Um dia, há muito tempo, para esquentar um ferro de passar roupa era preciso ter fogo, fazer brasa e colocar dentro de um equipamento pesado para, assim, conseguir tirar o amassado de uma camisa, por exemplo. Mas cenas como essa ficaram no passado, não existem mais há anos. E tudo começou por conta da eletricidade, considerada no século 19 uma grande modernidade.
Em 1881, Paris sediou a Primeira Feira Internacional de Eletricidade, exibindo surpresas como o telefone e o automóvel elétrico. A partir daí abriu-se o caminho para essa tecnologia fazer parte do cotidiano das pessoas. No entanto, não existiam equipamentos aptos para carregar essa nova tecnologia. Foi assim que as empresas que forneciam energia elétrica pensaram em criar um novo segmento de produtos, com o objetivo de difundir a novidade e aumentar o consumo.
Já no Brasil, os eletrodomésticos passaram a ser usados na década de 1920, quando a CBE (Companhia Brasileira de Eletricidade) anunciou os aparelhos elétricos para uso domésticos. A marca, à época, era a Protos. Chegava ao fim a era dos ferros à brasa. Mas a consolidação desses produtos no país veio mesmo depois da Segunda Guerra Mundial, quando a produção dos eletrodomésticos no país ficou mais forte.
Com o tempo, porém, os eletrodomésticos foram aprimorados e as suas funções tiveram de ser adaptadas às necessidades dos consumidores. Os aparelhos ganharam formas modernas e desenhos mais caprichados. A televisão, por exemplo, que veio como um “substituto” do rádio, era movida a válvula, pesada e a imagem era em preto e branco – tudo isso sem falar na definição, que era um tanto quanto precária. Hoje, as TVs são finas, leves e donas de uma definição quase realista.
Outro exemplo de evolução é o fogão, considerado como um dos eletrodomésticos mais antigos. Ele já foi feito de barro e precisava de lenha para aquecer, cenário este que começou a mudar com a Revolução Industrial, que fez com que os fogões funcionassem à base de outros combustíveis, como o gás, que existe até hoje.
E as geladeiras? Elas foram criadas em 1856, quando uma fábrica australiana de cerveja contratou James Herrison para elaborar um sistema que fosse capaz de refrigerar e manter a temperatura do produto baixa, usando o princípio da compressão a vapor. Já em 1854, foi feito o primeiro sistema refrigerador para a indústria de carnes, em um frigorífico de Chicago.
Com o passar dos anos, a geladeira ganhou novas funções. Atualmente, esse eletrodoméstico deixou de ser apenas um meio para conservar a temperatura dos alimentos – elas têm tela em HDTV, podem ser conectadas à TV a cabo e são capazes de avisar quando um determinado alimento está acabando.
INOVAÇÃO
A Brastemp, um dos principais players do segmento, comemorou, no ano passado, 60 anos de história e a inovação foi o mote da série de atividades que a marca fez em comemoração à data. Em 2014, por exemplo, a empresa lançou produtos como o refrigerador Brastemp Side Inverse, primeira geladeira que se conecta ao smartphone via Wi-Fi e envia lista de compras, e o fogão Smart Cook, que prepara mais de 40 receitas pré-programadas e avisa, via smartphone, sobre cada etapa da preparação, sem que o consumidor precise ficar ao lado do fogão o tempo todo.
A Brastemp também inovou com a B.blend, a primeira máquina de bebidas all-in-one do Brasil, que prepara bebidas quentes e geladas, com e sem gás, por meio de cápsulas, ao toque de um botão. “Um produto, para ser considerado inovador, deve ser único, relevante e ter um impacto significativo na vida das pessoas. Há 60 anos, a Brastemp traz inovações que antecipam soluções relevantes para os lares, resultado do conhecimento profundo de seus consumidores e da sua natureza de inovar, sempre estabelecendo novos padrões”, afirma Pethra Ferraz, diretora de marketing da Whirlpool Latin America.
