Associado da produtora de som Audioman, Roney Giah foi chamado de maluco por um amigo quando contou sua ideia de abrir outra startup: uma produtora de vídeo com foco em filmes high-end ao menor custo possível. Sem saber, o amigo ajudou a nomear a nova aventura. Assim nasceu, há quase dois anos, em São Paulo, a Doiddo. Com três “Ds”, em alusão a um dos trabalhos desenvolvidos pela produtora. “A ideia permeia cada fase da empresa, desde o nome até a logística. Tentamos reverter os paradigmas”, diz o sócio-fundador da produtora.

Divulgação

Para criar a nova empresa, Giah se inspirou em uma entrevista com Quentin Tarantino, na qual o diretor dizia que antes de fazer um filme escolhia uma playlist e ficava por meses ouvindo apenas aquelas músicas. Só então ele começava a criar o filme em si. “Som é minha formação e eu sempre fui cinéfilo de carteirinha. Eu assisti à entrevista e pensei: ‘se for para pensar um filme musicalmente, eu posso fazer isso’”, lembra.

A proposta da Doiddo é aproveitar o momento de crise, no qual todos precisam cortar custos, para repensar o modelo que vem sendo usado no mercado. “Percebemos que, por mais que as verbas tenham sido reduzidas, ninguém quer abrir mão da qualidade. A minha preocupação é como manter a entrega com esses novos custos. Nossa questão é essa: como conseguir chegar nesse operacional criativo?”, explica Giah. Segundo o executivo, o desafio é cortar de áreas que não impactam na qualidade do resultado final do filme, como logística ou custos de locação, por exemplo. “A economia nunca é feita nos processos que afetam diretamente a qualidade do filme, como qualidade das lentes, câmeras e luz, know-how dos profissionais e tempo dedicado aos processos de pós e finalização”, conta.

Divulgação

Nem quando o trabalho é exclusivamente para o digital, Giah admite que a qualidade caia. “Ou entrego high-end ou não entrego. Vamos pôr uma pedra neste assunto. Quem assiste YouTube não quer ver baixa qualidade”, afirma categoricamente.

Entre as produções da Doiddo estão trabalhos desenvolvidos para agências como Y&R, WMcCann, Havas, Mullen Lowe e Giacometti Comunicação com clientes como NET, Asics Nestlé, TNT Energy Drink, Alcon, Telecine, Merck Sharp & Dhome, BB Seguros e Shopping D.
Além do sócio-fundador, a Doiddo tem três associados: Cris Barbosa, Fabiano Waewell e Pércio B. Stella. Hoje a produtora trabalha com diretores representados. Nenhum deles é exclusivo da Doiddo, o que também colabora para a redução de custos. “Até esse formato tivemos de repensar.

Divulgação

Hoje muitos diretores ainda trabalham com exclusividade, com fee mensal, o que é inviável nessa estrutura, é um tiro no pé”, conta. Giah afirma que a produtora foi procurada por alguns diretores devido a esse novo formato. “Se a produtora tem de pagar o fee do diretor mesmo quando ele não está filmando, sobra menos para o filme em si. Alguns nos procuraram reclamando que não conseguiam mais entregar filme bom.” 

Além de Giah, o time de diretores de cena da Doiddo é formado por Xico de Deus, Bia Flecha, Gabriel Matarazzo e Alessandro Bulgarini. “Eu gostaria de ficar com esse número. Eles são meus Beatles. Minha intenção é não crescer muito mais que isso”, afirma Giah. A produtora também trabalha com o nova-iorquino Blake Farber. “Ele tem um DNA muito específico”, afirma.

Divulgação

Outra mudança de paradigma pregada pela produtora é aprender a dizer não. “Como ter um atendimento charmoso e eficaz, mas que fala não? E, além disso, sugere opções. A agência estava acostumada que a produtora poderia até ter prejuízo em um trabalho porque no próximo recuperaria. Hoje a margem é menor. Não podemos ficar no vermelho.”

Desde que foi lançada, a produtora coordenou a realização de um total de 26 filmes. A intenção, para este ano, é crescer cerca de 60%. “É uma start-up. É natural que nos primeiros anos cresça bastante, mas o importante é que o DNA está tendo uma boa resposta”, justifica Giah.