1. O mercado vive o fim da jornada de 2014, um ano que antes de começar era aguardado com grande expectativa por todos.

Não foi bem assim que transcorreu. Eventos como a Copa do Mundo em nosso país e as eleições gerais acabaram por contribuir com a expansão de dificuldades, com destaque nesse quesito para a Copa, que proporcionou excelentes resultados a poucos players, considerando-se o tamanho do mercado e o que se esperava desse grandioso evento.

A culpa por essa restrição deve ser debitada à crise econômica do país, que já fluía antes da entrada de 2014 e se agravou com os movimentos populares de junho de 2013, que desnudaram erros de grande monta na condução da política econômica do governo.

Os feriados nas cidades-sede dos jogos do Brasil na Copa contribuíram para agravar as dificuldades em um país que tem em seu calendário, desde há muito, grande número de feriados oficiais, aos quais são emendados, quando a coincidência do calendário permite, os “recheios de sanduíche” formados pelos dias úteis de segundas e sextas.

Já se quis no Brasil encostar feriados a fins de semana, mas a nossa índole acabou prevalecendo e muitos municípios passaram a comemorar os feriados duplamente: nos dias de calendário e nos fins de semana emendados. A emenda soou pior que o soneto.

Como, porém, o Brasil é grande, com seus 202 milhões de habitantes – um dado econômico importantíssimo, pois são 202 milhões de bocas que necessitam comer pelo menos uma vez por dia – a população acaba produzindo o que os governos pouco se esforçam para acontecer.

Resultado disso é a recuperação, embora tímida, que se viu passadas as eleições, outro fator de complicação para um ano que se revelava difícil desde o início. A batalha ideológica então travada pela disputa do comando do país, colocando pobres contra ricos, nortistas e nordestinos contra sulistas, raças contra raças e assim sucessivamente, deixou aceso o estopim de uma bomba inaceitável para um país que, de uma forma ou de outra, sabe conviver com as suas diversidades.

Sem dúvidas, nesse aspecto, há exceções, mas não passam disso.

O resultado dessa campanha eleitoral do baixo nível acabou por se refletir na normalidade do andamento do país, com razoável parcela da população intuindo que algo pior poderia estar para acontecer.

Foi mais um dado negativo neste ano, que poderia ser melhor se melhor fosse a nossa classe política, sempre mais preocupada com os seus próprios interesses do que com o interesse geral da nação.

2. O que se pode esperar de 2015? Uma vez mais as opiniões se dividem, mesmo entre os chamados experts, que são vistos como bons nesse tipo de previsão.

Há aqueles – entre eles – que afirmam ser impossível 2015 pior que o seu antecessor imediato. É a tese do fundo do poço, que para esse grupo de pensadores foi atingido neste 2014 dos 7×1.

Entenda o leitor que a lembrança do escore da fatídica goleada sofrida pelo Brasil contra a Alemanha nas semifinais é apenas emblemática. Serve como selo de recall para tudo o que 2014 representou de ruim para o país, onde outro destaque é o petrolão, novela de baixezas sem fim atormentando a vida brasileira.

Outra corrente de pensadores, mais pessimistas, prevê 2015 ainda mais complicado para a nossa economia, com maldades tributárias que estão sendo urdidas nas salas fechadas de Brasília, nas quais o anunciado ministro Joaquim Levy comanda um plano geral de conserto das finanças públicas, às custas naturalmente da sociedade brasileira. E aqui, sem a distinção tão a gosto dos partidos políticos da base governista, de pobres e ricos, nortistas e nordestinos versus sulistas etc. O bicho vai pegar para todos, proporcionalmente, é obvio, mas vai pegar, como sempre ocorre nesses planos de salvação da pátria.

Há os mais espertos que saberão se safar das suas consequências maiores, porém não fazem exatamente parte do povo, se é que os leitores nos entendem.

Nossa opinião? Sim, será um ano difícil, pelo menos no início, para o que aqui em São Paulo – sede do propmark – nosso dileto alcaide já contribuiu com mais uma das suas iniciativas de governar com baixo teor de criatividade. Aumentar impostos, por exemplo, é prática brasileira desde 1500 e raramente algum governante verde-amarelo se esforça em busca de outras fórmulas que possam substituir ou ao menos amenizar o antigo costume.

Boa parte da população paulistana ainda não se deu conta do que vai acontecer com o seu IPTU em 2015 e o descaso municipal se alicerça (novamente) no leviano dístico “pobres x ricos”, quando se sabe que a conta – mesmo sendo maior para os últimos – é sempre dividida igualmente entre as partes, pois os últimos têm o poder do repasse, o que não ocorre com os primeiros. Simples assim.

3. A Globo, mesmo que uma minoria ideológica não concorde, prossegue sendo um orgulho para o Brasil no setor onde mais atua.

Acaba de ganhar dois grandes prêmios Emmy: um conferido ao seu presidente, Roberto Irineu Marinho, considerado pelo júri da tradicional premiação internacional como a Personalidade Mundial da Televisão de 2014, e outro para “Joia Rara”, novela de grande repercussão quando no ar e que foi declarada pelo Emmy vencedora da categoria Melhor Novela.

Quem faz bem e de forma constante, merece.

4. No próximo 16, durante todo o dia, em Porto Alegre, a RBS fará o lançamento mundial do estudo “The Communication (R)Evolution”, que reflete uma investigação sobre as mudanças na comunicação e suas consequências no comportamento de quem produz, distribui e consome informação.

O evento que abrigará o lançamento acima é o Vox 2014 – Conhecimento e Inovação, com celebridades do Brasil e do exterior discorrendo sobre o tema.

5. Em sua próxima edição (data de capa 8 de dezembro), o propmark fará uma retrospectiva de 2014, relativa ao mercado da comunicação do marketing. Garantimos ao leitor que será um desses trabalhos imperdíveis que a boa mídia costuma editar.

*Este editorial foi publicado na edição impressa do jornal propmark de 1º de dezembro de 2014.