O marketing digital é uma das áreas de maior expansão no mercado há alguns anos. A perspectiva é que o crescimento continue, conforme mais empresas passam por transformações digitais e alavancam seus negócios. Consequentemente, estão surgindo muitas pessoas interessadas em embarcar nas carreiras que fazem todo esse mecanismo funcionar.
Na maioria das profissões, o trajeto é similar: estudos formais, graduação na área de interesse, especialização (em alguns casos) e embarque no mercado de trabalho. Mas no marketing digital, a graduação é uma necessidade? Sim e não.
O “não” é porque estamos falando de uma área de mudanças constantes e rápidas. As regras, funcionalidades e ferramentas possuem ciclos que podem durar anos ou apenas alguns meses. Algumas novidades surgem com grandes promessas, mas não se sustentam a longo prazo (como foi o caso do Snapchat). Outras criam uma nova abertura no mercado e ditam as regras (como está sendo o TikTok até o momento).
Esse ritmo não coincide com os quatro anos de uma graduação tradicional. É só olharmos para trás e pensarmos que, em 2017, muita coisa estava diferente. O espaço para anúncios no YouTube, por exemplo, não possuía tanta variedade de formatos e estratégias como hoje. Outras técnicas eram aplicadas e perderam a força, como formatos de trabalho com SEO que já não são válidos para os algoritmos.
Por outro lado, temos motivos para conceder também o “sim” à graduação. Para começar, há muito mais do que técnicas nas aulas de faculdade. Os alunos aprendem diversas soft skills, habilidades pessoais extremamente valorizadas nas empresas. O ensino superior pode ajudar a moldar um profissional de forma que ele seja mais criativo, ou mais analítico, por exemplo. O perfil de cada um pode ser até mais importante na carreira do que suas capacidades técnicas. Se é uma pessoa aberta a aprender, todo procedimento pode ser ensinado.
Alguns pontos são fundamentais no marketing digital e não podem ser adquiridos em cursos rápidos voltados ao operacional. Falo de trabalho em equipe, saber lidar com pressão e com prazos, desenvolver raciocínio lógico, entre outros fatores. Determinadas áreas de estudo até auxiliam o aluno a entender mais facilmente o tipo de processo que será usado na carreira. Por exemplo, pessoas das Exatas podem não conhecer as ferramentas, mas entendem de análise de dados. É por isso que, no nosso grupo de agências, é bem comum encontrar profissionais que vieram de graduações de Exatas.
O fato é que, em qualquer abordagem que se faça sobre o marketing digital, os estudos precisam acontecer de uma forma ou de outra. Conhecimento nunca é demais.
Só não dá para esquecer que esta área sempre precisa de prática e atualização. Cursos livres online ou presenciais, leitura de diferentes especialistas, e um monte de tentativa e erro. Aperfeiçoar o conhecimento faz parte da carreira e é algo estimulado por bons empregadores, então o estudo nunca termina realmente.
Minha dica é: faça graduação, sim! Você pode evoluir muito como pessoa e como profissional. Depois, na prática, você saberá lidar com as novidades que o marketing digital traz e terá o perfil adequado para crescer.
Daniela Gebara é sócia fundadora e diretora comercial da agência full digital ROCKY do Grupo Raccoon, empresa da S4 Capital.