O Discovery Kids Brasil tem investido em novos formatos e séries para consolidar ainda mais a liderança do canal na TV paga. Nesta entrevista, Fernando Medin, vice-presidente sênior e diretor-geral do Discovery Networks no Brasil, destaca programas como “Velozmente”, um quiz show, voltado para um público mais velho, e “Word World”, que traz palavras em inglês, ressaltando uma de suas missões: unir educação e entretenimento. O canal também tem investido em produções nacionais, como o consagrado “Peixonauta” e “Meu Amigãozão”.
Quais as principais novidades do Discovey Kids ?
Primeiro é preciso destacar a liderança do canal não só com as crianças e mães, mas com o público de uma maneira geral. Então, tudo o que temos feito é para reforçar e consolidar essa posição, que se deve, principalmente, ao conteúdo que temos apresentado e também ao fato do canal ser o mais distribuído da TV Paga.
Qual é o alcance do canal?
O canal está em 11,6 milhões de lares. É o mais assistido de toda a TV por assinatura.
A distribuição é um diferencial competitivo, mas alguns concorrentes também conseguiram esse alcance, como é o caso do recém-lancado Gloob. Isso pode significar um incômodo?
Com certeza a distribuição é uma vantagem, mas muitos canais já chegam bem perto do que temos. Acredito que o nosso diferencial competitivo está na nossa proposta e na confiança que os pais têm no canal. Eles sabem que podem deixar os filhos assistirem a qualquer um dos programas que exibimos, sem medo. Concorrentes vão sempre existir e isso é saudável para o mercado
E qual a estratégia do canal para manter a liderança?
Investimos sempre em novos conteúdos, com lançamento de novas séries e episódios inéditos, e também procuramos sempre refrescar a imagem do canal.
Quais são os principais atrações do canal?
Entre as que merecem destaque estão “As Aventuras de Chuck e Amigos” e “Jally e Jam”. Também é possível mencionar o “Peixonauta”, uma série brasileira, que tem grande força entre as crianças. Já estamos trabalhando na produção da segunda temporada e nossa ideia é estrear ainda este ano.
Atualmente, qual é o carro-chefe?
É importante destacar que tem um fenômeno que acontece muito com as crianças que é o fator novidade, por isso, apostamos sempre em trazer programas inéditos. Hoje, a série mais assistida do canal é exatamente uma das mais novas “As Aventuras de Chuck e Amigos”, mas também temos outras animações que conquistaram grande importância, como “Os Piratas e suas Aventuras Coloridas”, “A Hora do Justin”, “Bananas de Pijama” e “Princesas do Mar”, esta última mais uma animação brasileira exibida pelo canal.
Quantas produções brasileiras vão ao ar no Discovery Kids?
São três. Além de “Princesas do Mar” e “Peixonauta”, temos também o “Meu Amigãozão”.
Como o canal avalia essas produções?
Temos sempre muito interesse no que é produzido no Brasil e queremos continuar crescendo com essas animações. Mas, vale lembrar, que não exibimos nada só porque é brasileiro. Queremos – e temos conseguido – produtos de qualidade.
De acordo com uma resolução da Ancine (Agência Nacional de Cinema), os canais de TV Paga terão que cumprir uma cota de produção nacional. Como o canal trabalha essa questão?
O canal já tem uma presença muito grande de produção brasileira e já cumpre essa cota. Por isso, temos total liberdade de escolher apenas o que o público pede, independentemente, se vem do Brasil ou de outro lugar do mundo. É evidente que, em posições similares, daremos prioridade à produção brasileira, mas o nosso foco é a audiência das crianças e dos pais, motivo pelo qual optamos sempre pelo que acreditamos que vai funcionar.
Mas a produção nacional tem o mesmo nível que as vindas do exterior?
É um território que tem muito a amadurecer, mas está bem encaminhado. Temos grandes trabalhos não só no nosso canal, mas também na concorrência. Nós fomos um grande incentivador deste mercado. O “Peixonauta”, por exemplo, começou em 2006 e teve uma grande evolução de lá pra cá. Apostamos nesse conteúdo em um momento em que era quase inédito fazer algo desse tipo no Brasil. Também tivemos um papel pioneiro ainda com essa série quando unimos a TV Pinguim (responsável pela animação) com uma produtora canadense, que tem grande tradição neste segmento. Então, vemos com muito bons olhos tudo o que está acontecendo e a perspectiva é a de um crescimento ainda maior.
E quanto ao aumento do número de canais voltado para o público pré-escolar. Como é possível avaliar este segmento?
Há muito tempo percebemos a necessidade das pessoas de terem acesso a esse tipo de conteúdo, então montamos o canal. O surgimento de novos concorrentes não nos preocupa, mesmo porque já temos um mercado bem disputado, com canais internacionais e outros que não têm o público pré-escolar como foco, mas possuem uma programação que acaba se sobrepondo e atraindo em diversos horários as crianças menores.
E como o Discovery Kids trabalha para atingir as criança um pouco mais velhas?
