A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) multou o Google em US$ 170 milhões por violações da privacidade de crianças no YouTube.

Segundo o acordo divulgado nesta quinta-feira (5), a plataforma monitorava o histórico de visualização de crianças e usava seus dados sem consentimento dos pais para vender anúncios.

Mudanças na casa

No dia anterior à divulgação da multa, Susan Wojcicki, CEO do YouTube, publicou no blog oficial da empresa que “estamos mudando a forma como tratamos os dados do conteúdo infantil no YouTube”: em quatro meses, dados de quem assistir conteúdo infantil na plataforma serão tratados “como se fossem dados produzidos por uma criança, não importando a idade do espectador”. A coleta será para fins “operacionais”.

“A responsabilidade é a nossa prioridade número um no YouTube e nada é mais importante do que proteger as crianças e sua privacidade. Temos investido significativamente em políticas, produtos e práticas para nos ajudar a fazer isso”, afirma Susan logo no início do comunicado.

Ela afirma também que a plataforma não vai veicular anúncios personalizados sobre esse conteúdo, e recursos como comentários e notificações não estarão disponíveis.

Outra nova medida determina que, para identificar o conteúdo criado para crianças, “os criadores deverão nos informar quando o conteúdo se enquadra nessa categoria. “Também usaremos machine learning para encontrar vídeos que visam claramente o público jovem, por exemplo, aqueles que têm ênfase em crianças personagens, temas, brinquedos ou jogos”, acrescenta.

Sabendo do impacto em “bons criadores” de conteúdo para famílias e crianças, a plataforma vai oferecer “quatro meses para que eles se adequem aos ajustes”.

Recorde de multa

O acordo com a FTC e a promotoria geral de Nova York, que receberá US$ 34 mi, é o maior desde 1998, quando a Coppa – lei que proíbe a coleta de informações sobre crianças menores de 13 anos – entrou em vigor. A regra foi revisada em 2013 para incluir cookies.

Em coletiva de imprensa, Andrew Smith, diretor da unidade de proteção ao consumidor do FTC explicou que o valor da multa foi fixado por estimativas sobre quanto o YouTube ganhou com a segmentação de anúncios. A multa é 30 vezes maior que a penalidade mais alta da FTC por violações do tipo.

Smith também sinalizou que a investigação pode alcançar outras plataformas, bem como canais individuais e criadores de conteúdo.