“Psicopata Corporativo” é o livro que Amália Sina lança no dia 9 de abril em São Paulo, com prefácio do filósofo e escritor Mario Sergio Cortella. Professora, palestrante e gestora experiente, Amália foi presidente da Philip Morris e da Walita no Brasil, entre outros cargos de liderança, e depois lançou sua própria empresa, Sina Cosméticos. Tem 30 anos de carreira e decidiu escrever o livro por ter se deparado, ela própria, com pessoas perversas em diversas ocasiões no ambiente de trabalho. ” É quase impossível uma pessoa passar pela vida profissional sem encontrar pelo menos um psicopata no seu ambiente de trabalho.”, diz. Confira abaixo os principais trechos da entrevista que a executiva concedeu ao PROPMARK!
Quem é, exatamente, o psicopata corporativo?
De forma resumida, psicopata é aquela pessoa desprovida de sentimento de culpa, misericórdia e compaixão pelo seu semelhante. São seres doentes de corpo e alma que por onde passam deixam rastros de sua malignidade e destruição. Não estou me referindo aos psicopatas de seriados de TV, chamados na maioria das vezes de “serial killers”, estou me referindo no meu livro àquelas pessoas que destilam seu veneno e ações perversas dentro do ambiente de trabalho. Os psicopatas são pessoas dissimuladas, cativantes até, verdadeiros atores e, portanto, é difícil detectá-los. Quando em ação, escolhem seus alvos para extrair deles o que for possível para seu próprio benefício. Uma pessoa vítima de um psicopata estará à mercê de suas maldades e perseguição, o que a levará, em muitos casos, a perder seu emprego e sua saúde. O psicopata corporativo é um câncer dentro da empresa.
Como nasceu a ideia de escrever um livro sobre os psicopatas corporativos?
A ideia de escrever sobre os psicopatas no ambiente de trabalho, contando algumas passagens reais de uma carreira de 30 anos, surgiu a partir da minha vasta experiência dentro de grandes, médias e pequenas corporações, onde pude presenciar fatos que se demonstraram perigosos para a vida das pessoas de bem. Eu mesma, vítima de vários psicopatas, me vi diante de situações limites que prejudicaram minha performance e até minha saúde. Graças a muito apoio psicológico, estudo e minha família, sempre consegui conviver com os psicopatas, de diferentes idades e níveis hierárquicos. Tive o desprazer de me reportar à alguns psicopatas, com os quais aprendi a ler relativamente bem a mente destes seres malignos. Mas não somente os chefes, mas tive subordinados e pares também revestidos de perversidade. Um outro motivo que me levou a escrever este livro foi o fato de ter ouvido inúmeros relatos de pessoas vítimas de psicopatas no ambiente de trabalho. Como professora de cursos de mestrado, palestrante e consultora de diferentes segmentos, pude perceber que esse tipo de gente vem causando muitos danos físicos e morais dentro das organizações. Senti que cabia um livro sobre o tema, até porque há pouca literatura que aborde o assunto sob esse prisma.
Você conheceu muitos ao longo da sua carreira? Pode contar alguma história?
É quase impossível uma pessoa passar pela vida profissional sem encontrar pelo menos um psicopata no seu ambiente de trabalho. Quanto maior for seu sucesso pior pode ser a situação para a investida do psicopata. No meu caso não foi diferente, também sofri represálias. Uma das passagens mais marcantes que me marcou para sempre foi a que segue abaixo: “Amalia, diga ao CEO que temos que fazer a mudança da matriz, é tudo que precisamos neste momento”, me disse meu chefe certa vez antes da chegada do homem mais importante de nossa hierarquia mundial. Foi o que fiz na reunião que acontecia no Brasil, enfatizei a importância da mudança de local da matriz. Foi uma catástrofe, fui execrada, contestada e prejudicada. Depois do término da reunião, fui informada por um dos meus pares que aquele tinha sido o pior comentário para eu fazer pois todos sabiam que ele, o CEO, não queria a mudança da matriz e que já havia decidido manter o local atual. Ou seja, fui guiada por meu próprio chefe a enfatizar toda a minha estratégia numa nova localização da matriz. Pior, na própria reunião, meu chefe não me apoiou dizendo que talvez eu devesse rever minha estratégia. Aquele gesto me prejudicou nas promoções seguintes e minha imagem ficou arranhada. Como alguém na minha posição não sabia da importância de se manter a localização atual? Foi a pergunta final do CEO para mim. Este meu chefe tinha tudo que, em geral, um psicopata tem, falsa humildade, voz mansa e calma, trajetória meteórica, fácil trânsito nas grandes esferas, articulação esmerada e poder de sedução. Ninguém jamais diria que ele era um ser do mal, um psicopata. Mas logo descobri outras pessoas que ele havia prejudicado.
Onde há mais psicopatas corporativos – em empresas pequenas, médias ou grandes?
Psicopatas não escolhem lugares para desenvolver sua capacidade de destruição. A doença, sem cura, está nas pessoas e não nos ambientes específicos e nem no tamanho das empresas, e nem tampouco no tipo de segmento de atuação das corporações. É claro, entretanto, que um ambiente tóxico repleto de alta competitividade e pressão por resultados pode desencadear mais rapidamente a atuação dos psicopatas. Mas, não se engane, eles estão em todas as empresas, disfarçados, mas presentes.
Ao longo dos anos, o que mais se transformou nos ambientes corporativos, ampliando as possibilidades de proliferação ou inibindo a atuação desses chamados psicopatas corporativos?
A liderança das empresas tem um discurso politicamente correto no sentido de demonstrar repugnância frente as ações dos psicopatas. Entretanto, não possuem efetivamente, ferramentas para detectar os estragos que estão sendo feitos ao longo do tempo na vida das pessoas. Muitas vezes a empresa só descobre ações devastadoras quando já ocorreram, ai já é tarde demais. Nem toda empresa é alheia ao que acontece em seu ambiente de trabalho, mas a grande maioria não consegue detectar os psicopatas pois são dissimulados e verdadeiros atores do mal. Muito tem sido feito para banir comportamentos que destroem ambientes, mas está longe de se ter a solução.
Onde e como comprar o livro? Lançamentos em SP, pelo Brasil?
Tenho o privilégio de ter meu livro através de uma das mais competentes e criativas Editoras do Brasil, a Editora Évora, que na pessoa do editor chefe, Henrique Farinha, deu grande brilho à obra. O livro tem uma capa muito impactante e um projeto gráfico de primeira. Já está a venda nas principais livrarias do Brasil, entre elas a Saraiva, a Amazon Books e a própria Editora Évora. Em princípio o lançamento está previsto apenas para São Paulo mas não descartamos lançar em outras cidades. Sou palestrante e vou focar bastante neste tema já que tenho certeza que é um dos mais relevantes para o sucesso das pessoas e das empresas. Por que não dizer, do nosso país?