Pela primeira vez desde o começo do escândalo da Cambridge Analytica, Mark Zuckerberg, presidente e fundador do Facebook, se pronunciou. A empresa é acusada de roubar dados de 50 milhões de pessoas em seu projeto de comunicação para o então candidato a presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, 

Em comunicado sobre a situação, ele  esclareceu etapas já cumpridas para resolver o problema e os próximos passos. “Temos a responsabilidade de proteger dados dos usuários e, se não pudermos, não mereceremos atendê-los. Tenho trabalhado para entender o que aconteceu e como garantir que isso não aconteça novamente”, afirmou o executivo dono de uma fortuna de US$ 66 bilhões.

Zuckerberg lembrou a criação do aplicativo Kogan´s em 2013, baseado em teste de personalidade – capaz de interpretar comportamentos, uma informação que seria útil para a campanha de Trump direcionar anúncios mais segmentados. Mais de 300 mil pessoas compartilharam seus dados, o que daria a Aleksandr Kogan, fundador da empresa, acesso, na prática, a dezenas de milhões de dados. Em 2015, como revelaria o The Guardian, ele compartilhou dados de seu aplicativo com a Cambridge Analytica. 

“Em 2014, para evitar aplicativos abusivos, mudamos toda a plataforma para limitar drasticamente os dados que os aplicativos poderiam acessar. Mais importante, aplicativos como o Kogan’s não podiam mais pedir dados sobre os amigos de uma pessoa, a menos que seus amigos também autorizassem o aplicativo. Também exigimos que os desenvolvedores recebam a aprovação de nós antes de poderem solicitar dados confidenciais das pessoas. Essas ações impediriam que qualquer aplicativo como o Kogan pudesse acessar tantos dados hoje”, afirma Zuckerberg. 

Após descobrir  o compartilhamento de dados de Kogan com a Cambridge Analytica, Zuckerberg diz que exigiu que eles deletassem todos os dados adquiridos indevidamente.  “Na semana passada, o The Guardian, The New York Times e Channel 4 mostraram que a Cambridge Analytica pode não ter excluído os dados como eles haviam certificado”, lamentou. A empresa, então, foi proibida de usar os serviços do Facebook. “Esta foi uma quebra de confiança entre Kogan, Cambridge Analytica e Facebook. Mas também foi uma quebra de confiança entre o Facebook e as pessoas que compartilham seus dados conosco. Precisamos consertar isso”. 

 

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O Facebook, diz Zuckeberg, vai adotar três medidas principais para evitar problemas similares:

1)  Aplicativos que tiveram acesso a grandes quantidades de dados antes das mudanças de 2014 serão investigados. Empresas com atividades suspeitas e novos desenvolvedores também entrarão em auditoria. 

2) O Facebook vai restringir ainda mais o acesso a dados dos desenvolvedores para evitar outros tipos de abuso. O acesso dos desenvolvedores aos seus dados será interrompido após três meses de inatividade do aplicativo. Outra mudanaça: serão reduzidos os dados que você dá a um aplicativo ao fazer login. Será necessário apenas nome, foto do perfil e endereço de e-mail. 

3) O Facebook passará a mostrar de maneira mais clara no feed de notícias quais os aplicativos que as pessoas já usaram, e facilitar a revogação de permissão de acesso a dados.  Outras alterações para compartilhamento serão anunciadas nos próximos dias.

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