“Somos todos designers” foi a frase que José Colucci, diretor sênior de Portfólio e parceiro associado da Ideo, abriu Design Matters, promovido pela Adobe Brasil. O evento realizado nesta quarta-feira (12) explorou as práticas e processos em que o Design Thinking aplicado aos negócios pode trazer vantagem competitiva.
Durante sua apresentação, Colucci compartilhou cases e experiências da Ideo e afirma que desde a década de 80 o design mudou muito, mas uma coisa continua igual: o design começa nos seres humanos. Para ter o insight, é importante interagir com os usuários levando serviços inovadores.
Quem popularizou o Design Thinking foi justamente a Ideo, uma das maiores empresas de design, inovação e experiência do mundo, localizada em Palo Alto, na Califórnia. A empresa se define “com mais de 600 funcionários, 10 estúdios, 35 anos de inovação e um mouse da Apple”. Ao desenvolver esse produto, mudaram a relação do que já existia no mercado para o usuário. Eles focam suas atividades no Human Centered Design, que concentram as inspirações da companhia nos seres humanos.
Para aplicar esse estilo de criação, eles se concentram em alguns pontos. Primeiro é a necessidade de fazer perguntas ao usuário e ter consciência de que as pessoas ‘não fazem o que dizem que fazem’, ‘não fazem o que a empresa acha que elas fazem’ e ‘não fazem o que elas mesmas acham que elas fazem’. “Por isso, o pensamento intuitivo faz a abordagem ser mais visceral e menos analítica”. E para ser inovador? Colucci responde. “Com a incrementação melhoramos o que já temos, com a evolução geramos produtos com adaptação. Com a revolução criamos novos produtos com novos usuários. Veja o problema e vá até ele, vivencie isso”.
Esse é o caso do Uber no Brasil, explica Colucci. Com um serviço novo, ele muda a experiência dos usuários com o que já é oferecido pelo sistema dos táxis. A forma como o aplicativo atua revoluciona o mercado e gera instabilidades. Devido a isso, segundo ele, existem resistências em relação às mudanças.
Por isso, o designer deve viver o problema, sempre focado no pensamento intuitivo. “Problemas não resolvidos pela indústria podem ser resolvidos pelo designer. Observe os extremos e também as gambiarras. Delas encontramos respostas e soluções”, explica Colucci.
Gisela Schulzinger, CBO na Pande Design, professora de Design da ESPM e presidente da Abre, e Fred Gelli, da Tátil e professor da PUC-Rio, também participaram do encontro que mostrou como o design pode transformar a maneira como as empresas desenvolvem seus projetos, serviços e técnicas para a aplicação das melhores estratégias.
Novos tempos, segundo Gisela, exigem novas atitudes, e quem se adapta consegue sobreviver às mudanças. Por isso, ter um pensamento inovador, para ela, é pensar grandes possibilidades e as oportunidades já existentes. Com uma forte onda de economia compartilhada, reforçada não só pelo sucesso do Uber, mas também do Airbnb, como também as resignificações das relações sociais, mudam a velocidade e a maneira de entender o significado das marcas.
“Precisamos manter a relevância e continuar sendo importantes com o passar dos anos. Todos terão que rever seus papéis e definir novos caminhos, atentos aos movimentos e novas exigências da sociedade. Adotar uma postura de agentes de mudança e não sermos refém dos obstáculos. Design é mais observação do que criatividade”, explica Gisela.
Gelli ressaltou que o design estabelece novas conexões e que é preciso interpretar a realidade para gerar benefícios. E o Design Thinking, segundo ele, é a base do jeito como ele olha para as coisas. O designer foi considerado um dos 100 mais criativos do mundo segundo a revista americana Fast Company e sua empresa foi responsável por criar o símbolo dos Jogos Paralímpicos 2016. “Não desenhamos para alguém, mas com alguém. Nove das dez empresas mais inovadoras do mundo tem designer como CEOs”.
O conceito de Design Thinking pensa a criação como um novo produto fora dos modelos tradicionais, conquistando os melhores resultados e aumentando a retenção de clientes. Em inglês pode significar “pensar” ou até mesmo “achar”e é um novo jeito de pensar e abordar problemas. Esse modelo de pensamento é focado nas pessoas e é considerado uma abordagem e não uma metodologia. Não há uma fórmula estratégica pronta e estática, mas uma releitura a partir da demanda de quem usa.
Adobe Creative Cloud
Head da Adobe na América Latina, Federico Grosso mediou o debate entre os participantes e também apresentou a nova versão da Adobe Creative Cloud (CC) 2015.
A experiência mobile, segundo Grosso, é liderada por essas experiências e as capturas de imagens pelo telefone são constantes. Pensando nisso, a companhia apresenta os Creative Apps, que são aplicativos com as ferramentas de design presentes nos pacotes da Adobe, mas que facilitam seu uso e agilizam as edições das mais variadas mídias.
Além disso, o Adobe Digital Publishing (DPS) foi totalmente reformulado e é uma das novidades da atualização da CC 2015. A ferramenta permite que as empresas criem e publiquem aplicativos para dispositivos móveis sem a necessidade de programação. O acesso aos ativos essenciais de cada projeto se tornou instantâneo e pode ser organizado, compartilhado e sincronizado com toda a equipe pela tecnologia na nuvem.