberdade de escolha e a praticidade.
Encontrar diversos tipos de pratos e culinárias, ao invés de instalar 5 ou 10 apps de restaurantes, é o que atrai o público. Além de ocupar espaço na memória do smartphone, manter um aplicativo de uma marca é pouco funcional para o usuário. Apenas 36% dos apps baixados são realmente utilizados no primeiro mês de uso, de acordo com estudo da consultoria Flurry. Após seis meses, a retenção passa para 18% na média geral e, depois de um ano, para 11%.
Existem muitos motivos pelos quais os usuários deixam de usar alguns aplicativos, mas, na maioria dos casos, é porque ele foi baixado único e exclusivamente para ser utilizado em um determinado momento e não necessariamente com uma grande periocidade. Esse movimento não passa incólume no setor do delivery de comida. São poucos os consumidores que usam a aplicação de um restaurante mais do que duas vezes ao longo de um ano.
Diante desse contexto, investir no desenvolvimento do aplicativo próprio pode, em um primeiro momento, até parecer interessante pelo fato de representar um pilar de inovação e um diferencial de marketing. No entanto, em médio e longo prazo, o proprietário de restaurante percebe que a renovação de clientes é inócua, uma vez que a força de venda fica limitada apenas aos usuários que já conhecem a sua marca. Além disso, o estabelecimento que opta por esse caminho também acaba não tendo acesso a informações valiosas sobre os hábitos de consumo dos usuários em uma visão macroeconômica e, muito menos, conta com a consultoria do marketplace especializado para auxiliar, por exemplo, no aumento de visibilidade em uma determinada região ou bairro. Além disso, existe a necessidade de despender investimento em tecnologia e publicidade para promover o app.
Por tudo isso, agregar a marca em uma plataforma especializada é mais vantajoso do que ter um app próprio e essa lógica ainda fica mais evidente para estabelecimentos que ainda não possuem uma cultura de delivery implementada, ou seja, que não sabem como gerenciar a entrada de pedidos e os processos de logística. E, nesse caso, contribuem muito a curadoria dos marketplaces especializados. Marcar presença no online é ponto obrigatório hoje para qualquer negócio prosperar, porém, analisar o melhor ambiente virtual também é essencial dentro das estratégias de qualquer restaurante.
Bruna Rebello é administradora e gerente comercial do PedidosJá no Brasil