Scott Spencer (Divulgação)

O Google divulgou nesta quarta-feira (17) o Ads Safety Report referente ao ano de 2020. Segundo o relatório, a empresa removeu ou bloqueou mais de 3 bilhões de anúncios irregulares de seu ecossistema de publicidade, além de restringir mais de 6 bilhões.

Em entrevista ao PROPMARK, Scott Spencer, VP de gerenciamento de produto do Google, destacou que o lançamento do primeiro Ads Safety Report completa 10 anos em 2021. “É interessante quando você tem toda uma década para olhar para trás e entender o que aconteceu”, diz.

“Ao longo dos últimos anos foi interessante ver como tudo ganhou escala e também como as coisas mudaram. Do lado da escala, no último ano pudemos remover 3.1 bilhões de criativos que violaram nossas políticas. Cerca de um bilhão destes estavam ativamente trabalhando contra nós”, explica Spencer se referindo a anúncios feitos com o objetivo de driblar as políticas do Google.

O executivo classifica as violações do passado como “danos online”, ou seja, os anúncios maliciosos tentavam instalar um malware ou botnets nos computadores infectados. “Há 10 anos isso era o mais comum, hoje em dia ainda ocorre, mas estamos melhores em detectar e prevenir esse tipo de ataque. Eles mudaram suas técnicas e moveram seus esforços para o que chamamos de ‘dano offline'”, explica esclarecendo que, agora, os anúncios mal-intencionados fazem o consumidor fornecer informações do cartão de crédito ou dados pessoais. Outra atividade irregular que continua evoluindo e sendo combatida pelo Google é o cloaking, que significa apresentar diferentes URLs ou conteúdos para os mecanismos de pesquisa e para os usuários que visitam o site.

Para o VP é necessário esclarecer que há um pensamento equivocado sobre quem viola a política de anúncios. Muitos pensam serem indivíduos tentando ganhar alguns dólares aqui e ali. “Na verdade, são organizações, companhias muito sofisticadas em termos de recursos e tipos de ataque que podem fazer. É um jogo contínuo de gato e rato que precisamos investir para continuar protegendo o consumidor”, explica. “Se há dinheiro a ser feito eles farão. Nosso trabalho é que fazer com que seja mais custoso para eles porque se fizermos isso será cada vez menos interessante violar o nosso sistema e eles irão para outro lugar”, completa.

O executivo destaca uma mudança do lado do publisher. “Falamos bastante sobre os maus anúncios, mas muitas vezes publishers possuem sites e páginas que os anunciantes não querem comprar e precisamos protegê-los”, afirma. O Google investiu em tecnologias de identificação automatizada para examinar os sites e conferir se estão em conformidade com as políticas de maneira escalável. A empresa aumentou consideravelmente o cumprimento das políticas e retirou anúncios de 1,3 bilhão de páginas em 2020 (em comparação com 21 milhões em 2019). Também impediu a veiculação de anúncios em mais de 1,6 milhão de sites que continham violações disseminadas ou flagrantes.

A pandemia, obviamente, refletiu em dados do relatório. “Em janeiro classificamos a Covid como um evento sensível e paramos completamente toda publicidade sobre o tema. Desde então, trabalhamos com diferentes governos para entender quais órgãos deveriam ser capazes de fornecer informação para os consumidores. Agindo com antecedência pudemos prevenir muitos anúncios maliciosos. Ainda assim, tivemos algumas peças que tentaram passar e agimos sobre cerca de 100 milhões de anúncios”, revela Spencer. Ao longo de 2020, a empresa combateu propagandas de curas milagrosas, de máscaras N95 (que estavam em falta no mercado) e, mais recentemente, de doses falsas de vacinas.

O ano de 2020 também trouxe a realidade política, principalmente com a eleição norte-americana. Segundo o VP, uma das iniciativas do Google é combater o micro targeting. “Queremos evitar o conceito da câmara de eco, a habilidade de alguém mandar uma publicidade apenas para o grupo que irá gostar do anúncio. Pensamos que seria importante que qualquer um pudesse ver este anúncio”, revela.

Além disso, em qualquer país que atravessa um processo eleitoral, os anúncios precisam oferecer aos cidadãos informações confiáveis sobre os candidatos e as eleições. Nos últimos anos, o Google apresentou políticas e restrições rigorosas sobre quem pode exibir publicidade relacionada a eleições na plataforma, e sobre as formas permitidas de direcionar anúncios. A empresa também lançou bibliotecas de propaganda política nos Estados Unidos, no Reino Unido, na União Europeia, na Índia, em Israel, Taiwan, na Austrália e Nova Zelândia, além de fazer um trabalho diligente com as equipes responsáveis pela aplicação das políticas, em todo o mundo, para proteger a plataforma contra o uso inapropriado. A companhia também seguiu ampliando o programa global de verificação, e em 2020 verificou 5.400 anunciantes eleitorais adicionais.

Por fim, o VP aconselha que agências e anunciantes leiam as políticas de anúncios da empresa. “Acredito que todas são relativamente razoáveis. A grande coisa que eles devem entender é que quando você compra mídia, se é muito barato, se parece muito bom para ser verdade, se você não está entendendo de onde está comprando, é melhor se certificar para onde seus anúncios estão indo”, alerta.