"O ecossistema de startups é formado por muito investimento do governo, universidades e iniciativa privada, o que faz com que todas as pontas da indústria sejam movimentadas"

Paulo Loeb, CEO da Fbiz, é um dos executivos que já participaram do "Lahav Executive Education", programa de três dias criado pela Universidade de Tel Aviv, em Israel. Ele já havia viajado para lá como turista. Conheceu Jerusalém, o Mar Vermelho e os kibutz. Mas foi na "Missão Econômica" que Loeb entendeu o que faz de Israel o próximo Silicon Valley.

A primeira pista é o investimento em educação. Não à toa, o país soma 12 prêmios Nobel e sete dos 25 medicamentos mais vendidos no mundo e tem participação do Instituto Weizmann. Reconhecer talentos é outra habilidade. Na década de 1990, por exemplo, Israel absorveu engenheiros e cientistas que lá desembarcaram após a imigração de um milhão de soviéticos.

Loeb viu o crescente volume de centros de pesquisa e desenvolvimento, visitou empresas como a Mobileye, e se surpreendeu com a construção da cidade universitária Gav-Yam Negev Advanced Technologies Park, na cidade de BeerSheva, no meio do deserto de Negev.

Em entrevista concedida com exclusividade ao propmark, o CEO da Fbiz detalha o ambiente de negócios e empreendedorismo de Israel, que enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história, após o ataque terrorista do Hamas, no dia 7 de outubro.

Paulo Loeb, CEO da Fbiz: diversidade de assuntos passa por tecnologia, alimentação, saúde, segurança e educação (Divulgação)

Como é o ecossistema de negócios em Israel?
Umas das coisas mais interessantes que eu vi é a abertura de se falar sobre fracassos passados sem nenhum tabu, até com certo orgulho, mostrando que é assim mesmo que se aprende: fazendo. Além disso, há muita diversidade de assuntos que passam por tecnologia, alimentação, saúde, segurança e educação. Por exemplo, os meus filhos utilizaram um aplicativo israelense chamado Matific para aprender matemática, é maravilhoso! O ecossistema de startups é formato por muito investimento do governo,  universidades e iniciativa privada, o que faz com que todas as pontas da indústria sejam movimentadas. Por último, o livro “Nação empreendedora” traz uma excelente perspectiva de tudo o que ocorre por lá.

Quais as raízes do ambiente de inovação formado por lá?
Sem dúvida, a escassez. Israel é um país pequeno, do tamanho de Sergipe, com pouco menos de 10 milhões de habitantes. Os recursos naturais são escassos e, como estamos vendo com muita intensidade, todos inseridos numa dinâmica política muito complexa com os países do Oriente Médio. Então, essa escassez foi a matéria-prima que forçou o país a investir pesado em tecnologia e educação para buscar competitividade internacional. Outros países seguem esse modelo em menor escala, como Singapura, Suécia e Estônia. Um dos pioneiros no movimento de startups em Israel é um senhor que tive a honra de conhecer, chamado Yossi Vardis, vale a pena dar um Google nele.

Quais plataformas foram criadas em Israel?
Waze, Wix e Viber são alguns exemplos. Além disso, empresas como IBM, Google, HP, Cisco, Meta e Motorola criaram centros de pesquisa e desenvolvimento no país.

Leia a íntegra da entrevista na edição impressa de 30 de outubro.

Crédito da foto no topo: Taylor Brandon/Unsplash