Depois de 34 anos de uma bem sucedida carreira em agências, onde chegou a diretor de criação de F/Nazca S&S, Y&R e Africa, além de presidir o CCSP (Clube de Criação de São Paulo) e ser jurado da área de Press & Poster (hoje dividida em Press e Outdoor) do Cannes Lions, em 2000, Eduardo Martins resolveu dar uma pequena mudança em sua trajetória profissional. Ele irá continuar trabalhando para grandes agências e anunciantes, mas agora, atrás das câmeras, como diretor de cena da Delicatessen Filmes. Na nova casa Martins fará dupla com Vitor Amati, fotógrafo e diretor de filmes, há três anos na produtora.
Diretor de arte por formação, o profissional diz que após mais de seis anos de Africa (de onde saiu em outubro de 2012) resolveu dar um tempo do dia a dia das agências. “Gosto muito de propaganda e com ela formei muitos amigos. E essa mudança permite com que eu continue convivendo com as pessoas que eu admiro. Apenas em outro momento do processo”, diz.
Martins diz que não foi apenas a vontade de dirigir comerciais que o levou a optar pela nova carreira. “Sempre gostei também do lado técnico da produção. Leio sobre finalização, em reuniões gostava de conversar com os profissionais que estão por trás da concepção de um filme”, diz, lembrando que um passo que ajudou na escolha foi um filme que dirigiu recentemente. “O Flavio Waiteman (sócio e vice-presidente de criação da Master Roma Waiteman) me convidou para dirigir um comercial para o Grupo Positivo, que iria ser veiculado apenas no Paraná. E o resultado ficou bem bacana. Logo depois veio o convite do Mario Peixoto (sócio da Delicatassen) para atuar ao lado do Vitor, que eu já conhecia de outros trabalhos em conjunto”.
A nova função, inclusive, já está em andamento. Nesta semana, Martins dirige as filmagens de um comercial da Kopenhagen para a DM9DDB. Para ele, um dos diferenciais que pode levar para trás das câmeras é o conhecimento que tem da relação entre agência e cliente. “Além de conseguir entender o que o anunciante pensa, sei também o que o criativo pensa em relação ao cliente. E com isso posso até colaborar com o roteiro, sugerir pequenas mudanças — algo que nem sempre é bem recebido pelos criativos, mas que pode ser vindo de alguém que passou mais de três décadas na função”, acredita, porém, dizendo que ainda tem muito a aprender. “Apesar de experiente, me sinto um pouco estagiário. Só espero não estragar o roteiro dos amigos”, brinca.