Executivos ouvidos pelo propmark contam o que esperar do mercado nos próximos anos

Comemorado na última quarta-feira, o Dia Mundial da Propaganda foi criado em homenagem ao que é considerado o primeiro congresso de profissionais da publicidade, realizado em Buenos Aires, Argentina, no dia 4 de dezembro de 1936.

Um ano depois, segundo os dados históricos, a data passou a ser comemorada como o Dia Pan-Americano da Propaganda, tornando-se o Dia Mundial da Propaganda a partir de 1970.

Mais de 50 anos depois, o dia é celebrado com os olhos voltados para o futuro. Afinal, o que esperar da publicidade do futuro? Por exemplo, Ricardo John, partner e ECD da Isla, fala que vê a publicidade numa encruzilhada ética entre combater a desinformação e ou fazer parte dela.

"A publicidade e os publicitários vão ter de embarcar nesse tema e engajar as marcas nele, porque eu acho que é um dos temas, junto com mudança climática, mais urgentes que pode ter", disse.

Já para Rianni Bertoldo, CEO da Moringa, a publicidade do futuro vai abraçar os conceitos amplificados da comunicação. "Será também o momento de fortalecer o diálogo e das relações mais horizontais. A comunicação como via de mão dupla. O cliente será ouvido e as as marcas serão mais transparentes", apostou.

