Em meio a uma recessão econômica e um momento de turbulência política, nascia, em 1968, a DPZ, dos sócios Roberto Duailibi, Francesc Petit e José Zaragoza. A agência, uma das mais tradicionais do mercado brasileiro, foi responsável pela criação de personagens que estão até hoje na lembrança do consumidor. Entre eles, o Leão do Imposto de Renda, o Franguinho da Sadia, o garoto-propaganda da Bombril, o Baixinho da Kaiser e o Alfredo de Neve. A DPZ ainda criou outras campanhas importantes como, por exemplo, “Menino Sorrindo”, da Seagrams, “Mamãe Fotoptica”, e “Toc Toc”, da Duratex. Ainda é possível citar os comerciais “Morte do Orelhão”, da Telesp, e o “Garoto de Olhos Vendados”, para o presunto Sadia.
Segundo Zaragoza, a DPZ sempre teve a criatividade como seu ponto forte e, por isso, encabeçou a virada criativa da propaganda nacional. Ele ressaltou que, na década de 1970, houve um resgate importante da irreverência do brasileiro nas grandes campanhas e, só depois disso, o Brasil passou a ser competitivo nos grandes festivais. Zaragoza lembrou que o primeiro Leão em Cannes para a DPZ foi de bronze, com a campanha criada para a Duratex.
Ele também disse que a agência sempre teve como característica dar para o cliente mais do que ele esperava e isso acontece até hoje. Entre as campanhas atuais de maior destaque, Zaragoza citou Mon Bijou, com Reynaldo Gianecchini, a campanha de relançamento do Itaucard, com Letícia Spiller e Dan Stulbach, e a campanha das Olimpíadas da Sadia, entre outras.
Há 41 anos na agência, Flávio Conti, CEO da DPZ, também ressaltou a importância de se manter ativo e atual. Para ele, a prova do trabalho bem-feito que a agência realiza é a fidelidade de grandes marcas. “Itaú, Sadia, Bombril são clientes que estão desde o começo na agência, o que mostra a importância de trabalhar sempre com devoção e entusiasmo”. Conti disse que a agência sempre acompanhou todas as mudanças do mercado. De acordo com ele, diferente do que acontecia antigamente, hoje é preciso apresentar para o cliente um leque de comunicação para que a marca chegue ao consumidor, destacando todos os meios de comunicação. Mas, segundo Conti, uma boa ideia ainda continua sendo fundamental em qualquer iniciativa.
Duailibi lembrou, no entanto, que a agência já passou por momentos complicados, quando foi lançada. Ele contou que chegaram a enfrentar a censura, mas em 1971 a DPZ começou a virar o jogo, com a chegada de novos clientes, campanhas criativas e a conquista de prêmios em competições internacionais. Ele ressaltou que toda essa trajetória faz com que a agência tenha muitos motivos para comemorar. “A propaganda é um negócio de risco e não é fácil se manter na ativa durante tanto tempo, tendo a mesma composição societária”. Para ele, a criatividade nunca se esgota e é isso que possibilita novas formas de fazer propaganda e de se reinventar todos os dias.
Vale lembrar que, em 2011, a agência vendeu 70% de suas ações para o Grupo Publicis, por US$ 120 milhões. Segundo Duailibi, porém, na prática o trabalho não mudou, já que a agência continuou mantendo sua independência operacional.