Nesta semana, entre os dias 21 e 23, aconteceu o TechCrunch Disrupt, em São Francisco. O encontro foi uma espécie de “meca” de “techies” onde várias áreas da economia se reúnem. Grandes empresas e executivos de Venture Capital (investidores) falaram para plateias lotadas e 450 startups lutaram por algum tipo de atenção. E o que houve de novo por aqui?
Primeiro a inscrição, feita pelo aplicativo Eventbrite, já bloqueou nas minhas agendas Android e IOS a data, local e horário. O pagamento, somente pelo Paypal, já enviou as entradas direto para meu passbook do celular. Conforme sugestão do evento, pelo celular eu avisei o aplicativo Luxe que estava saindo de casa, que automaticamente acessou meu GPS e me deu a rota e horário de chegada ao local onde o TechCrunch acontecia e avisou o “Concierge de Carro”, ou “Vallet particular”. Ele estava lá, aguardando com meu nome, modelo e placa do carro quando cheguei. O processo inteiro foi paperless. Todos os dados de cartão de crédito ou débito já estavam nos aplicativos e não precisei buscar o cartão, digitar os 16 números e dados de segurança, informações que têm na preguiça a maior aliada para o desenvolvimento do e-commerce.
Nas 27 horas ouvindo grandes nomes ligados a marcas como Uber, B&B, Facebook, Fitbit, Google e vários “new kids on the block”, descobri que desde 2011 foram criados 101 mil empregos no Vale do Silício e isso fez com que desaparecessem ofertas de moradia. Assim, a indústria de construção se desenvolveu, seguida pela de serviços e o ecossistema do Vale foi crescendo, atraindo “geninhos” desenvolvedores que atraíram os investidores e que possibilitam projetos fantásticos como os apresentados no TechCrunch.
A verticalização da construção usando realidade virtual e hardwares como impressão 3D com mistura de materiais, faz com que o consumidor consiga vivenciar todos os elementos da casa nova antes da compra. Expositores de uma ala inteira fornecem óculos especiais para um transporte virtual onde é possível ver a cozinha dos seus sonhos, decorá-la e equipá-la com todos os elementos colocados à disposição, desde a geladeira à cor da parede.
Outra novidade bem interessante vem da IBM, com seu Watson de Inteligência artificial que promete absorver e digerir informações de sites e blogs, não somente compilando, mas “aprendendo” 80% do que está escrito nas redes conseguindo gerar resultados de pesquisas que devem ajudar muito nossa área de marketing. Mais do que isso, deverá trazer uma grande revolução na área de diagnósticos de saúde. Os resultados e citações dos melhores especialistas do mundo, todos na mesma língua e juntos, na hora, à disposição do seu médico no momento da decisão pelo melhor tratamento. A realidade virtual também poderá permitir acesso ao centro de uma célula doente e fazer todo o procedimento antes de o médico entrar no centro cirúrgico.
Ainda na busca de melhorias na vida moderna, a agricultura está no foco dos investidores e startups. Empresas como Cyphy, Agrilyst e Farmlogs apresentaram os benefícios das novas gerações de drones e sistemas operacionais que prometem controlar desde a quantidade de água ao calendário de plantio e colheita.
As novidades em modelos de negócios se destacam em várias áreas. A Enjoy, do Roy Johnson, que ajudou Steve Jobs a revolucionar o varejo da Apple, envia especialistas sem custos extra para levar, implantar e explicar os produtos tecnológicos que vende. Ela desenvolveu um canal de distribuição com serviços para atender às necessidades de público mais velho e atingiu sem querer os millennials.
Outros que estão surfando nos gaps de mercado são Getaround, que aluga seu carro nos horários em que ele estaria parado; o Uber entrando na área de distribuição, com entrega de comida; o Google Express entregando todas as compras feitas pela internet; e o Omni, que fotografa e cataloga e guarda tudo que não cabe nos minúsculos apartamentos, busca e entrega em qualquer lugar, tudo disponibilizado no aplicativo, cobrando 0,25 de dólar por item ou um valor fechado de US$ 65 para contratos mensais.
Depois de 27 horas de palestras e exposições, a minha impressão é a de que o mundo está de fato cada vez mais veloz para fazer com que a atuação das empresas fique cada vez mais abrangente e relevante. Fica a lição de que a tecnologia está substituindo o homem, que por sua vez está mais apto para criar novas soluções de trabalho e novas fontes de renda, não mais empregos apenas.
Que venha mais disrupção!
*Sócia-diretora da Wish Eventos