“A publicidade terá de ser ainda mais criativa para se destacar no tsunami de mediocridade causado pela pulverização de mídia, personalização de mensagens e pausterização causada pelas influencers e creators que surfam trends. Uma grande ideia vai valer ainda mais porque poucas serão as que se destacarão. O meio já não me importa porque a gente não sabe o que virá. A ideia, sim, essa vai continuar sendo o valor da nossa profissão" Manir Fadel, CEO e CCO da Grey
"Eu vejo a publicidade numa encruzilhada ética entre combater a desinformação e ou fazer parte dela. A publicidade e os publicitários vão ter de embarcar nesse tema e engajar as marcas nele, porque eu acho que é um dos temas, junto com mudança climática, mais urgentes que pode ter. E é um lugar onde a criatividade pode ser realmente eficaz. Para além disso, as marcas vão continuar precisando muito de propagandas que saltem, ideias que fugem dos algoritmos ou que formem novos algoritmos" Ricardo John, partner e ECD da Isla
"A publicidade do futuro precisa trazer propósito verdadeiro para as marcas, com menos oportunismo e mais verdade e transparência. Não existe construção de valor com causas e bandeiras que podemos levantar sem que essa união faça sentido para os consumidores, sem que isso não seja construído junto. As novas gerações vão levantar bandeiras e perceber se é só hype ou, se é real, e fazer suas escolhas mais com base nisso do que no produto em si. Essa é a beleza humana, e nós também vamos ser melhores no futuro, com o pensamento voltado para a construção desse mundo melhor para todos, e isso também vai se refletir nas abordagens da publicidade. Agora, nem tudo é AI, mas quase tudo será AI, tecnologia e humano" Alexandre Ravagnani, diretor-executivo de criação da Oliver
"A publicidade do futuro é focada, segmentada, personalizada e, como nunca, humanizada" Iron Neto, sócio e head de estratégia criativa da Todos.
"Eu imagino uma publicidade em que as pessoas se conectem umas com as outras sem ruídos, sem fricções, sem limitações geográficas e sem egos. Eu imagino um futuro em que a tecnologia seja tão fantástica e tão extraordinária que ela se torne 100% invisível. Imagino uma publicidade em que os jovens enxerguem um campo vasto e ilimitado para desenvolver seus talentos e expressarem sua criatividade de maneira plena. Imagino uma publicidade que impulsione negócios e marcas, mas que também alimente a evolução da nossa sociedade" Paulo Sanna, sócio e CEO da Mestiça 
"A publicidade sempre acompanha as movimentações da sociedade. Diante disso, acredito que ela deverá ser uma peça fundamental para compreendermos melhor os efeitos do ESG e indicar como as marcas podem participar dessa conversa. Da mesma forma, a publicidade pode contribuir, gradativamente, para termos uma compreensão de um mundo mais diverso. Do ponto de vista de produção, assim como antes tínhamos aprovações de fotolito e envios de filmes por fita para as emissoras, agora teremos a inteligência artificial para nos ajudar a evoluir. E, por fim, uma consolidação do Retail Media. Marcas que antes eram apenas anunciantes, serão cada vez mais veículos e vice-versa. Isso atribuirá ainda mais responsabilidade para as agências junto aos seus clientes para trabalhar o mix de comunicação" Tatiana Pacheco, COO da Cheil Brasil
"Hoje, estamos caminhando para um cenário cada vez mais descentralizado de pontos de contato, redes sociais, hábitos de consumo de meios e de ferramentas que as marcas têm disponíveis para se comunicar - como creators, passion points, games, novas tecnologias. Considerando isso, acredito que o futuro será sobre as marcas exercitarem as plataformas e as narrativas de forma cada vez mais diferente, disruptiva e não linear para construir as histórias das suas marcas. Mas, ao mesmo tempo, com o desafio de como manter a potência e a consistência da história nesse cenário cada vez mais descentralizado. Ao mesmo tempo que tem essa mega liberdade criativa de chegarmos em campanhas com formatos de narrativas inéditos, diferentes e únicos, haverá o desafio de fazer a história continuar sendo o elemento central" Bruna Pastorini, sócio e CSO da Druid
"A publicidade do futuro não será apenas sobre inteligência artificial, ferramentas generativas ou escalonamento da produção de peças, conteúdos, etc. O ponto crucial para mim será, no meio da polarização extrema da mídia e de um déficit de atenção, ter marcas que irão criar ecossistemas de branding super atrativos para os seus consumidores. As marcas que conseguirem realmente carimbar seu espaço no branding - seja no digital, usando ou não IA, usando ou não ferramentas super tecnológicas - irão conquistar atenção e um espaço no coração e no bolso de seus clientes" Caio Aidar, CEO da CDR+
"Vejo mudanças promissoras. A publicidade do futuro vai abraçar definitivamente os conceitos amplificados da comunicação. É o cliente no centro das decisões. As marcas estão por ele e para ele. Será também o momento de fortalecer o diálogo e das relações mais horizontais. A comunicação como via de mão dupla. O cliente será ouvido e as as marcas serão mais transparentes. Conveniência e novos devices - as marcas precisam possibilitar fácil acesso a qualquer momento, em qualquer device. É o uso da tecnologia facilitando cada vez mais as relações" Rianni Bertoldo, CEO da Moringa
"A tecnologia vai continuar trazendo mudanças significativas na comunicação. Segmentações mais personalizadas e inteligência artificial trarão mais assertividade e agilidade, mas acreditamos que o poder dos Creators crescerá. Eles serão cada vez mais veículos principais, mas de forma mais autêntica e colaborativa, e terão papel importante em uma publicidade mais representativa, mais diversa, sustentável e ética" Thiago Bispo, VP de negócios da BR Media 
"A publicidade no futuro será muito mais ampla do que é hoje. Imagino um cenário onde as conversas entre marcas e pessoas fluam naturalmente ao longo de toda a jornada de compra, sem interrupções, com interações relevantes que vão além da personalização. Será uma publicidade dedicada, planejada e criada para entregar impacto e valor às audiências, consumidores e shoppers" Leandro Veríssimo, sócio e head de estratégia da Shopper Action
"A publicidade deixou de ser uma comunicação de mão única e, com certeza, o futuro que nos espera terá muitos dados, diferentes ferramentas e inteligência artificial para criar experiências personalizadas, com mídias sendo entregues no contexto perfeito e com interações que vão permitir às marcas se envolverem com os consumidores de formas mais assertivas em diferentes plataformas. O avanço na quantidade de pessoas acessando TVs conectadas também trará novas possibilidades para a publicidade que, com o suporte de pesquisas de consumo e de métricas de atenção, gerarão valiosos insights, aprendizados e oportunidades para as marcas" Lilian Prado, country manager da ShowHeroes Brasil
