Campos: sem mudanças, país vai perder o que conquistou com muito custo

 

Pré-candidato à presidência da República, Eduardo Campos (PSB) reuniu-se nesta segunda-feira (26) com empresários em São Paulo para apresentar suas propostas para quatro grandes setores da economia: agronegócio, energia, varejo e exportações. O encontro foi organizado pelo jornal O Estado de S.Paulo e pela agência de reputação corporativa Corpora.

Um dos temas que dominou o encontro foi a necessidade de uma reforma política. Campos criticou o “presidencialismo de coalizão” [que demanda diversas coalizões partidárias para governar] e disse que, se eleito, vencerá a prática por meio de um “debate problemático”. “Distribuir pedaços do governo para os partidos é uma prática que não existe em nenhum lugar do mundo. Precisamos discutir setor a setor, da educação à saúde, com os parlamentares que tenham essa mesma agenda”, disse.

Campos frisou que o problema não está no Congresso, mas sim na falta de diálogo e ressaltou que o modelo atual de governança política “é insustentável”. Para ele, a presidente Dilma, ao invés de romper com tal padrão de gestão, “se enredou nos novelos da velha política”. “Não iremos melhorar se não rompermos esse modelo”, apontou.

O ex-governador de Pernambuco disse que a reforma política precisa ser a primeira mudança no próximo governo. “Não iremos resolver o problema de governança se não resolvermos o problema político. Ou fazemos as mudanças necessárias ou o país vai perder o que conquistou com muito custo”, disse.

Campos fez ainda comentários duros na área de energia e disse que o setor energético vive “uma ditadura”. “A situação na área de energia degradou-se. Abandonou-se a ideia de um conselho que havia nesse setor e as decisões passaram a ser tomadas por uma ou duas pessoas”, disse. “Nossa matriz de energia renovável foi abandonada, houve redução da tarifa de energia sem olhar a lógica da oferta e da demanda. Há uma crise em todo o setor”, enumerou.

O pré-candidato também criticou os rumos dados à Petrobras, que tem sido alvo de ingerências políticas. “A ideia de fazer política macroeconômica com estatal tem deteriorado suas contas”, afirmou. “Precisamos de um comando técnico novamente na Petrobras”, defendeu. Sobre o consumo, um dos motores do crescimento do país na última década, mas que tem alimentado a inflação, Campos disse que não pretende resfriá-lo. “O consumo pode continuar tendo papel importante na economia”, afirmou. “Precisamos proteger a renda das famílias”.

No agronegócio, o presidenciável disse que Marina Silva, candidata à vice-presidência, não irá representar dificuldades para o setor. “Seguiremos investindo em ciência e inovação e iremos mostrar que as empresas do país estão comprometidas com a sustentabilidade”, disse. Ele disse que quaisquer questões com o segmento “serão resolvidas por meio do diálogo” e que a presença de Marina na presidência fará bem para a imagem do agronegócio brasileiro. “É bom para o país no cenário internacional ter uma pessoa como a Marina no governo. Uma agenda sustentável fará bem para o setor”.

O pré-candidato defendeu, além de uma reforma institucional política, uma reforma macroeconômica, para “retomar a confiança”. “Momentos pendulares do governo quebraram a confiança do mercado. Maquiagem das contas, falta de compromisso com o centro da meta, inflação alta, um Banco Central sem independência… precisamos deixar claro o que o Brasil está fazendo, quais são suas escolhas”.

Para Campos, a insatisfação presente no país é decorrente de sinais ruins da macroeconomia, que “começam a ser sentidos pela população”. “Há um incômodo generalizado. A sociedade brasileira vinha relevando alguns problemas, como o paternalismo, pelas melhorias que sentia em curso. Com o fim dessas melhorias, cresce a insatisfação”, afirmou.