Alê Oliveira

Lembrando um grande caminhão com defeito na parte elétrica, o Brasil ameaça pegar, mas não pega. Quando tudo prometia estar resolvido com a mudança no comando do país em consequência das eleições de novembro, o que mais temos assistido é uma sucessão de desentendimentos entre os poderes da República e destes com segmentos importantes da população brasileira, daí resultando um Brasil diariamente em sobressalto, na iminência de uma crise que não chega a se configurar, porque logo depois é produzido outro sobressalto, chamando a atenção da opinião pública para si.

Já não restam dúvidas de que há uma manifesta má vontade contra o presidente Bolsonaro, pontificando nos motivos o fato de ter sua origem na carreira militar, embora dela tenha se afastado desde há muito.

Nesse julgamento prevalece um erro crasso, pois de há muito deixara o Exército, optando pela carreira política, onde completou cerca de 30 anos como parlamentar.

Além do mais, há que se reconhecer que sua eleição deu-se no segundo turno, competindo com um candidato que não deve ter prestado sequer o serviço militar obrigatório quando jovem. Queremos dizer com isso que o presidente Bolsonaro venceu e chegou onde chegou por força de uma maioria nas urnas, que não merece comparação – pelo menos sob esse viés democrático – com o sucedido nos idos de março de 1964.

Ainda na última semana, se havia errado em interferir na Petrobras, evitando o aumento no diesel, teve a humildade de reconhecer o que foi batizado de erro grosseiro por parte de alguns experts na matéria, voltando atrás por aconselhamento do seu ministro Paulo Guedes.

Não estamos aqui defendendo de forma irrestrita o presidente Bolsonaro, mas procurando expor uma análise de que o grosso das críticas a ele procede muito mais dos derrotados nas eleições, o que é muito natural, do que propriamente da população que nele acreditou, sufragando-o como presidente da República.

Isto posto, enquanto Bolsonaro luta para melhor entender as circunstâncias do seu cargo, desenrolam-se outras crises e muitas dificuldades que apresentam como consequência imediata o famoso stop and go na economia, gerando incertezas e inibindo grandes investidores internacionais de acreditar em nosso país. 

Já estamos próximos de fechar o primeiro quadrimestre do ano e o que se vê é ainda um quadro pouco animador, com os diversos segmentos da economia aguardando dias melhores, que ninguém pode prever com segurança quando ocorrerão.

Enquanto isso, lamentáveis demonstrações de egoísmo e até arbitrariedade pipocam nos outros dois poderes da República, com o Legislativo debatendo-se contra a reforma da Previdência, que até mesmo a garotada terminando o ensino primário já começa a entender que se faz necessária.

Como se isso não bastasse, o Judiciário, na sua expressão maior que é o STF, abre uma crise inteiramente desnecessária abdicando dos direitos de defesa nos quais seus membros são mestres, para uma insensata desforra contra o princípio constitucional da liberdade de expressão, que horroriza e ajuda a atravancar um pouco mais a economia, pela incerteza que o episódio gera a respeito das instituições.

O correto seria ignorarmos esses absurdos entreveros, mas isso é impossível devido à origem dos mesmos e à possibilidade de serem acelerados e repetitivos, como aliás tem acontecido. O mais grave desse comportamento é a incerteza que produz junto à opinião pública e os agentes do desenvolvimento, por provocar um clima de insegurança e de abuso de autoridade, condições intoleráveis para quem ousa investir.

A solução? Não sabemos. A impressão que temos é a de que entramos em um enorme buraco sem saída. É tamanha a incerteza que se apossa da maioria dos brasileiros, que até para redigirmos estas considerações lemos e relemos várias vezes percorrendo com redobrado cuidado o vernáculo, para que não sejamos as próximas vítimas da prepotência alheia.

Se isso significa a verdadeira democracia, ela precisa ser reinventada.

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Conhecido publicitário que prefere não ser aqui identificado indagou-nos recentemente sobre por que os famosos empresários publicitários da geração anterior a atual conseguiam interferir no marketing dos seus clientes-anunciantes, a ponto de mudar suas rotas a serem percorridas e terem grande influência no desenvolvimento dessas empresas.

O ponto central desse questionamento, resumindo, refere-se à grande intromissão das agências, duas ou três décadas atrás, no marketing dos seus clientes, orientando-os para o rápido sucesso e a sua manutenção.

Segundo o nosso observador, ele também um empresário do meio, hoje isso não mais ocorre e aí reside o ponto do seu questionamento: se estava dando certo, por que mudou?

Para nós é uma questão aberta, cada leitor interessado que viveu essa época não tão distante, onde as agências de propaganda tinham mais autonomia e poderes sobre as contas que atendiam, pode se manifestar aqui neste espaço.

Uma primeira opinião de nossa responsabilidade é a de que os clientes evoluíram, não se ocupando apenas da produção e venda dos seus produtos ou serviços, mas também dessa palavra mágica que não aceita tradução direta para o português e que se escreve marketing.

O desenvolvimento dos mercados em geral fez com que os empresários dos diversos setores do mercado procurassem se aprofundar melhor nessa transformação cuja semente foi plantada no chamado pós-guerra (1945), mas que teve outros fatores a ela agregados, com destaque para o avanço da tecnologia industrial e, para nós, das comunicações, época em que o fenômeno televisão deu grande impulso à distribuição do conhecimento.

As empresas se fortaleceram com o aumento do cabedal de conhecimento dos seus dirigentes e isso refletiu sobretudo na abrangente área do marketing, dando início embora lentamente à diminuição do que antes era atribuição obrigatória ou até mesmo voluntária dos agentes publicitários.

Esse avanço consolidou o comportamento das empresas anunciantes, diminuindo em consequência a influência “marqueteira” das agências, que passaram a se agarrar mais no que de melhor faziam e cada vez mais sabem fazer: comunicação publicitária, que hoje requer incalculável expertise, tendo em vista o crescimento digital e a mutação inexorável do analógico para o mesmo.

 

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Encerradas as inscrições para o Marketing Best 2019, esta semana o júri formado pelos membros da Academia Brasileira de Marketing, presidida pelo nosso colaborador Francisco Madia de Souza, escolherá os cases vencedores. A divulgação será feita no fim da próxima terça, dia 23, no online do PROPMARK.

A cerimônia de entrega dos troféus às empresas responsáveis pelos cases vencedores ocorrerá na noite de 21 de maio, no Tom Brasil, encerrando com show dos Titãs.

Nessa ocasião, receberá também seu prêmio de Marketing Citizen do Ano a presidente-executiva da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes), Sandra Martinelli.

 

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A agência VML, presidida por Fernando Taralli, fechou acordo com o PROPMARK para patrocinar com exclusividade a cobertura do Cannes Lions 2019, pela nossa equipe de jornalistas. O patrocínio compreende o online e o impresso do nosso
jornal.

 

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Nesta terça (23), na Livraria da Vila (Alameda Lorena, 1.731), a partir das 18:30 horas, Antoninho Rossini lançará e autografará seu mais recente livro, Mano Véio, contando a trajetória de Amorim Filho, maior divulgador das manifestações culturais nordestinas em todo o Brasil.

Antoninho Rossini foi editor do PROPMARK, ainda em sua primeira fase, sob o antigo título de Asteriscos.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda (aferrentini@editorareferencia.com.br).