Moacyr “Moa” Netto, diretor de criação da W3Haus, jurado deste ano em Direct Lions, afirma que já viveu de tudo em Cannes: “Já ganhei, já perdi, já fomos Agência do Ano, já zeramos, já fui sem competir, já fui jurado”. Segundo ele, para julgar bem na área é preciso amar a ideia, gostar de estratégia e dos resultados, além de ser flexível. Veja a seguir os principais trechos da entrevista que ele concedeu ao PROPMARK.
INSPIRAÇÃO
O Cannes Lions é fonte de inspiração e inquietude. Não tem como ir pra Cannes e não voltar pilhado, cheio de vontade de superar as barreiras entre a nossa realidade e um trabalho de excelência. Em Cannes você vê tanta coisa boa e corajosa ao mesmo tempo, em tão pouco tempo, que não resta outra saída a não ser se livrar das desculpas e fazer um trabalho cada vez melhor, mais criativo e vendedor. E por mais que você veja sim muita coisa boa lá, eu sempre vou para Cannes buscando ver o que ainda não foi feito. Aquelas bolas que ainda não foram chutadas para o gol. Porque voltar de lá e seguir as tendências do que já foi celebrado só vai fazer você se repetir. Então, para mim, Cannes é sobre ver as coisas incríveis que já não podemos mais fazer e, principalmente, mapear as oportunidades incríveis que ainda não foram feitas.
NETWORKING
Além dos trabalhos, Cannes se tornou uma boa fonte de conhecimento e networking. Não é mais sobre o trabalho apenas, mas sim sobre entender para onde caminha a indústria e trocar experiências com pessoas com backgrounds completamente diferentes. Como criativos, precisamos ter sempre argumentos de negócios renovados em defesa da criatividade. Sempre busco as palestras que quantificam a importância da criatividade para o business de nossos clientes, pois, uma vez que os clientes comprem esse potencial todo, o nosso trabalho fica mais fácil.
CONQUISTAS
Eu já vivi de tudo em Cannes. Já ganhei, já perdi, já fomos agência do ano, já zeramos, já fui sem competir, já fui jurado. Felizmente tenho um histórico legal de conquistas lá, então tem sempre um clima bom por voltar. Ainda mais voltar como jurado novamente.
DIRECT
Eu sou suspeito, porque adoro a área. Comecei a minha carreira focado em Direct e digital. Acho que é uma das áreas mais completas, cuja inteligência e resultados têm quase o mesmo peso da criatividade. Uma boa peça de Direct tem inteligência para falar com as pessoas certas, no momento certo, com impacto criativo para gerar uma ação alinhada com os objetivos da peça. Essa habilidade, pra mim, será cada vez mais importante no futuro da comunicação, pois nunca tivemos tantas ferramentas para mapear perfis e momentos. Se soubermos usar isso com criatividade, vamos conseguir resultados como nunca antes.
JURADO
As expectativas são as melhores possíveis ao voltar como jurado, mais experiente e maduro. Na área existe uma proporção para as notas. 30% para a criatividade, 20% para execução, 20% para a estratégia e 30% para os resultados. Pretendo seguir esse direcionamento, buscando os trabalhos mais inovadores que tenham a essência de Direct, falando com um público específico de forma criativa e mudando comportamentos e atitudes. É importante que os resultados alcançados estejam em linha com os objetivos da campanha, já que os resultados têm um peso igual ao da criatividade.
CRITÉRIO
É preciso ter um bom background de comunicação direcionada, mas também um ótimo critério criativo para separar o que é apenas correto do que é de fato excepcional e transformador para a indústria. Tem de amar ideia, mas também gostar de estratégia e dos resultados. Também precisa ser flexível, pois Direct vem mudando muito e é bom estar aberto para reconhecer e abraçar as novas possibilidades desse tipo de comunicação.
Responsabilidade
Temos uma grande responsabilidade nas mãos ao representar um país. Precisamos estar com critério afiado e ter um bom conhecimento dos trabalhos nacionais, para saber argumentar e trazer o contexto deles para o júri, que muitas vezes não domina a nossa realidade.
CAIXAS
Eu sou um jurado ‘caxias’, rigoroso e apaixonado. Gosto de dar a devida atenção a cada trabalho, mesmo os que a princípio não tenham tanto potencial, pois sei o quanto as pessoas se dedicaram para colocar aquilo de pé.
APOSTAS
Eu ainda estou começando a receber os trabalhos brasileiros. Tem um trabalho que não é brasileiro, mas tem brasileiros na ficha, que é o Boost your Voice. Eles conseguiram transformar as lojas da Boost nos Estados Unidos em pontos oficiais de votação para a eleição americana, facilitando o acesso da população dos subúrbios ao processo democrático. É uma ação focada a uma audiência específica, original e com um potencial de transformação muito grande. Um outro trabalho, que foi bem em Direct no D&AD, é o Meet Graham, que pode repetir a performance em Cannes.