A partir da análise de uso das imagens do próprio banco de dados e inputs da sua equipe global de antropólogos visuais e diretores de arte, a Getty Images traçou algumas tendências visuais e as principais ideias que influenciarão o design, a publicidade e as comunicações de marcas em 2016. Aparecem com força o desejo pelo extremo e sair do mainstream, mas também o desejo de buscar uma comunidade e engajar-se para o bem social mais amplo.
“As tendências abordam o lado social e cultural da linguagem visual do futuro, e procuram antever para quais imagens os consumidores serão mais responsivos no próximo ano”, explica Pamela Grossman, diretora de tendências visuais da Getty Images.
Segundo o estudo, serão tendências visuais e movimentos criativos no próximo ano a existência divina, a extensão humana, a insurgente (outsider in), o caos estético, o silêncio x barulho e o surrealismo. A tendência visual da existência divina tem a ver, segundo Pamela, com as imagens e as mensagens que possuem um elemento de espiritualidade, contemplação e bondade, que estão ressoando entre os consumidores. Tem a ver com a busca de propósito no centro das narrativas das marcas e a um senso de valor “de dentro para fora”.
“Temos visto muitas marcas de luxo usando imagens com significados de religião, santidade, misticismo e reverência. Os consumidores estão buscando experiências significativas e procuram conectar-se com algo maior do que eles mesmos, buscando propósito e iluminação. Temos visto imagens com tratamento de luz suave e celestial, que usam uma iconografia quase religiosa ou espiritual, ou ainda que são retratadas a partir do “ponto de vista de Deus”, do alto, fazendo o mundo parecer milagroso e um local do qual vale a pena cuidar”, diz Pamela.
Segunda tendência visual para 2016, a extensão humana é reflexo de como a tecnologia está mudando o jeito que vivemos nossa vida, compartilhamos nossas experiências e assimilamos nossos arredores. A tendência explora como a tecnologia se torna uma extensão das pessoas, desafiando os conceitos do que significa ser humano ao otimizar os corpos, expandir a capacidade de memória e criatividade e oferecer conectividade total.
A tendência insurgente tem a ver com o desafio aos limites: imagens que rompem com a tradição e o gosto popular mais audacioso. Aumenta o apetite por um ponto de vista único e elementos visuais que se destacam. Analisa o modo de pensar não convencional e a ruptura que vem dos outsiders na forma de rebeldes, excêntricos, não conformistas e anti-heróis.
“Essa tendência abraça os personagens rebeldes que não se parecem com modelos perfeitos. Ela retrata vigilantes, ativistas, iconoclastas. Eles são únicos, corajosos, não conformadores, marginais ou até mesmo totalmente estranhos. A tendência também celebra os estilos irreverentes, as sugestões contraculturais e o pensamento fora da caixa. Das seis tendências que iniciam uma nova era de ousadia e mindfulness essa é minha favorita, juntamente com caos estético. Sou grande fã do pensamento e do visual audacioso que fazem com que as pessoas acordem e prestem atenção”, observa Pamela.
Passo além
O caos estético é um passo além da previsibilidade e uma reação à perfeição muitas vezes prevista nas imagens publicitárias. A abordagem do caos estético à produção de imagens destaca-se em meio a um movimentado mercado de mesmices. As imagens são bagunçadas, sujas, suadas, viscerais, maravilhosas e horríveis ao mesmo tempo, e surgem do desejo de fugir da higienização e da previsibilidade da vida cotidiana e deleitar-se com o aspecto físico da natureza humana.
Da mesma forma, a tendência silêncio x barulho: o ano de 2016 promete ser cheio de extremos visuais, grandes contrastes e contradições estilísticas, e pode ser visto como um contraponto ao caos estético. As imagens são simples e minimalistas e abrem espaço para mensagens similares: suscintas e descomplicadas, mas lindamente executadas de forma a se sobressaírem quando contrastadas às imagens mais frenéticas.
Visualmente é o “menos é mais”, tanto na composição sobre obter um respiro, uma pausa, da sujeira visual e focar em uma imagem forte e pequena dentro de um espaço amplo e silencioso.
Surrealismo é uma tendência que se conecta, por exemplo, com fotógrafos usando um novo tipo de manipulação de fotografia para criar imagens lúdicas e muitas vezes surreais, aparentando, às vezes, uma versão do século 21 da psicodelia dos anos 1960. As imagens também são influenciadas por sonhos, pelo subconsciente e pelo movimento surrealista original. Em resposta a uma década dominada pela autenticidade e pelo realismo, há um apetite enorme pelo surreal e pelo inesperado.
“Eu sou uma nerd da história da arte e sempre amei o movimento surrealista, que surgiu entre as duas guerras mundiais. Ele surge a partir dos sonhos, do inconsciente, do autoexame e da vida de fantasia. Acho que ele oferece um jeito de sentir o maravilhoso e o mágico em tempos de perturbação. A tendência surrealista segue esse padrão, mas adiciona a ele uma camada de tecnologia e vida contemporânea. Trata-se de manipulação fotográfica, replicação, multiplicação e construção de mundos”, conclui Pamela.