Uma carta contra o suposto “novo puritanismo” assinada pela atriz francesa Catherine Deneuve e outras 99 mulheres e publicada na terça-feira (9) no jornal Le Monde se posiciona contra a onda de denúncias de assédio que tomou conta de Hollywood nos últimos meses, começando pela que envolveu o produtor Harvey Weinstein, que teria assediado e estuprado mulheres durante décadas. Na carta, Deneuve e outras escritoras e atrizes francesas acusam tais movimentos de “caça às bruxas” que ameaçam a liberdade sexual.
“Estupro é crime mas tentar seduzir alguém, mesmo que de maneira persistente ou inconveniente não – nem o galanteio masculino é machismo”, defendeu a carta, que destaca o fato de que homens tem sido punidos e perdido seus empregos por tocarem a perna de mulheres, ou mesmo tentarem roubar um beijo.
A carta critica movimentos como o #MeToo – e o equivalente francês, #BalanceTonPorc – e o Time’s Up, fortemente lembrado na edição deste ano do Globo de Ouro americano. E fala de uma “onda de purificação puritana”, que vai para além dos limites da tomada de consciência da violência sexual exercida sobre as mulheres no ambiente de trabalho, onde certos homens de fato abusam do seu poder.
Deneuve, que tem 74 anos – e em seu currículo o emblemático “La Belle de Jour”, em que atua como uma dona de casa entediada, que decide passar as tardes vivendo como uma prostituta de luxo em um bordel – acredita que os movimentos levaram a um excesso, que no lugar de ajudar promove o ódio aos homens e à sexualidade.