Presidente de uma das empresas de design mais conceituadas e tradicionais do mercado, Mario Narita será jurado pela primeira vez no Festival de Cannes. Representante brasileiro em Design Lions, Narita acredita que um excelente trabalho na área precisa se conectar emocionalmente com o ser humano, tocar o consumidor para ser realmente efetivo e trazer retorno. À frente da Narita Design, que já desenvolveu vários projetos para outros países, ele disse que está, inclusive,  estudando os termos utilizados na língua inglesa em temas atuais, para manter uma discussão de mais qualidade no júri. Confira a sua entrevista concedida ao PROPMARK.

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SONHO 

Além de ser a realização de um sonho pessoal, ser jurado é a certeza de que terei uma experiência rica em termos de aprendizado. O design tem avançado muito nos últimos anos, ganhando uma relevância expressiva junto a outras categorias e players do mercado. Poder analisar com mais profundidade inúmeros trabalhos, dialogar com um júri global e ver a dinâmica de entrega de outros designers me motiva muito. Estou certo que encontrarei isso lá este ano!

DIFERENTES CULTURAS
Estou muito feliz. É um privilégio participar de um júri tão significativo como Cannes. É bacana ver diferentes culturas, diferentes pontos de vistas. Sinto-me lisonjeado e recompensado por estar nessa indústria por mais de 40 anos. Visitei o festival três vezes, como delegado, e dava para imaginar a eficiente organização por trás deste evento. Agora aprenderei vendo os bastidores e poderei contribuir mais de perto. Certa vez li uma reportagem de uma diretora de criação mundial de um grande grupo publicitário que, segundo ela, participar do corpo de jurados foi uma das experiências mais significativas da vida dela. Então, já fico imaginando o impacto que isso me causará julgando as peças globais e convivendo com jurados de culturas totalmente diferentes. Estou entusiasmado!

CRITÉRIOS
Como designer, tenho a convicção de que um excelente trabalho precisa se conectar emocionalmente com o ser humano, gerando empatia e, como resultado, teremos um verdadeiro diálogo. E toda essa conexão deverá ser embalada em uma linguagem diferenciada, atrativa e original. Portanto, pessoalmente, analisarei se a peça toca o consumidor, se ela é efetiva e chama a atenção.

EFETIVIDADE
Vivemos uma nova fase do design, com o propósito de ser mais efetivo para o resultado. Essa parte do effectiveness entrando como premiação é muito interessante. Antes, ficava muito difícil participar de uma grande premiação. Mas agora com o effectiveness, parece que o negócio está mais próximo da gente. Eu acho que o dinheiro está muito curto e as coisas precisam ser muito mais efetivas. É um ponto de vista de ter o design com o propósito de ser mais efetivo com retorno financeiro. Existe um outro ponto de vista, mas essa é uma formação do momento.

TENDÊNCIAS
Acredito que um trabalho atual tem integração com plataformas digitais, favorece novas experiências, tem um impacto positivo para o meio ambiente, ou social, e, claro, traz retorno para o cliente.

O QUE VER
Espero ver tendências, inovações e o futuro. Dizem que Cannes premia o passado, mas precisamos ver os trabalhos que serão premiados porque eles apontarão o futuro.

PREPARATIVOS
Estou analisando resultados dos últimos festivais para entender melhor a sua evolução; conversando com jurados anteriores para aprender com as suas experiências e estudando os termos utilizados na língua inglesa em temas atuais, para manter uma discussão de mais qualidade. Também estou aberto para receber e conhecer mais de perto o trabalho das agências brasileiras.

OBJETIVIDADE
De acordo com a organização de Cannes, teremos uma média de dois minutos para análise de cada peça e somado a relatos de jurados anteriores de que o volume de trabalho a ser julgado é altíssimo, acho que inevitavelmente tudo isso gerará uma certa fadiga após horas de trabalho. Portanto, a simplicidade e a objetividade na apresentação dos cases serão vitais. Mostrem a ideia, como foi feito e o impacto que causou. Não cheguei a ver todo material inscrito. Ainda tem muita coisa.