Alê Oliveira

1. O senador Romário, que tanto encantou os brasileiros com o seu futebol-arte, prossegue sendo um craque na vida política nacional.

Há pouco, acusado pela revista Veja de ter conta bancária na Suíça, não fez por menos: tomou um avião e procurou o banco que teria emitido o extrato da “sua” conta-corrente no mesmo, cujo fac-símile foi reproduzido pela Veja.

Confiante de que era vítima de uma farsa, voltou com uma declaração do banco suíço de que aquele extrato era falso e ele, Romário, não possuía conta alguma no banco.

A revista Veja viu-se na obrigação de desmentir sua notícia e o fez com dignidade. Erros acontecem e algumas fontes, parecendo confiáveis, nem sempre assim são.

Pois esse mesmo senador Romário acaba de apresentar projeto de lei determinando que os jovens estudantes brasileiros tenham uma matéria a mais no seu aprendizado escolar: a Constituição Brasileira.

Achamos ótima a iniciativa do craque Romário, porque a maioria das pessoas em nosso país desconhece os ditames da Carta Magna e, por isso, se abstém de exigir mudanças em dispositivos absurdos, como o que determina que os integrantes do STF sejam indicados pelo presidente da República, passando em seguida para o crivo do Parlamento.

Se a própria Constituição abre seu texto estabelecendo que os Poderes da República são três: Executivo, Legislativo e Judiciário, independentes e harmônicos entre si, como pode depois determinar que os integrantes da mais alta corte do Judiciário sejam escolhidos pelo chefe de Estado (Executivo), submetendo-se depois a uma confirmação do Legislativo?

Além da contradição que o dispositivo contém, há a desconfiança por ele provocada: no caso de o STF ter de julgar a todo chefe de Estado (Executivo), sempre permanecerá a dúvida de que não haverá isenção suficiente para isso por parte no mínimo daqueles que foram nomeados pelo atual governante.

Temos a certeza que discutindo esses pontos controversos com os jovens em sala de aula, o futuro apresentará mudanças nessas disposições feitas propositalmente para servirem de válvulas de escape, como tem ocorrido em boa parte das decisões da Alta Corte ultimamente em nosso país.

2. Além desse tipo de aprendizado, os estudantes perceberão também que, em muitos pontos, a nossa Carta Magna estabelece proteções e liberdades aos governantes, a ponto de eles se confundirem como proprietários do Estado brasileiro, quando na verdade são apenas servidores.

Trocando-se esse conceito, também tão comum nos dias que correm, passaremos a evitar situações esdrúxulas como a que foi denunciada em audiência pública na última semana na CPI dos Crimes Cibernéticos da Câmara dos Deputados.

Nessa ocasião, o deputado Sandro Alex (PPS-PR) apresentou dados que, em sua opinião, comprovam que o governo federal e empresas de diversas áreas anunciam em sites considerados piratas. A exposição foi feita na presença do ministro-chefe da Secom, Edinho Silva.
O parlamentar identificou anúncios de programas como o Mais Médicos, de slogans como “Pátria Educadora” e de empresas públicas, como a Caixa e os Correios, em sites pornográficos e de download ilegal de filmes e músicas.

O deputado Sandro Alex, um dos sub-relatores da comissão, diz ter feito um levantamento nos 50 maiores sites de conteúdo ilícito do Brasil, que, entre fevereiro e julho deste ano, tiveram um bilhão de visualizações. Segundo o parlamentar, ao patrocinar um site criminoso, você está financiando o ilícito. Você pode ser solidário ao crime, afirmou o deputado, para quem a presença do governo federal e de marcas importantes do Brasil nesses sites, como Ford, TAM, Dell e Citröen, além da Caixa Econômica Federal e dos Correios, dão credibilidade ao ilícito.

Edinho Silva, da Secom, afirmou que o governo não tinha conhecimento dos fatos relatados na CPI, reconhecendo serem de extrema gravidade, mas qualificando o governo federal como vítima nesse imbróglio.

Edinho Silva prometeu que o governo tentará identificar e processar os responsáveis pela publicidade governamental nesses sites ilegais.

Segundo ele, a destinação das verbas é feita com base em critérios técnicos.

3. O projeto do senador Romário demorará para dar frutos, mas lá adiante fará com que os abusos diminuam tendo em vista um maior número de brasileiros passar a conhecer melhor e mais detalhadamente os enunciados da Carta Magna.

O projeto de Romário, se transformado em lei, será o seu maior gol de placa.

4. Repercutiu intensamente no mercado o resultado da pesquisa do Instituto Nielsen, realizada em 60 países, dentre os de maior poder econômico, indicando que a publicidade na TV, e em outras mídias tradicionais, tem mais credibilidade em relação ao meio digital.

A pesquisa foi manchete da última edição do propmark,
chamando o leitor para amplo esclarecimento sobre a sua metodologia em página interna dessa edição.

Aos poucos, a verdade vai sendo restabelecida: os novos meios não vieram para derrubar ninguém. Há espaço para todos e a convergência é o caminho natural de todos.

Já se disse aqui certa feita e pode ser repetido: nenhum tipo de mídia de massa desapareceu do mercado, mesmo as que surgiram em tempos imemoriais.

Não há dúvidas de que o novo, pela sua própria natureza, tende a chamar mais atenção quando surge.

Logo depois, porém, as coisas se ajeitam, diante da oportunidade da comparação mais duradoura entre o que já estava dando certo e o que se apresenta com essa promessa. Que nem sempre se cumpre na intensidade com que foi oferecida.

*Diretor-presidente da Editora Referência, que edita o propmark e as revistas Marketing e Propaganda