Com a presente edição, dentre tantos outros assuntos relativos ao marketing e à propaganda, comemoramos o Dia do Mídia, verdadeiros cientistas da comunicação.

Enquanto os artistas (os criativos) deitam e rolam com as palavras, sons e imagens, os mídias assumem a responsabilidade inerente à sua profissão, transformando-se nos responsáveis pelo sucesso de uma peça publicitária isolada, ou de uma campanha com um sem-número delas.

Isso se deve à escolha certa do meio (veículo) que levará a mensagem até o consumidor final.

Daí nosso respeito por essa atividade profissional que, em tese, não pode errar nas escolhas que faz para que o anunciante se sinta recompensado pelo investimento feito, escolha da agência e aprovação de apenas uma peça ou campanha que deverá vender o seu produto ou serviço comunicado ao público.

Embora a atividade de mídia tenha a mesma importância de sempre, é de se notar a ajuda hoje prestada por todo o ferramental do online, o que ainda não havia em um passado recente.

Trabalhando pela primeira vez e ainda menor de idade em uma agência de propaganda (JWT), fui escolhido para ser o correspondente do setor com as demais unidades da agência (escritórios na maioria das vezes) espalhadas pelo Brasil, cabendo-me a responsabilidade da comunicação com as mesmas, uma das quais a remessa ou a espera de um material que deveria ser usado em um veículo local.

Foi nesse azafama do dia a dia que descobri um dos talentos da velha guarda, que sabia tudo de mídia, dentro dos parâmetros da época: Francisco Teixeira Orlandi, chefe de mídia da JWT, respeitadíssimo pelos contatos que representavam os clientes-anunciantes da agência e inclusive pelos próprios diretores dos anunciantes.

A vida depois me levou para outras agências, sempre procurando nesse início profissional o setor de mídia, dada a experiência que já havia adquirido na JWT.

E pude conhecer outros tantos profissionais que já eram famosos, ou ficaram pouco tempo depois de iniciarem no setor, pois possuíam aquele dom que a atividade publicitária exige de cada um que a ela se apega, ainda que não seja nos principais setores “fabricantes” de anúncios e campanhas.

Conheci os profissionais de mídia da Multi Propaganda, que não tinham exatamente um chefe, mas os seus componentes eram brilhantes (lembro-me de José Carlos Bittencourt) e sempre acertavam nos planos de mídia por eles elaborados para os clientes da agência.

Como não mencionar aqui um dos pais de todos, o profissional de mídia que fez a McCann crescer ainda mais em nosso país, quando assumiu a responsabilidade pela sua mídia, além de “secretariar” o presidente da agência, Jens Olensen, que tinha em Altino João de Barros – eis o homem – um conselheiro profissional e até mesmo particular, dada a sua experiência de vida adquirida com a sua capacidade em aprender.

Trabalhei depois em outras agências, pequenas, médias e grandes, pois minha principal questão era salarial, já que pertencia a uma família classe média – como se dizia na época – que precisava da minha contribuição salarial no orçamento doméstico da casa.

Vida dura? Não, nada disso. Vivi até então e tenho vivido uma vida saudável, de aprendizado constante, sempre fascinado pela atividade publicitária, uma atração permanente na minha vida profissional que bem cedo começou para mim.

Em outras agências que também trabalhei e sempre na mídia ou bem perto dela, pude conhecer pessoas fantásticas, que amavam a profissão com o amor das velhas penas.

Quando deixei as agências e ingressei no então Diário Popular para montar o seu departamento comercial que não existia (apenas um enorme balcão de anúncios da Rua do Carmo, nº 14, no então centro popular de São Paulo), pude rever a plêiade de chefes que tive nos departamentos em mídia em que trabalhei e os grandes colegas com os quais labutei, alguns me ensinando, outros já aprendendo de mim, por serem mais novos na profissão, essa verdade inconteste: por mais criativo que seja um anúncio ou campanha, por mais que a criação da agência tenha se esforçado em fazer o melhor, se a mídia errasse nas suas escolhas dos meios, o resultado não seria o mesmo esperado pelos clientes-anunciantes.

Aqui está, meus amigos leitores, um dos segredos básicos dessa atividade, hoje disseminado por todo o mercado: o casamento de uma boa peça ou campanha com uma mídia adequada que vai potencializar o esforço feito pela criação para chegar ao ideal de um bom trabalho publicitário.

Por isso, merecem elogios e cumprimentos neste dia em que se comemora a atividade de mídia os profissionais desse importante setor, que valoriza a essência do trabalho criativo.

Em outras palavras, uma peça ou campanha criativa deve sempre estar atrelada a uma mídia idem, sob o risco de não se atingir o pico de vendas desejado.

Daí, nossa capa da edição de hoje e sua matéria principal, além deste editorial, serem dedicados a esse profissional brilhante, meio publicitário e meio cientista, que costuma queimar seus miolos para fazer a coisa certa, ainda que hoje o aperfeiçoamento tecnológico o ajude bastante no seu trabalho.

Mas, tecnologia precisa de gente talentosa para apresentar bons resultados e nisso nossos mídias são craques.

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As inscrições para o Colunistas São Paulo de 2020, paralisadas devido à pandemia, estão reabertas a partir de agora, com os interessados devendo procurar a Nanny, secretária da regional de São Paulo da tradicional premiação (nanny@editorareferencia.com.br).

Algumas regionais conseguiram terminar seu trabalho de julgamento, mas em São Paulo foi impossível, por tudo o que passamos com a Covid-19.

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Imperdível (o editorialista garante) o livro Viagens Vinhos História (Roteiros e Recomendações), abrangendo África do Sul, Brasil, Chile, Estados Unidos, Espanha, França, Itália, Portugal e Uruguai, do acadêmico Milton Mira Assumpção Filho, membro da Academia Brasileira de Marketing e proprietário da M. Books do Brasil Editora (peça maiores informações pelo e-mail: vendas@mbooks.com.br).

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Tem início nesta segunda-feira (21) o Cannes Lions Internacional Creativity Festival, este ano full digital. Acompanhe diariamente pelo nosso online.