Ao receber o convite para escrever este texto, comecei a pensar finalmente sobre o tema inspiração. Nunca havia parado pra refletir de onde vem minha inspiração, qual é a fonte dessa coisa que me é natural e prazerosa: ter ideias para resolver problemas.

Ao refletir, cheguei à conclusão que inspiração para mim é um processo, portanto algo que posso melhorar e influenciar à medida que tomo consciência de sua existência. Ainda não tenho certeza, mas parece que meu processo acontece em três etapas: Observação. Processamento. Realização. Assim mesmo, com pontos e não vírgulas. Observar. Processar. Realizar. Com pausas. Muitas pausas.

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E de todos esses passos, o mais valioso para mim é a observação. E o ambiente é um fator essencial: a casa, o bairro, a empresa, a cidade, as viagens, tudo tem muita influência nas minhas ideias. Vou mais além: o que parece me inspirar mesmo é a observação do trivial, dos hábitos das pessoas, que depois tento reconstruir na minha imaginação para compreendê-los melhor e depois modificá-los.

Atualmente tento modificar meu ambiente ao máximo, ampliando os estímulos ao meu redor, porque já aprendi que na hora em que preciso usar minha imaginação para resolver algum problema, o processamento desses estímulos se dará de forma imediata.

Como trabalho há anos com publicidade no ambiente digital, um dos hábitos que costumo ter é ampliar minha observação das novas tecnologias, mas sempre pela ótica de como essas inovações afetam as pessoas e seus costumes. Tecnologia, para mim, não é objeto de inspiração por si, mas sim o contexto onde minha observação acontece, e para onde – finalmente – minhas ideias serão canalizadas.

Divido aqui uma ideia que tive recentemente para tentar ilustrar essa história toda. Um dia desses me peguei pensando sobre aniversários: quando eu era mais jovem, tinha por hábito lembrar dos aniversários de meus amigos e queria ser o primeiro a cumprimentá-los na escola. Hoje isso não existe mais. O Facebook resolveu o problema de me lembrar dos aniversariantes, mas também criou outro: passamos a ter aniversariantes todos os dias no nosso feed.

No dia em que essa observação me ocorreu, decidi que teria uma ideia. Deixei esse pensamento processando lá no fundo da cabeça e criei uma nova rotina para mim: passei a entrar todos os dias na página de aniversariantes do Facebok e me comprometi comigo mesmo a mandar uma mensagem para os mais próximos. Todos os dias.

Com essa rotina, surgiu um novo problema: como escrever uma mensagem relevante e original para cada um deles, sem me repetir?

Em alguns dias algo aleatório aconteceu: ao dirigir para o trabalho, pensava sobre o comportamento das pessoas no Facebook, como passaram a se expressar de forma mais visual e lembrei dos GIFs (aquela sequência de imagens que se repete infinitamente e são um sucesso nos grupos de WhatsApp).

Nesse exato momento, resolvi meu problema dos aniversariantes: e se todos dias, ao dar parabéns aos meus amigos no Facebook, eu simplesmente desse um GIF “de presente”. Como será que se sentiriam?

Venho fazendo isso há alguns meses e a resposta tem sido incrível. Ainda não sei no que essa ideia vai dar, mas já me peguei pensando em levar essa “inovação” para algum cliente.

Se essa ideia te despertou alguma outra, seja bem-vindo(a) ao meu processo onde tudo, até mesmo este texto, pode te ajudar a ser mais inovador.

Basta observar com mais atenção.

Rapha Vasconcellos é diretor Latam do Facebook Creative Shop