A pandemia reforçou algo que já sabíamos: não se dá mais um só passo nos negócios sem passar por uma ferramenta digital. Estamos chegando àquele ponto em que não se comenta mais sobre as plataformas e ferramentas digitais como algo em separado dos demais processos: elas simplesmente estão integradas ao todo, seja como protagonistas ou como complementares.

Vejamos o que está se passando com o comércio. Cada vez mais, as estratégias estão voltadas a uma integração entre o e-commerce e o presencial. Pensar em e-commerce agora é mandatório, mas não dá para relegar a um segundo plano as vendas presenciais, que ainda representam nada menos do que 90% do total do comércio.

Numa conversa recente com especialistas de trade marketing, surgiu o termo total commerce, ou seja: o comércio visto de forma holística, pensando em todas as formas de se estabelecer contato com o potencial consumidor.

Omnichanell é a palavra da vez. As grandes redes varejistas se espelham nas iniciativas chinesas e repensam suas operações, não simplesmente como revendedoras de produtos próprios, mas completos marketplaces, onde tudo pode ser oferecido. Assim, uma grande e sólida base de dados de consumidores passa a ser o que há de mais precioso nessas redes.

Magalu apontou o caminho aqui no Brasil e puxa a fila de outras grandes redes, que tentam tirar o atraso num processo desenfreado de aquisições e ampliação do leque de ferramentas para processar dados e atuar de forma mais abrangente.

Se vendemos roupas ou eletrodomésticos, podemos também vender seguro, serviços financeiros, qualquer coisa. O importante é ter uma boa base de dados, formada por clientes ativos.

Muita movimentação está acontecendo nas grandes redes e parece ser somente a ponta do iceberg. E, na parte oculta desse iceberg, está toda a parafernália digital que permite essa ampliação de espectro. No campo das megaplataformas, Amazon, Apple, Facebook, Google e Microsoft, o gigantismo e a ação tentacular dessas empresas preocupam governos e órgãos, que se esforçam em garantir uma competição sadia. Onde chegarão esses titãs, que já apresentam faturamento maior que o PIB de muitos países?

Como frear esses “buracos negros” do universo digital, que, num processo de aquisições e crescimento orgânico sem fim, atraem cada vez mais riqueza, alijando concorrência?

Independentemente dessas questões, o fato é que os reacionários à avalanche digital estão sendo literalmente atropelados e reduzidos ao status de jurássicos.

Incorporar conhecimento digital é vital para a sobrevivência de empresas e profissionais. É claro que programação em TI, desenvolvimento de apps mais sofisticados e especialidades mais técnicas são para profissionais que queiram se aprofundar mais sobre o universo digital.

Mas ter o pleno conhecimento das possibilidades é um dever de todos os profissionais, gestores e estrategistas de marcas e negócios. Até para rever sua plataforma de negócios ou carreira profissional.

E não faltam opções para buscar esse conhecimento, inclusive a de cursos rápidos e variados, alguns tratando de estratégia digital, com uma abordagem mais abrangente, e outros mais específicos, focados na gestão de redes sociais, otimização de ferramentas de searching ou analytics.

E aí está a LGPD, que veio para evitar o mau uso de dados. É preciso estar a par disso tudo. Não necessariamente ser um expert em tudo. O importante é não ficar por fora.

Para os millennials, tudo o que está exposto aqui pode parecer óbvio, mas sabemos que muitos de nós, profissionais de marketing e comunicação, precisamos de reciclagem e absorção de conhecimento constante para não perder a corrida frenética dos negócios.

O digital está em todas as partes e deve estar no seu radar também. Hoje, amanhã, sempre.

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)