1. O encerramento do primeiro trimestre do ano promete alguma melhora na aplicação das verbas publicitárias já a partir de abril, segundo nossas fontes. Estas têm nos informado que a maior parte dos ajustes necessários para enfrentar o cenário de 2015 nas empresas, já foi feita. Agora é trabalhar com a realidade atual da nossa economia, na expectativa de que o início da prometida fase do bem pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, seja antecipado para um período mais próximo do atual.

Como se recorda, a previsão do ministro Levy elegeu o fim do ano para a reversão da crise. Como o Brasil por vezes surpreende, para o bem e para o mal, não pode ser descartada essa possibilidade.

Para que isso ocorra, porém, é necessário como fator indispensável que o mercado deixe de lado seus temores e volte a apostar no país.

Um bom exercício na ajuda de que isso possa ocorrer, é lembrar crises econômicas nacionais dos últimos 20 anos, considerando que em algumas delas o ambiente era tão sombrio quanto o que inundou este trimestre que está se encerrando.

No início das mesmas, as previsões eram igualmente pessimistas e, no entanto, fomos surpreendidos na maior parte delas com uma recuperação antecipada.

Um país com 202 milhões de habitantes resulta em um mercado que no mínimo, ao satisfazer suas necessidades básicas de sobrevivência, faz a economia se movimentar. É imperioso, todavia, que os mais altos escalões da República assumam sério e duradouro compromisso de fazer a sua parte, começando por integrar-se à dura realidade que atravessamos, em vez de dar a impressão de que vivem em outro país, quem sabe até em outro planeta.

Já se disse fartamente que a conta recaiu mais uma vez sobre pessoas físicas e jurídicas sem culpa alguma na instalação da crise.

Se essa assertiva já pertence ao passado e compulsoriamente a população assimilou goela abaixo o custo do desacerto na arte e ofício de governar, torna-se mais que necessário que o comando do país nele se insira.

O começo dessa postura pode se dar, porque não, por ouvir as ruas e suas manifestações e não desqualificá-las, como se nossos governantes estivessem ainda em campanha eleitoral.

Nesse sentido, as ruas – separadas com sabedoria e isenção as manifestações de integrantes profissionais que recebem cachê e ração fria para externar reivindicações – representam de forma concreta o pensamento da opinião pública nacional e suas aflições com o rumo das coisas na condução do país.

Se na última campanha eleitoral muito se mentiu a respeito do que seria a plataforma de governo, é chegada a hora de agir pensando naqueles 202 milhões de brasileiros impactados, alguns mais, outros menos (e é de se considerar que esses menos são menos ainda) por decisões anteriores erradas que devem, com urgência, merecer correção.

São mais que necessárias qualidades como humildade, ação e equilíbrio, devendo esta se estender de forma ainda mais ampla aos quatro cantos da nação.

2. Ao empresariado que atua no país – sejam brasileiros ou estrangeiros –, que aumente seu grau de colaboração na recuperação da economia nacional, aumentando sua confiança no Brasil.

Aguardar para ver como é que fica pode retardar a possibilidade de rápida recuperação, tornando as coisas ainda mais difíceis. A ruindade do momento é para todos e, mesmo que para alguns seja menos drástica, não se pode viver bem em um país onde a imensa maioria vai mal.

A ameaça de aumento do desemprego que ronda os trabalhadores pode significar o aumento da crise, gerando, por sua vez, o descontrole da situação. Não há nada pior para quem tem o emprego como única renda, amanhecer sem ter para onde ir. A isto podemos chamar de tributo do mal, com sérias consequências em escala.

Concordamos que o Brasil não merecia este momento, mas ele aí está e é nossa missão afugentá-lo. Missão de todos, independentemente de coloração política. Melhor deixar divagações – algumas utópicas – para depois, com estômagos se não cheios, mas ao menos atendidos, além de outras necessidades básicas minimamente preenchidas.

Quando a casa ameaça cair, todos os que nela habitam devem dar as mãos para recuperá-la. É isso que precisa e deve ocorrer.

3. Ao povo brasileiro deve ser dito que não desista do seu momento de cobrança. Como a maior parte da conta dos erros anteriores está sobre ele recaindo – a classe trabalhadora em geral –, que isso signifique o aumento do seu nível de exigência.

Uma simples comparação com países mais adiantados revela que chegaram a esse estágio porque sua população não se deixou resignar. Essa é a principal força que têm todos os habitantes do planeta e deve ser cultivada de forma permanente. Não há começo, meio e fim nesse exercício.

4. Nossos elogios para a campanha da Colgate, recomendando economizar água mesmo ao escovar os dentes. Exemplo de bom aproveitamento de uma oportunidade em meio à crise hídrica, por meio de uma ação cidadã.

5. Uma lágrima para Daniel Barbará, falecido na última quinta (26), deixando em saudade toda a coletividade publicitária brasileira.

*Presidente da Editora Referência, que edita o propmark e as revistas Propaganda e Marketing