Publicidade e mercado editorial tiveram alguns rápidos e bons momentos em uma autêntica aula de jornalismo ministrada neste domingo (12) durante o SXSW 2017, por Dean Banquet, que desde 2014 ocupa o cargo de editor executivo do New York Times. Ele conversou com Jim Rutenberg, colunista que escreve sobre mídia, também no New York Times, em um painel intitulado “Covering POTUS: A Conversation with the Failing NYT”.
POTUS é um acrônimo para President Of The United States. Donald Trump, aliás, é um referencial recorrente em boa parte das atrações do South By Southwest, que começou no último dia 10, em Austin e termina no domingo (19).
Voltando ao título da apresentação, “Failing NYT” é o conteúdo de um dos posts de Trump no Twitter, feito em janeiro deste ano, em mais uma demonstração de sua complexa, estranha e difícil relação com a mídia. Banquet fez uma espécie de análise psicológica do que ele acredita ser a trajetória empresarial e política do presidene com os valores atribuídos ao New York Times. “A família de Trump fez fortuna no Queens, área que em termos antropológicos é considerada fora do poder de Nova York, e Trump sempre quis conquistar a elite nova-iorquina. Pelo lado bom e pelo lado ruim, acho que ele vê no New York Time a representação da elite de Nova York”, disse Banquet.
Banquet afirmou que o New York Times tem planos de intensificar cada vez mais a cobertura jornalística do presidente Donald Trump, reforçando inclusive o escritório de Washignton. “Nosso trabalho não é fazer oposição ao Trump e sim mostrar o que ele pensa, fez e faz”. Com suas críticas ao New York Times e todos os problemas de relacionamento com a mídia, Banquet sintetizou o perfil de Trump como um “vendedor”.
O editor do New York Times afirmou que o jornalismo tem de se sustentar como uma atividade que “está em busca da verdade”. “Podemos cometer erros, mas não são os erros que nos identificam. O Washington Post ou a CNN também podem cometer erros, mas não são os erros que os identificam”.
Em termos mercadológicos, Banquet ressaltou o aumento do número de assinantes do New York Times após a eleição de Donald Trump em um reflexo de maior interesse por jornalismo de qualidade diante da vulnerabilidade das notícias e sua autenticidade nas redes sociais e também do fenômeno “pós-verdade”.
Respondendo algumas perguntas do público, Dean Banquet, de maneira bem-humorada, fez uma interessante comparação publicitária entre os slogans usados recentemente pelo New York Times (“The truth is more important now than ever”/Mais do que nunca, a verdade é importante agora) e pelo Washington Post (“Democracy Dies in Darkness”/A democracia morre no escuro): “É muito importante a nossa concorrência, mas, com todo o respeito, acho que esse slogan do Washington Post parece mais com um próximo filme do Batman.”