Aconteceu, novamente. Não obstante todas as lições de Mariana, péssimos alunos que somos, demos de ombro, não fizemos a lição de casa e, num fim de semana, meses depois, a tragédia foi maior, ainda.

Em nossas vidas estamos mais acostumados e supostamente preparados para mortes do que para desaparecimentos. Muito especialmente desaparecimentos de pessoas que estavam bem ali, na nossa frente, e, de repente… Mais que, antes de morrer – claro, muitos morreram -, desapareceram. Muitos permanecerão na lista indefinidamente, pela falta protocolar de seus corpos desaparecidos.

No sábado, dia 17 de novembro de 2018, depois de um ano, finalmente, foi encontrado o submarino argentino que desapareceu com 44 tripulantes a bordo. A 907 metros de profundidade e a 600 km da costa.

Desaparecer é uma das características do mundo em que vivemos, em que objetos, coisas, pessoas, produtos e serviços desaparecem sem deixar notícias. Os últimos dados em relação ao Brasil registram 200 mil pessoas que desaparecem por ano. 40 mil são crianças; só na cidade de São Paulo, 11 pessoas somem por dia.

Mas, como os desaparecimentos acontecem no varejo, sem nenhum barulho ou repercussão, distante da vista das pessoas, nenhum registro e muito menos qualquer consciência sobre a dimensão dos desaparecimentos do cotidiano e da rotina de cada dia.

Who cares? Já na história, a lista de desaparecidos célebres – sem deixar rastro ou notícia – é descomunal. Artur I, duque da Bretanha; Eduardo V, da Inglaterra; D. Sebastião; William Morgan; Rudolf Diesel; Ambrose Bierce; Sacadura Cabral; Antoine de Saint-Exupéry; Ulysses Guimarães; e a linda menina de olhos claros Madeleine McCann, que sumiu no Algarve, Portugal. E até hoje, nada.

Brevemente, em um dos próximos artigos, prometo uma grande relação de produtos e serviços que desapareceram assim como chegaram, sem dar nenhuma notícia… Apenas foram… Tipo, patinetes elétricos…

Mas, se vocês quiserem antecipar-se e fazer um teste, abram as suas gavetas, certamente vão encontrar pequenos e
queridos produtos com importância mais que relevante em nossas vidas, que acreditávamos que jamais abriríamos mão, mas, de repente, eis um novo produto que presta o mesmo e ainda outros serviços com graus maiores de acessibilidade em todos os sentidos.

E, sem perceber, vamos deixando, esquecendo, ignorando o ótimo produto bem lá no fundo de nossas gavetas. Não desaparecidos, mas esquecidos e ignorados.

Lembram, pessoas não compram produtos, compram os serviços que os produtos prestam. E sempre que um novo produto presta o mesmo serviço de uma forma mais acessível e melhor em todos os sentidos, naturalmente, instintivamente, procede-se a troca. Do dia para a noite.

Somos assim. Na plena posse do juízo optamos pelo melhor. Sempre. Tomara que desta vez a indignação que toma conta do país converta-se em mudança de comportamento e atitudes de verdade.

E não apenas em mais uma notícia de uma grande e inaceitável tragédia, ou melhor, crime doloso, de um fim de semana qualquer, de um país onde eventos como esse fazem parte, lamentavelmente, de uma triste paisagem, de uma inaceitável e insuportável rotina.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)