A inovação, conta Pethra, faz parte da visão e do propósito da empresa. “Toda tecnologia empregada deve colaborar com uma evolução na vida dos seus consumidores, seja num simples delegar um item sujo a uma lava-louças que vai entregar como resultado final uma taça brilhante, ou preparar uma bebida na temperatura ideal com o apertar de um botão”, diz.
Foi com base nesse conceito que a Brastemp lançou, por exemplo, o fogão Ative Smart Cook, que traz uma interface touchscreen e a possibilidade de fazer o download de receitas, usando o aplicativo Brastemp Club, e enviar para o Smart Cook que passa a sincronizar as informações da receita, alterando as temperaturas de acordo com as etapas de cozimento e enviando notificações sobre as etapas de preparo para o smarthphone, desde que ele esteja conectado à mesma rede Wi-Fi do fogão.
A Panasonic é outra marca de eletrodomésticos que também zela pela inovação. Para Renata Assis, gerente-geral de marketing da Panasonic, a cultura corporativa da empresa busca o progresso da sociedade em todas as suas atividades e negócios. “A marca é pioneira em diversas tecnologias e está entre as empresas globais que têm maior número de patentes, sendo detentora de milhares”, diz Renata.
Um exemplo recente dessa inovação da marca é a lavadora de roupas que tem uma melhor eficiência de lavagem e baixos índices de consumo de água e energia. “Na linha marrom, a companhia lançou recentemente o telefone sem fio KX-PRW110LBW, que conta com interface Wi-Fi que conecta até quatro smartphones ou tablets e pode servir de replicador de sinal Wi-Fi, aumentando o alcance do sinal de internet emitido pelo roteador. Em breve também teremos uma pilha livre de metais pesados”, destaca.
Para a executiva, “inovação é criar uma vida e um mundo melhores para os seus clientes, oferecendo produtos e serviços que proporcionam maior qualidade de vida, que consomem pouca energia e água e que são produzidos com o menor impacto possível na natureza”. Já em relação aos próximos 50 anos, Renata acredita que a inovação terá outros “ingredientes”. “Imagino a marca como um dos sinônimos de inovação para uma vida melhor para o consumidor e o mundo, mais sustentável e tecnológica”, diz.
CAMPANHAS
Falar de eletrodomésticos no Brasil também é lembrar campanhas memoráveis de marcas como a Brastemp. Quem nunca ouviu os bordões “Não é uma Brastemp” ou “Não tem comparação”, que foram desenvolvidos pela Talent na década de 1990 e conquistaram prêmios importantes, como um Leão no Festival de Cannes.
Divulgados em revistas e na televisão pela dupla de atores Arthur Kohl e Wandi Doratiotto, esses slogans viraram expressões de uso nacional, o que fez com que a marca se transformasse em sinônimo de qualidade. A campanha teve desdobramentos e sua última fase foi veiculada em 2003, com a interpretação de Luiz Fernando Guimarães, Fernanda Torres e Andrea Beltrão.
O objetivo principal da campanha era apresentar os produtos que não tinham comparação no mercado. A tática funcionou muito bem por mais de dez anos. As vendas dispararam e a marca tornou-se sinônimo de qualidade, mesmo sem a propaganda dar qualquer justificativa técnica para isso.
Já nos anos 2000, a marca lançou outra campanha. Batizado de “Lado B”, o comercial buscou reforçar o conceito já utilizado pela marca, o “Brastemp. Seja autêntico”. A campanha utilizava suas peças para convidar os consumidores a despertarem seu “lado b”, dando maior importância a seus hobbies, ao senso de humor e à liberdade de expressão. O objetivo da marca era se aproximar dos clientes, transferindo a eles sua autenticidade para que possam aproveitar a vida de forma completa.
Uma das últimas campanhas da marca aconteceu no ano passado. A Brastemp estava comemorando 60 anos e lançou o mote “#vivaofuturo”, que reforçava o conceito de inovação adotado pela marca e reafirmava sua expertise como empresa de soluções inovadoras para a casa dos consumidores.