"A publicidade sempre foi uma força que antecipa tendências e se adapta ao comportamento do consumidor. No entanto, o futuro da publicidade será ainda mais marcado pela integração de dados, inteligência artificial, novas tecnologias e uma comunicação mais autêntica e personalizada. As marcas terão um papel central, não apenas como promotoras de produtos, mas como líderes da transformação, conectando-se com o público de maneira mais genuína e relevante. O uso de dados em tempo real permitirá campanhas mais direcionadas, enquanto a inteligência artificial otimizará a personalização e a automação da publicidade, tornando-a mais eficiente e assertiva. Tecnologias como o 5G, realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR) também proporcionarão novas formas de engajamento, oferecendo experiências mais imersivas e interativas. Para se manterem competitivas, as marcas precisarão estar atentas a essas mudanças e prontas para inovar, adaptando-se rapidamente às novas plataformas e ao consumo cada vez mais dinâmico. Nesse contexto, o trabalho da publicidade será fundamental para orientar e facilitar essa adaptação, utilizando tecnologias para criar experiências relevantes, sem perder a autenticidade e o propósito. O futuro da publicidade já começou, e as marcas que souberem navegar por esse novo cenário, estarão sempre à frente das inovações" Flávia Altheman, CEO da Magenta
"Talvez esta seja a pergunta de alguns bilhões de dólares, mas por aqui nos permitimos explorar algumas perspectivas. Percebo que a publicidade será cada vez mais segmentada e distribuída entre uma ampla diversidade de canais e fatores de influência. Múltiplas interações ocorrendo simultaneamente, em diversas plataformas e múltiplas telas. Seremos diferentes personas, cada uma imersa em seu próprio contexto e preferências — quem sabe uma materialização do metaverso no cotidiano. Os conteúdos desenvolvidos por Inteligência Artificial devem proporcionar às marcas a capacidade de criar campanhas com um nível de refinamento estético equivalente. Consequentemente, vai demandar uma diferenciação mais acentuada nos conceitos e nos posicionamentos de marca. Se hoje estamos a um clique de adquirir, no futuro imagino que estaremos em transações constantes, mais simples do que um clique. O futuro da publicidade passa por abandonar a dependência de formatos que demandam altos investimentos e geram baixo impacto. Visualizo um cenário mais coletivo, colaborativo e inclusivo — não apenas como uma escolha, mas como uma condição essencial para a construção do futuro" Caroline Swinka, sócia e COO da SoWhat
"Este novo futuro é sobre conexões verdadeiras. A inteligência artificial permitirá experiências ainda mais imersivas, onde vamos poder interagir com as marcas assim como interagimos com nossos amigos, tornando cada compra uma memória. Com o avanço das possibilidades de personalização, encontraremos produtos que realmente ressoam com nossa essência, alinhando necessidades e soluções. Práticas responsáveis transformarão a publicidade em uma jornada otimista, onde comunicação e marcas se tornam aliadas em nosso crescimento. Juntos, criaremos um ambiente onde a criatividade sonora e a tecnologia se harmonizam, transformando cada interação em uma experiência significativa" Henrique Tanji, sócio e diretor da Bumblebeat / Ritmika
"Acredito que a publicidade do futuro, que na verdade já começou, será definida por três pilares principais: fragmentação, automação e personalização. A fragmentação está na diversificação de canais e na constante adaptação de mensagens a diferentes plataformas e contextos. A automação se beneficiará principalmente da inteligência artificial, permitindo que o foco esteja na criatividade e na estratégia, que é onde o talento humano faz a diferença. Por fim, a personalização garantirá que as campanhas sejam direcionadas individualmente, criando conexões mais profundas, reais e relevantes entre marcas e consumidores" Leonardo Oliveira, diretor digital para América Latina da Hogarth Brasil
"Acreditamos que a publicidade no futuro se comunicará cada vez mais com o consumidor final e seus nichos específicos; e contará cada vez mais com as novas ferramentas que já estamos vendo ocupar o mercado, como IA e novas tecnologias de captação" Mel Chapaval, sócia e produtora-executiva da Ginga Pictures
"A publicidade no futuro será cada vez mais movida pelo uso de dados. A era da inteligência artificial generativa já demonstra significativos avanços para a dinamização de conteúdos, o que, em um futuro não tão distante, vai possibilitar a hiperpersonalização de conteúdos publicitários e mídias direcionadas, resultando em uma maior conversão de clientes para os serviços e produtos que realmente os interessam" Cayan Lobo, diretor de estratégia criativa da MAP Brasil
"O futuro da publicidade está cada vez mais direcionado para experiências reais entre marca e consumidores. Eventos, ativações, lojas conceito, cafeterias e ativações pop up criam conexão emocional e conseguem capturar a atenção plena do cliente por um período de tempo muito maior do que um conteúdo nas redes sociais ou em 30 segundos na televisão. O controle de narrativa de um evento vai muito além do visual e da mensagem falada. O ambiente permite aguçar todos os sentidos do público, surpreender, encantar, experimentar o produto, se aproximar realmente do 'reason why' por trás de cada marca. Vejo no futuro próximo as campanhas publicitárias tendo eventos como ponto de partida e se apoiando na experiência para gerar desdobramentos de conteúdos online" Felipe Malta, CEO da F/Malta
"A publicidade do futuro será cada vez mais personalizada, integrada e ética, com o uso intensivo de tecnologia para criar experiências mais significativas para os consumidores. Entre as tendências que vejo estão a hiperpersonalização com IA; realidade aumentada e virtual; publicidade contextual e sem cookies; sustentabilidade e impacto social; e experiências interativas. Mas vou destacar a mídia OOH conectada. Veremos mais painéis digitais interativos e conectados, integrados ao 5G, que tornarão a publicidade OOH ainda mais dinâmica, com mensagens baseadas no fluxo de pessoas, clima e eventos locais em tempo real. Em resumo: a publicidade no futuro será um equilíbrio entre tecnologia, ética e criatividade, com o objetivo de inspirar, informar e melhorar a vida dos consumidores enquanto mantém a relevância cultural e social" Felipe Davis, CEO da OOH Brasil

(Crédito: Foto de Marc-Olivier Jodoin na Unsplash)