1. O que se passa com o ex-presidente Lula da Silva, quando volta e meia insiste em desqualificar os meios de comunicação, considerando-os inimigos seus e do PT?

Se for uma estratégia política, para mais adiante (a partir de 2018, se antes não for possível) facilitar o caminho para a regulação da mídia (seja lá o que for isso, mas quem já passou por mais de uma censura oficial na imprensa sabe muito bem do que se trata), além de se tratar de um plano tresloucado, corre o risco de riscar do mapa político brasileiro seus padrinhos.

O Brasil já amadureceu o suficiente para não aguentar mais um período de exceção, cuja primeira vítima é a imprensa livre.

Se for para jogar conversa fora e agradar a jovem militância partidária, cujos arroubos juvenis estimulam palmilhar os extremos, Lula da Silva deveria relembrar a sua experiência de vida, contando aos jovens que muito do seu sucesso se deve à imprensa brasileira, que sempre o incensou desde quando iniciou os primeiros movimentos em direção ao protagonismo político.

Ainda hoje, apesar dessa implicância contra a mídia, esta lhe dedica respeito e consideração, não se cansando de enaltecê-lo e registrar seus passos, na maioria das vezes quando pisam em terra firme.

Nosso ex-presidente precisa se convencer que a liderança política que exerce exige bom senso. De há muito ele deixou de ser líder sindical, chefiando piquetes em portas de fábricas e dialogando asperamente com empregadores em busca de melhores condições nos acordos salariais.

Sua missão hoje é mais elevada, ainda mais se considerarmos que desponta como candidato do PT à Presidência da República nas eleições de 2018.

Sua desavença contra a imprensa, falsa ou verdadeira, pode ajudá-lo junto à militância do PT, mas sem dúvida, coloca temores naqueles 65% de cidadãos brasileiros que se manifestaram recentemente em pesquisa publicada pela Folha, elegendo a democracia como o melhor dos regimes políticos.

Na democracia, a liberdade de expressão é um dos seus baluartes. Contrariar essa verdade universal pode ser trágico para quem a isso se atrever. A História aí está para confirmar essa assertiva.

O publicitário e marqueteiro político João Santana poderia conversar com o ex-presidente Lula da Silva a respeito.

2. O Prêmio Colunistas – a mais antiga e tradicional premiação do mercado brasileiro da comunicação do marketing, cuja primeira versão destacou os melhores do ano de 1967 – realizou na última semana a entrega dos diplomas aos vencedores das regionais de São Paulo e de Brasília (esta completando 30 anos de vida).

Nesta edição do propmark, o leitor poderá ver matérias sobre essas duas cerimônias regionais do Colunistas, sendo que a de Brasília recebeu mais de 700 convidados, tendo sido precedida por um anúncio de 1/2 página no Correio Braziliense, criado pela Borghi/Lowe, contendo a relação de todos os vencedores da premiação e suas logomarcas (pessoas jurídicas) e nomes (vencedores pessoas físicas).

A regional de Santa Catarina, com júri realizado, fará a sua entrega dos diplomas aos vencedores oportunamente, o mesmo acontecendo com a regional do Rio de Janeiro, esta ainda com júri a ser realizado.

Encerrada essa etapa, a Abracomp, entidade que promove o Colunistas em todo o país, marcará as datas para a realização do júri e da cerimônia de entrega das medalhas de ouro aos vencedores nacionais.

3. Merece reflexão a entrevista que Eleonora de Lucena fez com o filósofo canadense Barry Stroud em Campos do Jordão e que a Folha publicou em sua edição do último dia 9.

No título da matéria, a definição da tese: “Pessoas estão mais ricas, mas a vida hoje é mais pobre”.

O professor Stroud observa que a vida das pessoas virou uma carreira, com foco o tempo todo no sucesso profissional, para atender ao consumismo, individualismo e carreirismo.

Professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, Barry Stroud adota o ceticismo como filosofia, em contraponto com o pensamento do homem moderno. Para ele, a busca da paz interior tem ficado para trás, o que nota até mesmo nos seus alunos de filosofia, “área que não significa ficar rico”, não sendo esse porém o pensamento dos seus discípulos, em detrimento do real assunto do seu estudo.

Stroud observa que a atenção das pessoas é menor hoje, elas leem menos e não gastam nenhum tempo em reflexão. Para ele, o material substituiu de forma avassaladora o espiritual.

A entrevista de Lucena não mencionou a propaganda, mas pode-se inferir que, se por um lado o consumismo ajuda a atividade publicitária, por outro torna mais difícil a sua criação (da propaganda), pois com a atenção na maioria das vezes voltada para as plataformas de mídia, o homem moderno somente é atraído pela mensagem publicitária se esta lhe oferecer uma força criativa suficiente para merecer a sua atenção.

4. Há mais uma encrenca ocorrendo para a atividade publicitária: o Tribunal Regional Federal da 4ª Região acaba de determinar uma série de restrições à publicidade de bebidas alcoólicas com teor acima de 0,5%: suas mensagens somente poderão ser veiculadas entre 21 horas e 6 horas da manhã, sendo que, entre 21 e 23 horas, apenas nos intervalos de programas não recomendados para menores de 18 anos.

A decisão da Justiça Federal confirma proibições anteriores, como não associar bebidas alcoólicas ao esporte olímpico, ou de competição, ao desempenho saudável de qualquer atividade, à direção de veículos automotores e à ideia de maior êxito ou sexualidade.

Cabem recursos previstos em lei dessa decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, porém a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja informou que somente irá se pronunciar após os fabricantes serem notificados oficialmente da decisão judicial.

*Presidente da Editora Referência, que edita o jornal propmark e as revistas Propaganda e Marketing