Mensagem atrasada? Nada disso. É que o ano pra valer no Brasil começa sempre após o Carnaval. Já é uma tradição e desta vez não só se confirmou como demorou mais ainda a chegar devido à mobilidade das datas do calendário romano.

Carnaval nos três últimos dias de fevereiro encurta ainda mais o ano para aqueles que não dependem de Momo para fazer dinheiro. Mas, como sempre há situações piores, ainda bem que não invadiu março…

O que esperamos dos dez meses que nos restam neste 2017? Os brasileiros, percebe-se, voltaram a se afligir com os desmandos da classe política.

Houve lá atrás um certo alívio com o impeachment de Dilma Rousseff (para os que não são seus simpatizantes partidários) e quando tudo indicava que o país definitivamente entraria nos eixos, repetiram-se os problemas de sempre.

Um deles tem origem nas decisões das cortes de segunda instância judiciária, liberando infratores que cometeram crimes hediondos e acabam sendo “premiados” por um esdrúxulo instituto denominado “bom comportamento” (na prisão) ou outro ainda pior: “bons antecedentes”… Como diria meu pai, no caso do goleiro Bruno, “mal fica aquela que morreu”…

Aproveito para voltar ao tema tantas vezes aqui explorado, dos critérios de escolha dos ministros do STF. Bem sabemos que é disposição constitucional, mas que se mude então a Constituição. Não há a menor lógica na escolha dos ministros da Alta Corte ser feita pelo presidente da República (Executivo) e aprovada pelos senadores (Legislativo).

Trata-se de uma aberração até mesmo do ponto de vista humano, pois esse tipo de escolha estabelece, queiram ou não, um vínculo de gratidão mesmo que inconsciente entre as partes. Além de desnaturar o próprio princípio constitucional que reza que os Três Poderes da República são independentes e harmônicos entre si. Harmônicos, talvez. Mas, independentes?

Infelizmente, falta-nos aos brasileiros, em sua grande maioria, a coragem de afirmar de que falou Eça de Queiroz na sua obra A relíquia. O grande autor português de Póvoa de Varzim não se referia aos brasileiros, mas ao ser humano de uma maneira geral. Tenho por mim, pelo que tenho visto ao longo da existência, que aqui no Brasil exageramos na dose nesse quesito.

Observe o leitor, por exemplo, o absurdo desse açodado lançamento da candidatura de Lula da Silva às eleições presidenciais de 2018. O homem está enrolado com a Justiça e como esta é lenta – e mais lenta ainda em nosso país – é possível que dispute mesmo as eleições sem ainda se ter um veredito judicial sobre as suas culpas. E caso ganhe (uma vez mais) as eleições, passará automaticamente para a apreciação do STF, o que Dilma Rousseff tentou com a sua mal orquestrada nomeação para a Casa Civil, quem não se lembra?

Além dessa condição que nada abona o possível candidato, há toda a trama de apoio ao mesmo, começando por aquela duvidosa pesquisa feita recentemente pela CNT, que, segundo consta, não é nenhum instituto de prospecção popular. Lógico que daria Lula na cabeça, com mais de 30% das intenções de voto, funcionando como ponto de partida para a campanha que vem sendo cada vez mais alardeada por grupos contrários ao atual status.

Ainda nos últimos dias foi divulgado e bastante noticiado um manifesto assinado por vários simpatizantes da esquerda brasileira a favor de Lula de se declarar desde já candidato, o que nem seria preciso pedir, pois todos sabemos que, se não houver empecilho legal, o candidato único e eterno do PT será ele mesmo.

O que isso significa para o Brasil? Para nós, um enorme retrocesso. Sua obra em dois governos está aí para relembrar a tragédia que foi o seu governo, com destaque nesse particular para o segundo período. E, por que não, para a reprovável escolha da sua sucessora, outra tragédia elevada ao cubo.

O que acontece volta e meia com setores influentes da nossa coletividade, que aplaudem o reprovável em detrimento da correção de atitudes?

Será que somos mesmo um país de desmemoriados? Ou para alguns com determinados poderes e interesses, prevalece a abertura de horizontes do quanto pior, melhor?

A esperança, porém, reside na melhora dos mercados, mesmo diante de todas essas ameaças de retorno a um passado que a grande maioria dos brasileiros rejeita.

Na atividade publicitária, filha direta do marketing, a recuperação está sendo lenta, como em todos os demais segmentos da economia, mas perceptível e sinalizando para um crescimento gradual. Todos torcemos (ou quase todos) para que esse processo não retroceda, resistindo ao falatório dos pessimistas de plantão e incrédulos de nascença.

Somente com esse caminhar recuperaremos as 13 milhões de pessoas ainda desempregadas pela crise que nos assolou nos últimos tempos e que para uma minoria de desinformados, interesseiros e até mesmo de ingênuos, não passou de exagero da mídia conservadora.

 

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O Editorial desta edição é uma homenagem a Marcos Quintela, presidente do Grupo Newcomm, que detém a primeira colocação no ranking de agências do país pelo critério de faturamento.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK  e as revistas Marketing e Propaganda