Uma das várias certezas que passamos a ter, depois desta pandemia, é a de que estamos todos interconectados. Outra é a de que temos capacidade de trabalhar sem dividirmos o mesmo espaço físico. Já não temos mais CEP.

Com o distanciamento social obrigatório isso tudo se intensificou. A aceleração de um processo de distribuição geográfica de profissionais permite que esse ecossistema passe a ser nacional, global, e funcionar de maneira assíncrona, independentemente de fuso horário.

De forma muito intensa e absolutamente pragmática, tivemos de repensar a maneira como nossos profissionais estão distribuídos, num primeiro momento dentro da agência, e em seguida, olhando para as outras empresas do grupo.

Há anos já trabalhamos com a expansão do conceito de disciplina, buscando pessoas que podem assumir trabalhos de naturezas diferentes de acordo com a situação e necessidade. Temos optado por profissionais “híbridos” dentro de uma indústria que resiste muito em quebrar as paredes e silos que definem os departamentos.

A escolha que fizemos ao estruturarmos toda a força da agência em squads foi um passo importante nessa direção, provando que as dinâmicas contemporâneas são definitivamente mais produtivas quando não nos apegamos a modelos industriais de distribuição de projetos. A premissa é clara, e não é nova: juntar pessoas que pensam diferente propicia a solução de problemas de modo mais rápido, eficiente e potente. Tem funcionado. Mesmo a distância.

O exercício que estamos fazendo agora é evoluir esse conceito. Se trabalhamos bem dessa forma, como podemos imaginar a mesma lógica ampliando essa nossa oferta de talentos? Basta olhar para além dos muros que há em uma única empresa. A beleza (e fortaleza) de fazer parte de um grupo tão diverso como o nosso é justamente a oportunidade de juntar pessoas com talentos totalmente diferentes e, mais importante ainda, repertórios muito distintos e ricos. Esse potencial não é exclusividade nossa, mas a diferença é que no Grupo Artplan essas trocas, em vários aspectos, acontecem de forma orgânica, infinitamente mais orgânica do que em grupos globais que têm empresas com objetivos às vezes conflitantes, muitas vezes até concorrentes em termos financeiros, brigando pela mesma verba, ou em posicionamento, sobrepondo-se no mesmo mercado. 

Não é que não fazíamos isso antes. Claro que sim. Sempre usamos pessoas-chave para projetos específicos e por tempo limitado, independendo de suas empresas de origem. Mas agora criamos uma metodologia que nos permite acessar o que estamos chamando de ecossistema de talentos, e os projetos estão se intensificando exponencialmente.

É impressionante e rico poder agrupar o conhecimento sobre varejo, que temos dentro da Pullse, com as jornadas de ativação e experiência, trazidas por alguém da Dream Factory, ou o ponto de vista do real time que vem do pessoal do NOW. Tudo isso para atender a qualquer projeto de qualquer cliente, de modo pontual, resolvendo uma tensão, do cliente ou do mundo. As oportunidades, assim como os talentos, passam a fazer parte desse ecossistema.

Trabalhamos dessa forma nas várias iniciativas que surgiram da crise e que foram voltadas para as tensões sociais urgentes. Funcionou muito bem. Agora esse procedimento segue como nosso modus operandi, organizando essas oportunidades, e com um olhar mais abrangente sobre qual a melhor composição para resolver determinados desafios.

Composição de pessoas. Essa é a base. Sempre. E vamos falar disso em um próximo texto.

Esse artigo faz parte da série “Sabemos que vamos mudar, mas como isso vai acontecer na prática?”, que traz reflexões, aprendizados e transformações trazidas por esse momento inédito da pandemia. O conteúdo é assinado por Marco Antonio Vieira Souto, Head de Estratégia do Grupo Artplan.