A importância da educação para o crescimento do país está até no novo slogan do governo federal, lançado no início deste ano: “Brasil, pátria educadora”. Apesar de ainda haver muito para evoluir na questão, a educação no Brasil mudou completamente nos últimos anos.
Depois de séculos, o ensino superior deixou de ser um sonho distante para a maioria da população e passou a fazer parte dos planos dos jovens também da classe C. De acordo com Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em 2013, o total de alunos na educação superior brasileira chegou a 7,3 milhões. Entre 2003 e 2013, o número de alunos que ingressaram nos cursos de graduação aumentou 76,4%.
Para Marcelo Pontes, líder da área de marketing da ESPM, uma das principais mudanças no setor foi que ele se transformou em um mercado. “A educação virou um negócio. Antes ela era vista como algo missionário”, fala Pontes.
Esse caráter missionário da educação no país é histórico. Foram os jesuítas, vindos com os colonizadores no século 16, que fundaram os primeiros colégios, com o principal objetivo de catequizar os índios. No século 18, os jesuítas foram expulsos do país e, então, foi instituído o ensino laico e público. Foi apenas no século 20 que a inclusão no ensino fundamental começou a acontecer. A partir da década de 1920, iniciou-se a discussão sobre a importância da educação para o desenvolvimento do país.
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Na busca por novos clientes, a comunicação tem um papel muito importante para as instituições de ensino. “Nas escolas de ensino fundamental e médio, ainda há um pouco mais de cuidado para abordar o tema. O ensino superior todo mundo entende como um negócio. Mas têm algumas atitudes bem questionáveis sob todos os pontos de vista”, pondera o professor. De acordo com Pontes, um posicionamento a respeito da qualidade dos cursos, por exemplo, poderia ser mais objetivo, exemplificado com números. “Às vezes, vejo algo bem próximo da propaganda enganosa. Oferecer graduação em paralelo com MBA ou simultaneamente à pós, por exemplo”, diz.
Embora a qualidade da nova educação seja questionada em alguns casos, para o professor é melhor promover o estudo do que manter a pessoa em casa. “O problema é que algumas ações de comunicação prometem algo que não será entregue, como uma carreira vitoriosa”, conta.
Além disso, apesar de ser vendida como um produto, a educação não pode ser avaliada como qualquer outra peça adquirida no varejo. “Uma TV, eu compro e instalo. Vejo na hora o que me venderam. Na educação, não. Eu tenho de pagar cinco ou seis anos de faculdade”, explica.
O marketing é um indicativo de que existe disputa de mercado e isso obriga as empresas a fazerem seu melhor sempre. “Esse cenário obriga as empresas a repensarem seus negócios. Essa postura de ‘eu ensino tudo para todos’ não dá mais. Tenho de trazer essa mudança e dar alguma ideia de como o aluno vai buscar o aprendizado”, conclui.
Novos tempos
A tecnologia também está transformando as salas de aula. Hoje tablets e computadores estão aliados ao material tradicional. “A modernização está acontecendo na esfera privada das escolas. Mas não é simplesmente ter uma sala melhor. É investir em métodos pedagógicos. Não adianta ter computadores se o professor não está treinado para usá-lo”, afirma.
O ensino a distância também ganhou com a chegada da tecnologia. Se antes eram usadas apostilas enviadas pelo correio, hoje o material chega pela internet e permite maior interação.
Mesmo as escolas que não usam a tecnologia estão tendo de aprender a lidar com essa linguagem. A geração que está nas salas de aula nasceu sob o efeito do digital. Para eles, a tradicional sala não faz sentido. “Uma coisa era a sala de aula sem internet. Hoje o aluno entra na escola e está conectado com o mundo. Se mudou o estudante, tem de mudar o serviço”, opina Pontes.
Mesmo quando não havia a web, um professor diferenciado sempre foi mais valorizado, como retrata a ficção em filmes como “Ao mestre, com carinho” e “Sociedade dos Poetas Mortos”.
O professor destaca que o ideal é usar o conceito de aprender a aprender. “É muita pretensão dizer ao aluno o que vai acontecer quando ele estará saindo da faculdade. Temos de aprender a lidar com a incerteza”, fala.