1. Embora a economia tenha experimentado ligeira melhora nos últimos dias, em parte porque houve grande represamento entre a Copa do Mundo e as eleições, em parte porque com a aproximação do Natal o comércio é mais procurado, gerando maior movimento nos negócios, a insatisfação é notória e uniforme nos grandes centros do país, diante das sucessivas ondas de escândalos nas hostes oficiais.

O petrolão continua sendo o de maior ocupação na mídia nacional, a mídia livre que querem regular e todos sabemos por quê. O episódio mais recente envolvendo a maior empresa do país – vítima da sanha de um bando de inescrupulosos – traduz-se na vergonha que temos que passar diante da recusa da Price em assinar o balanço da companhia, levando o governo a ganhar tempo e adiar a sua publicação.

Enquanto isso, os réus condenados do mensalão estão obtendo a prisão domiciliar, após cumprido um dos requisitos desse benefício da legislação, que é o atingimento na cadeia de 1/6 da pena. Outros requisitos do benefício foram deixados de lado, como o da reposição do dano.

São fatos graves, que provocam indignação na população ordeira e trabalhadora do país – em cujo seio se constrói verdadeiramente o dia a dia da nação – e, mais grave ainda, servem de péssimo exemplo para a juventude, onde não faltam os que chegam a pensar que o crime compensa.

2. Além dos graves arranhões à ética e ao Código Penal, há outros fatos que merecem repúdio, como o tema escolhido para a redação deste ano no Enem, sujeitando milhões de jovens por todo o país a opinarem sobre uma questão que sabem bem os que militam na comunicação do marketing, tratar-se de ideológica.

A propaganda brasileira possui uma autorregulamentação das mais avançadas do planeta. Inspirada inicialmente no código inglês, nossa autorregulamentação publicitária não parou de se aperfeiçoar desde a sua implantação, seguindo os sinais dos tempos e as mudanças de hábitos e costumes da população que compõe o chamado mercado.

O Conar, entidade não oficial que julga eventuais infrações ao Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, composto por cidadãos de diversos segmentos da sociedade, tem produzido farto material demonstrativo da seriedade como é encarada a questão, dentre outras, da propaganda abusiva ou enganosa.

Apesar disso, algumas (sempre as mesmas) entidades e ONGs com pensamento diverso da imensa maioria da sociedade brasileira, com frequência se voltam contra a propaganda e nem sempre recorrendo ao Conar, oferecendo a sua condenação a determinadas campanhas ou peças isoladas, sendo um dos temas preferidos da sua ação a publicidade infantil.

Rebatidas no Conar quando lá chegam (embora até mesmo magistrados da nossa Justiça pública encaminhem ao Conar ações dessa natureza protocoladas nos Fóruns espalhados pelo país), abrem críticas ao sistema, valendo-se da imprensa e das redes sociais para divulgarem sua “condenação” a determinados trabalhos de anunciantes respeitados do mercado, tentando impor o jeito de pensar dos seus responsáveis e (poucos) seguidores, usando paradoxalmente da própria democracia para a ela se opor.

Vislumbramos no último Enem e na sua prova de redação uma coincidência com esse comportamento de viés meramente ideológico, não só pela escolha do tema preferido por essas entidades e ONGs, como também pelo atrevimento em propor a boa parte da juventude brasileira, discorrer sobre uma questão delicada, que requer conhecimento técnico e científico para a sua análise e julgamento.

Ficou clara para nós a intenção de semear na mocidade uma dúvida sempre desfeita pelos experts, quando eventuais abusos (ou não) vão a julgamento.

Teria sido melhor e mais proveitoso para o futuro do país, ouvir o palpitar da juventude sobre os escândalos que correm soltos nas diversas esferas públicas do país.

Muito provavelmente os examinadores iriam se surpreender com o pensamento maciço da nossa mocidade a respeito dessa repetitiva prática extremamente nociva aos interesses da pátria.

3. O ForCom, sob a presidência de Dalton Pastore e Luiz Lara, reuniu na última semana líderes representantes dos diversos segmentos da indústria da comunicação brasileira, para um balanço das suas atividades neste ano e a abertura da agenda com sugestões dos presentes para 2015.

Dalton Pastore abriu a reunião com um retrospecto do próprio ForCom desde a sua formação até aqui, ressaltando a importância das reuniões gerais pelo menos duas vezes por ano.

Uma das justificativas para a proposta reside na impossibilidade de se realizar o Congresso da Comunicação com frequência.

Pastore lembrou aos presentes que as recomendações do 5º Congresso estão em andamento, com algumas conclusões devendo ser divulgadas no início do próximo ano.

Abrindo a palavra aos presentes, Luiz Lara discorreu sobre a importância do ForCom e do fortalecimento crescente que todos devem lhe proporcionar, por ser um colegiado de fácil aglutinação sempre que isso se fizer necessário.

Efraim Kapulsky, da Abemd, lembrou da pesquisa sobre o mercado que está disponível no site da entidade na web. José Roberto Penteado, presidente da ESPM, discorreu longamente sobre o pensamento dos estudantes a respeito da carreira que estão abraçando e o esforço desenvolvido pela ESPM no sentido da orientação dos mesmos tendo em vista as diversas estradas abertas na comunicação para os jovens profissionais. O presidente da ESPM lembrou a todos que o índice da empregabilidade dos estudantes da ESPM, mesmo ainda dos que permanecem cursando a escola, é o mais alto do país no setor, passando de 92% (leia mais sobre a reunião do ForCom nesta edição).

4. Também nesta edição, os resultados do Colunistas São Paulo deste ano, definidos após avaliação de um júri formado por jornalistas e profissionais da comunicação do marketing, nos seus diversos segmentos.

A entrega dos prêmios aos vencedores ocorrerá na noite de 9 de dezembro, no auditório do Masp, na Avenida Paulista (SP).

5. No próximo dia 24, no Club Transatlântico, em São Paulo, será realizado o 11º Congresso Brasileiro de Marketing Rural e Agronegócio, promovido pela ABMR&A, sob a presidência de Daniel Baptistella.

Sobre o programa completo do evento e informações para inscrições, acessar www.11congressoabmra.com.br.

*Este editorial foi publicado na edição impressa do jornal propmark, de 17 de novembro de 2014