Mãe, Pai-Mãe, Tia-Mãe, Duas-Mães, Avó-Mãe, Sogra-Mãe… com tantas composições, o Dia das Mães é uma data importante para os brasileiros. Ponto mais alto do calendário do comércio, atrás apenas do Natal, o segundo domingo do mês de maio mobiliza os dois lados do balcão.
Marcado para o dia 12, a data deve ter um crescimento tímido, segundo algumas análises. A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) estima alta real de 3,8% das vendas em relação ao ano anterior. O volume é esperado em R$ 9,7 bilhões, quase o equivalente a 2014 (R$ 9,6 bi). Em nota, a entidade chama a data de “Natal do primeiro trimestre” e fala que, uma vez confirmada essa expectativa, será o terceiro ano consecutivo de aumento real.
A entidade destaca os setores perfumarias e cosméticos (+11,1%) e lojas de vestuário, calçados e acessórios (+10,1%), segmento que deve ter movimentação de R$ 3,8 bi (39% do total). Já as vendas no ramo de livrarias e papelaria devem ter perda média de 21% este ano.
Força do online
De olho nas vendas online, a a Ebit|Nielsen aponta que o e-commerce deve vender R$2,2 bilhões na data, alta de 5% nominal na comparação com o faturamento de 2018 (R$2,11 bi). O número de pedidos deve sofrer expansão de 26%, para 5,8 milhões, mas o tíquete médio deverá ter retração de 16%, para R$383.
Ana Szasz, head da Ebit|Nielsen, essa queda em detrimento da alta nos pedidos mostra que os filhos estarão mais comedidos para presentear. “Mas é importante lembrar que neste mesmo período do ano passado, as vendas de TVs estavam muito aquecidas por conta da proximidade da Copa do Mundo. Esse fator sazonal também impacta na nossa expectativa de redução do valor para 2019”, disse.
Outra observação é que este ano o e-commerce está registrando um volume grande de vendas da categoria Cosméticos e Saúde, que têm tíquete médio menor. Livros, smartphones, tênis, perfumes e calçados estão entre os produtos mais comprados para presentear. O levantamento considera a previsão de compras entre os dias 20 de abril a 8 de maio.
Já a Criteo, plataforma de anúncios para a internet aberta, estimou que a data deve seguir tendências parecidas com 2018. Moda, Artigos para Casa e Grandes Varejistas tiveram, respectivamente, alta de 27%, 17% e 11% nas taxas de conversão, cerca de 14 dias antes.
Alessander Firmino, diretor-geral da Criteo para o Brasil e América Latina, ressalta que uma boa estratégia é fundamental para aproveitar o período. “É importante investir na otimização dos canais mobile, em ferramentas de produtos patrocinados, retargeting e anúncios paid display para impactar no momento certo. O ideal é traçar estratégias omnichannel que acompanhem o consumidor na jornada de compra, e pensar em quem compra na última hora”, diz.
A empresa analisou transações online de 82 anunciantes do Brasil. Foram consideradas mais de 8,3 milhões de vendas em desktops, smartphones e tablets. A Criteo avalia ainda que “Grandes Varejistas” devem se preparar para picos de vendas antes e depois da data. Na última edição, logo após o evento, as vendas aumentaram 46%.
Uma pesquisa da OLX identificou que 71% dos respondentes devem presentear e 44% têm mais flexibilidade para investir. A intenção de compras é liderada por moda e acessórios com 75%. Em seguida estão eletrodomésticos (45%), móveis e itens para casa (44%), eletrônicos (41%) e celulares (40%). O estudo foi feito online de 28 a 31 de janeiro com 1.010 pessoas, acima de 18 anos e de todas as regiões e classes sociais.
Timidez e preparação
A visão da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), cuja pesquisa deve sair dia 8 de maio, é um pouco menos otimista. Usando o modelo de projeção do ano, a avaliação é de que as vendas no mês serão pouco expressivas: crescimento de até 3%.
Altamiro Carvalho, assessor técnico da FecomercioSP, comenta que o ano deve ter uma recuperação em vestuário, mas em função da queda do ano passado. “A oferta está menor, tem menos volume emprestado, e as taxas de juros subiram. E isso num cenário em que o desemprego está resistente em cair, o que gera incertezas”, diz. De acordo com ele, o comércio tomou todas as medidas para alavancar a data, como sorteios e promoções. “O varejo tem interesse em liquidez. A questão é que o consumidor não está num momento muito propício”, analisa.