O design do século XX talvez esteja velho. Pelo menos é essa a opinião do diretor geral do IED Brasil (Instituto Europeu di Design), Victor Megido, que analisa o design não mais relacionado ao ciclo de vida e embalagem do produto, mas sim ao redesenho do futuro. “O design passa a ser o motor dessa transformação, é por isso que vivemos uma revolução. Se olharmos para ele no século XX é velho, mas se olharmos para a sua missão no século XXI, ainda é muito nova”.
No mercado de design, segundo Megido, o Brasil já é uma economia criativa e passou a ter os propulsores da criatividade, com referências nacionais que deixaram as cópias de lado. O segmento é o terceiro maior setor que impulsiona a economia criativa, tanto no número de trabalhadores quanto empresas. Outro levantamento divulgado pela Federação da Indústria do Rio de Janeiro (Firjan), em 2014, revela que a indústria criativa conta com aproximadamente 251 mil empresas e emprega 892,5 mil profissionais no Brasil. Em 2013, o segmento movimentou cerca de R$ 126 bilhões (2,6% do PIB do país). O resultado coloca o Brasil entre os maiores produtores de criatividade do mundo, superando Espanha, Itália e Holanda.
“O mercado publicitário já deu ao mundo o seu melhor e se posicionou com uma proposta de Brasil muito criativa. O design está nessa fase de começar a ser reconhecido lá fora com proposta de brasilidade, sem cópias e interferências externas”, analisa.
Essas e outras discussões vão estar em pauta na quinta edição da DW! São Paulo Design Weekend. O evento acontece em São Paulo dos dias 10 a 14 de agosto e está agrupado em três grupos: Feiras e Congressos, Instituições de Ensino e os Design Districts.
O IED Brasil entra no circuito como uma das instituições de ensino ao lado da EBAC (Escola Britânica de Artes Criativas), Centro Universitário Belas Artes e Senac. Na programação serão cinco exposições, conferências e talks com grandes nomes, como a exposição “Design é…”, em comemoração aos cinco anos do evento, com curadoria de Marcelo Lopes, além do encontro “Mestres da madeira”.
O cenário da formação de designers no Brasil já é diferente do que há dez anos. Hoje, explica Megido, as universidades privadas valorizam a graduação e já são 129 centros de design autorizados, somadas às instituições públicas. “Estamos educando um novo olhar e precisamos internacionalizar o design em uma experiência cosmopolita”, pondera. “O profissional é aquele que vai sempre dialogar com outras disciplinas, conversando com outras profissões e desenvolvendo ações que partem de uma necessidade de bem-estar”.
No Brasil, a indústria do design, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Design, tem faturamento de R$ 660 milhões e a previsão, até 2018, é de R$ 2,5 bilhões. Há cerca de 970 empresas de design (pequenas e médias são maioria). Todos os anos, as universidades formam 13 mil profissionais de design no país e cerca de 38% de todas as entregas do setor passam pelo design gráfico.
Megido fala que a revolução do design é uma expressão muito usada entre os pesquisadores, e ela está diretamente relacionada a maneira como cada um vê as mudanças do mundo. A reinvenção dos serviços e dos mercados faz parte disso. “Os taxistas viveram um tsunami por conta de uma inovação de novos serviços que atende a uma nova demanda e regras do jogo, por exemplo. Quem vive o protecionismo acaba sofrendo mais com a crise. Os que vivem com a crise, conseguem oferecer novas soluções”.
O DW!, explica Megido, proporciona conversas para que as pessoas possam entender como podem se reinventar. Segundo ele, os jovens de 18 a 24 anos não têm interesse de manter o status quo e as regras do jogo, eles querem mudar as coisas em benefícios das pessoas, por isso o corporativismo e o protecionismo podem cair. “O design é como uma nave espacial indo para o futuro. O design de produto já é velho e daqui a 30 anos, seremos designers de órgãos artificiais, serviços que vão substituir outros, e falar de design gráfico será velho também” finaliza.
Programação
O DW! São Paulo Design Weekend tem como objetivo promover a cultura do design e suas conexões com a arquitetura, arte, decoração, urbanismo, sustentabilidade, inclusão social, negócios e inovação tecnológica. Serão mais de 150 atrações em um evento idealizado por Lauro Andrade, diretor da Summit-Promo, com curadoria e co-curadoria dos jornalistas Clarissa Schneider e Simões Neto, respectivamente.
Nos ‘Design Districts’ estão o D&D Shopping, Alameda Gabriel, Jardins, Paulista, Pinheiros, Vila Madalena, Centro e Shopping Lar Center. Nas ‘Feiras e Congressos’, fazem parte da programação High Design – Home & Office Expo, Made, Greenbuilsing Expo 2016 e Casa Cor Arte & Design.
O Lounge Casa Cor, por exemplo, será um espaço instalado na Art Design Village, no Jockey Club de São Paulo, que sediará um ciclo de palestras sobre o universo do design, arquitetura, decoração, ministradas por profissionais do segmento.
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