Já temos uma variedade boa nesse sentido. O “Velozmente”, por exemplo, é voltado para uma faixa etária diferenciada. Então, não sentimos a necessidade de mudar o mix de conteúdo, mas sim de continuar refrescando e trazendo novas atrações. Queremos ficar longe do conforto conquistado pela liderança. É por isso que estamos sempre nos reinventando.
O “Velozmente” foge um pouco das características do canal, por se tratar de um quiz show. Por que decidiram apostar nesse formato?
É uma necessidade do canal: buscar sempre e desafiar nossa audiência. Além do “Velozmente”, há dois anos, também tivemos uma quebra de paradigma quando lançamos o “Word World”, um programa que traz palavras em inglês. O canal pensou muito antes de fazer essa estreia, avaliando se o tema seria realmente interessante para o nosso target e se traria contribuições para as crianças. Decidimos bancar e, hoje, a série é um sucesso. Também lançamos o “Pequeno Príncipe”, que é uma animação francesa diferenciada. Os dois produtos são uma amostra de que estamos realmente ligados no que a audiência quer.
Hoje, como é possível definir o perfil do canal?
Nossa missão principal é misturar entretenimento com conteúdos enriquecedores para as crianças. Temos no DNA do canal elementos claros de educação, formação e acreditamos que é preciso agregar algum conhecimento com a experiência de assistir a uma série ou a um programa. Queremos, além de entreter, tornar o público infantil um livre pensador. E, de maneira geral, os pais reconhecem essas qualidades e o valor do canal. Provavelmente, é isso que tem feito o Discovery Kids ocupar a posição que tem hoje na preferência do público.
Quais foram as principais mudanças no perfil da audiência do canal desde que foi lançado no Brasil, em 1997?
Ne verdade, neste período, houve uma mudança natural de comportamento, além, é claro, da evolução das plataformas, dos serviços e da própria qualidade do que é oferecido. Mas o que mais mudou no Brasil é quem recebe essa TV paga. Em 2002, por exemplo, era um fenômeno muito voltado para as classes A e B. Mas hoje, a classe C não só tem mais acesso ao serviço, como também consegue um pacote mais completo. Isso muda um pouco o perfil do público.
Mas houve uma mudança na forma de consumir a TV por assinatura?
Sem dúvida. Percebemos isso não só no Discovery Kids, mas em outros canais do nosso portfólio, como é o caso do Animal Planet, que evoluiu muito na forma como é consumido. Fizemos um pesquisa “Razão ou emoção? O que conecta as famílias atuais?”, que comprova exatamente essa mudança. Um dos dados do estudo revela que o crescimento da classe C como consumidora de TV paga trouxe um novo perfil de audiência.
Qual o principal diferencial desse novo consumidor?
A característica mais relevante é que, na maioria das vezes, essa família de classe C tem um só ponto para assistir televisão, o que acaba reunindo as pessoas para assisitir um único programa. E essa escolha, que tem que ser comum, acaba favorecendo canais que têm propostas voltadas para toda família. Sem contar que, atualmente, em muitas residências, são os filhos que acabam decidindo a programação.
Quais os principais pontos dessa pesquisa?
É realizada anualmente, e no ano passado avaliamos a diferença das gerações. Desta vez, a ideia foi avaliar os distintos perfis de pais, além de revelar hábitos de interação entre as famílias.
Como o canal trabalha o licenciamento dos seus produtos?
Temos muitos produtos licenciados. A marca Discovery Kids, na figura de seu personagem-símbolo, Doki, está presente em mais de 50 linhas em toda América Latina. No Brasil temos parceiros importantes em todos os segmentos. Entre ele, a Hasbro, EMI, Lojas Renner, Lupo, Dermiwil e Festcolor.
Tem alguma novidade para este ano?
Sim. Deveremos entrar na linha de cosméticos. Mas vale ressaltar que não escolhemos o que colocamos no ar baseado no potencial de licenciamento, e sim no que se integra bem ao canal e no que a audiência está querendo ver.
Qual a importância do site Discovery Kids?
É extremamente relevante. É um dos grandes destaques no Brasil, onde temos uma visitação muito grande, graças ao reconhecimento da marca e ao crescimento da TV por assinatura, que hoje já é um veículo de massa.
Que tipo de contéudo tem mais destaque?
Com certeza os jogos e os conteúdos mais curtos. E temos um grande diferencial que é a área para pais – um espaço que permite que eles saibam quais são os assuntos que mais interessam aos seus filhos e quais as ferramentas mais usadas.
Sobre a publicidade infantil, que tipo de controle o canal faz sobre o conteúdo que será exibido no canal?
Esse assunto é muito importante. Desde o lançamento do canal estamos atentos a esse controle e reconhecemos que trabalhamos com um público diferenciado, que precisa ser protegido. Temos um filtro de acordo com o perfil e conteúdo do canal. Mas é importante lembrar que os investimentos publicitários são importantes para manter o canal e poder entregar o melhor conteúdo. Tudo dentro de muita responsabilidade, é claro.
O canal ainda não tem uma versão HD?
Ainda não, mas evidentemente está nos nossos planos. Apesar da maioria dos domicílios ainda não ter pacotes em alta definição, o Discovery Kids está preparado para oferecê-los.